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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A origem mítica de Roma


O encontro dos pastores com os gêmeos: um dos episódios do mito de fundação de Roma.


Atualmente, as fontes históricas que dão conta das origens de Roma contam com um arsenal limitado de informações. Do pouco material disponível, levanta-se a hipótese de que Roma teria sido formada em meio à aliança dos povos latinos e sabinos contra as invasões do povo etrusco. Em contrapartida, o historiador romano Tito Lívio, no livro História de Roma, e o poeta Virgílo compartilham de outra tentativa de explicação para o assunto.

Para ambos, a origem de Roma esteve vinculada com a lendária destruição que os gregos promoveram à cidade de Troia, em 1400 a.C.. Nessa época, o herói Eneias – graças à proteção dos deuses Júpiter e Vênus – fugiu para a região da Península Itálica e ali fundou a cidade de Lavínio. Tempos depois, Ascânio, filho de Eneias, realizou a fundação do reino de Alba Longa.

Em dado momento, a prosperidade alcançada pelo reino de Alba Longa despertou a cobiça do ambicioso Amúlio, irmão mais novo do rei Numitor. Para assumir o trono no lugar de seu irmão, Amúlio organizou um golpe que lhe garantiu a posse do trono de Alba Longa. Além de aprisionar Numitor, o novo rei de Alba Longa confinou a princesa Rea Sílvia e a condenou à castidade. Observando tal situação, o deus Júpiter desposou a princesa aprisionada, que ficou grávida dos gêmeos Rômulo e Remo.

O nascimento de dois descendentes de Numitor poderia colocar em risco a hegemonia de Amúlio sob o reino de Alba Longa. Por isso, assim que as crianças nasceram, ordenou que ambas fossem lançadas nas correntezas do rio Tibre. O plano de morte dos recém-nascidos acabou não funcionando, pois ambos foram encontrados às margens do rio por uma loba que ofereceu seu próprio leite às pequenas crianças. Logo em seguida, um camponês de nome Fáustulo e sua mulher cuidaram de Rômulo e Remo.

Quando os irmãos haviam atingido a idade adulta, o jovem Remo acabou sendo preso pelo rei Amúlio depois de entrar em atrito com pastores vizinhos à sua propriedade. Perturbado com a prisão de seu filho de criação, Fáustulo contou para Rômulo que ele e seu irmão eram os verdadeiros descendentes do trono de Alba Longa. Enfurecido pelo desvendamento da verdade, Rômulo foi até o palácio, libertou o seu irmão, matou o rei Amúlio e libertou o seu avô Numitor.

Após devolverem a Coroa ao seu ascendente, os irmãos tiveram permissão para fundarem uma nova cidade às margens do rio Tibre. Após decidirem a região a ser ocupada, os gêmeos se dirigiram às proximidades do montes Aventino e Palatino. Remo tomou para si o monte Aventino depois de observar seis abutres sobrevoando o seu monte. Logo depois, Rômulo foi indicado como o abençoado dos deuses ao ter observado doze aves próximas ao monte Palatino.

Depois que recebeu a distinta bênção das divindades, Rômulo cavou um sulco que separava seus domínios do seu irmão. Enciumado por aquela situação, Remo desconsiderou o marco criado pelo seu irmão e atravessou o território. Furioso com o comportamento desrespeitoso de Remo, Rômulo matou o irmão e enterrou o seu corpo nas terras do monte Aventino.

Após a desavença, Rômulo se tornara o primeiro rei de Roma e tomou providências diversas para que a nova cidade fosse povoada. Após a chegada de alguns dos primeiros habitantes, Rômulo entrou em guerra contra Tito Tácio, rei do sabinos, que por fim aceitou a unificação dos territórios que definiram os primeiros limites da cidade de Roma.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

As obrigações feudais


As obrigações feudais indicam a situação subalterna dos servos durante a Idade Média.


Na Idade Média, a posse da terra se consolidou como pressuposto fundamental para que o poder político fosse exercido. Os senhores feudais, na qualidade de proprietários, tinham plena autoridade para determinar as leis e regras que organizavam o convívio sociopolítico no interior de suas terras. Dessa forma, aproveitavam dessa situação privilegiada para imprimirem seus interesses sobre a população servil.

