Em um artigo recente, publicado neste site, alertamos sobre “A cautela e o real desmatamento da Amazônia”. Não existe nenhum mérito neste artigo em matéria de previsão, pois o que se disse foi que a sociedade deveria olhar com mais atenção e cautela sobre os índices de diminuição de desmatamento divulgados pelo governo com alarde e alegria. Órgãos do governo e a mídia, precipitadamente, correram a divulgar a notícia como um feito grandioso – esse sim, cheio de mérito – e até mesmo, permanente.
Para quem conhece (ou estuda) um pouco a História do Brasil, saberia que os pouco mais de 500 anos de existência do país (pelo menos na história ocidental, não contando os “naturais” que aqui já estavam, claro), foram, sem dúvida, constituídos a mercê e sorte da Mata Atlântica e parte da Amazônica. Os chamados “ciclos econômicos” (ou como queriam interpretar) da História do Brasil nos mostram essa realidade: que o desmatamento e a utilização dos recursos naturais do país são de uso sistemático, predatório, perdulário e histórico.
No passado o Estado de São Paulo (final do século XIX, início do XX), por exemplo, teve durante o período cafeeiro de sua economia (para nós foi uma das maiores intervenções na paisagem natural da história humana) alguns defensores da melhoria do plantio de cafeeiros e a melhor utilização dos solos, florestas, etc. Queriam implantar o que chamavam de “Moderna Agricultura” em oposição à “Agricultura Tradicional”, a derrubada e queimada de largos espaços florestados para o cultivo econômico, também chamado de coivara.
O fato a que se assiste no presente não é tão diferente do passado. Primeiro surgem os madeireiros que exploram as árvores de madeiras mais nobres e, portanto, mais valorizadas e caras, depois vem os pecuaristas e fazendeiros, derrubam a floresta, queimam, e lá está o campo desbravado, semi-pronto para a sua utilização comercial.
É neste sentido que toda a sociedade deve se orientar, falta educação (em todos os níveis, também, de educação ambiental), consciência, fiscalização, recursos humanos e financeiros, vontade política, e um mundo de problemas que fazem do meio ambiente, em diversos lugares, ser um assunto de segunda ou terceira importância. Dados como os de janeiro último, que entre julho de 2006 a julho de 2007, 11 mil quilômetros quadrados (novo recorde do período) de florestas foram devastados na Amazônia deveriam estarrecer políticos, mídia e a todos os cidadãos – deve-se acreditar na reunião de emergência do presidente do país sobre a questão?
Assim, é bastante oportuna e pertinente a leitura do livro do historiador Warrean Dean: “A Ferro e Fogo: A história e a devastação da Mata Atlântica” (o historiador é americano), onde em suas conclusões salienta que os livros didáticos e manuais de história aprovados pelo Ministério da Educação deveriam começar com a seguinte frase: “Crianças, vocês vivem em um deserto; vamos lhes contar como foi que vocês foram desertadas”.
Por Amilson Barbosa
Colunista Brasil Escola
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