Essa prática está assentada na antiga tradição germânica do beneficium, onde um proprietário cede parte de suas terras em troca de tributos e serviços. Além disso, o próprio processo de arrendamento de terras, que marca o fim do Império Romano, também influenciou este processo. No período medieval, esses tributos ficaram conhecidos como obrigações e determinavam o conjunto de impostos que um servo deveria pagar ao senhor feudal.

De fato, ao observamos a grande quantidade de feudos espalhados pela Europa, vemos que essas tributações variavam de acordo com o desígnio de cada proprietário. Apesar da variabilidade, podemos ainda assim apontar algumas das tributações que eram mais recorrentes no mundo feudal.

Uma das obrigações centrais da relação servil era a corveia. Segundo a tradição feudal, o servo era obrigado a trabalhar determinados dias da semana nas terras de seu senhor ou realizando outros reparos e construções. Logo em seguida tínhamos as redevances, uma série de tributos e retribuições que eram pagos através do oferecimento de produtos e dinheiro.

O mais comum dos redevances era a talha, um imposto em que o servo era obrigado a ceder parte da produção de suas terras (manso servil) para o senhor feudal. Além disso, tínhamos as banalidades, que consistia em um conjunto de pequenas tributações pagas em dias festivos ou quando o servo utilizava algumas das instalações do feudo (forno, celeiro, moinho, tonéis, largar e ferramentas).

A capitação era outro tipo de imposto, sob a forma de produtos, cobrada segundo o número de integrantes de uma família. A “mão morta” era paga toda vez que um servo falecia e os seus descendentes procuravam garantir o direito de trabalhar naquelas mesmas terras. Paralelamente, destacamos também a taxa de justiça, obrigação cobrada quando um servo requeria o julgamento de um senhor feudal; e a taxa de casamento, tributada toda vez que um servo casava-se com uma mulher de outro domínio.

Por fim, não bastando esse elevado número de exigências, devemos também destacar que o servo era obrigado a se mostrar hospitaleiro toda vez que um membro da classe nobiliárquica estivesse em viagem. Também beneficiada pelo sistema de obrigações, a Igreja recebia – em épocas especiais – uma taxa denominada Tostão de São Pedro, que tinha parte de seu valor destinado ao Vaticano.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

ONU


ONU: um órgão de caráter internacional.
Fundada em 1945, a ONU é uma instituição criada pelas mesmas nações envolvidas no horror das duas primeiras Guerras Mundiais. Em 1919, o Tratado de Versalhes previu a criação da Liga das Nações que funcionaria como um órgão internacional dedicado à manutenção do equilíbrio entre as nações. No entanto, as crises econômicas da década de 20 e a ineficácia dos acordos do pós-guerra não deram força e representatividade a esse órgão.

As conseqüências ainda mais desastrosas da Segunda Guerra Mundial – com a crise do imperialismo e a os horrores do holocausto – motivaram a reformulação desse órgão garantidor da estabilidade política internacional. Anteriormente discutida durante a conferência de Yalta e instituída na Conferência de San Francisco, ambas ocorridas em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) seria uma nova tentativa de se conter a possibilidade de novos conflitos internacionais. Para isso, a ONU trataria de uma gama de questões mundiais que dessem solução a assuntos de ordem social, humanitária e cultural.

Formado por uma Assembléia Geral composta por representantes de mais de 190 países, a ONU discute todo e qualquer assunto que se refere à promoção da paz entre os povos. Não tendo nenhum poder de intervenção direta nas questões por ela discutidas, a Assembléia apenas apresenta sua posição mediante as situações de conflito pelo mundo. Dessa forma, podemos ver que as Nações Unidas têm um papel relativamente limitado. Em caso de oposição a algum tipo de governo ou conflito a ONU aprova embargos econômicos ou o envio de tropas internacionais que auxiliem aos povos vitimados por algum tipo de situação.

Sob outras frentes, a ONU conta com a cooperação de diversos outros órgãos, agências, programas e fundos – como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação), a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura), a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância) e o FMI (Fundo Monetário Internacional) – que tentam atuar de outras formas para resolver problemas mundiais, oferecer ajuda humanitária ou evitar conflitos militares.

Um dos mais importantes órgãos da ONU, o Conselho de Segurança (CS) tem como função exclusiva dar o parecer das maiores potências econômicas e militares frente às guerras espalhadas pelo mundo. Formado no período de pós-Segunda Guerra, esse conselho atualmente sofre pressões para que outras nações, como o Brasil, tenham participação efetiva no conjunto de suas decisões. Essa tendência de reformulação ganhou ainda muito mais força quando o governo norte-americano desconsiderou as resoluções do CS e promoveu a invasão ao Iraque.

O atual secretário geral da ONU, o coreano Ban Ki-Moon, tenta revitalizar o papel e a influência política da ONU. Após o descumprimento norte-americano, a instituição voltou a enfrentar a velha desconfiança que colocava em xeque a importância de sua atuação. Para isso, a abertura e a participação de outras nações parecem ser a alternativa mais viável para que o caráter internacional das Nações Unidas não fique restrito ao campo das palavras.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Origem do Capitalismo


O sistema capitalista foi implementado ao longo de uma extensa experiência histórica.
A explicação sobre as origens do capitalismo remonta uma história de longa duração onde nos deparamos com as mais diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Em geral, compreendemos a deflagração desse processo com o renascimento comercial experimentado nos primeiros séculos da Baixa Idade Média. Nesse período, vemos uma transformação no caráter auto-suficiente das propriedades feudais onde as terras começaram a ser arrendadas e a mão-de-obra começou a ser remunerada com um salário.

Essas primeiras mudanças vieram junto do surgimento de uma classe de comerciantes e artesãos que viviam à margem da unidade feudal habitando uma região externa, chamada de burgo. Foi baseado nesse nome que a classe social anteriormente referida ganhou o nome de burguesia. A burguesia medieval implantou uma nova configuração à economia européia onde a busca pelo lucro e a circulação de bens a serem comercializados em diferentes regiões ganharam maior espaço.

A prática comercial experimentada imprimiu uma nova lógica econômica onde o comerciante substituiu a valor-de-uso das mercadorias pelo seu valor-de-troca. Isso fez com que a economia começasse a se basear em cima de quantias que determinavam numericamente o valor de cada mercadoria. Dessa maneira, o comerciante deixou de julgar o valor das mercadorias tendo como base sua utilidade e demanda, para calcular custos e lucros a serem convertidos em uma determinada quantia monetária.

Com esse processo de monetarização, o comerciante passou a trabalhar tendo como fim máximo a obtenção de lucros e o acúmulo de capitais. Essa prática exigiu uma constante demanda pela expansão do comércio e assim, nos fins da Idade Média, incitou a crescente classe comerciante burguesa a apoiar a formação de Estados Nacionais. Aliado ao poderio militar da nobreza, os burgueses passaram a contar com o fomento político para dominar novos mercados, regular impostos e padronizar moedas.

Essas transformações que marcaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna incentivaram o nascimento do chamado capitalismo mercantil e das grandes navegações. Nesse contexto, os Estados Nacionais incentivaram a descoberta e o domínio de novas áreas de exploração econômica por meio do processo de colonização. Foi nessa época que os continentes americano e africano passaram a integrar uma economia mundialmente articulada aos interesses das poderosas nações européias.

Além de possibilitar uma impressionante acumulação de riquezas, o capitalismo mercantil criou uma economia de aspecto concorrencial onde as potências econômicas buscavam acordos, implantavam tarifas e promoveram guerras com o objetivo de ampliar suas perspectivas comerciais. No entanto, a relação harmônica entre a burguesia e os monarcas ganhou uma nova feição na medida em que a manutenção dos privilégios da nobreza se transformava em um empecilho ao desenvolvimento burguês.

Foi nesse período que os princípios da filosofia iluminista defenderam uma maior autonomia das instituições políticas e criticou a ação autoritária da realeza. Foi nesse contexto de valores que as revoluções liberais foram iniciadas pela convulsão sócio-política que ganhou espaço na Inglaterra do século XVII. Na ilha britânica observamos a primeira experiência de limitação do poder real em favor de uma maior autonomia da economia durante o processo da Revolução Inglesa.

Pela primeira vez, as autoridades monárquicas passaram a estar submetidas ao interesse de outro poder com forte capacidade de intervenção política. Essa mudança na Inglaterra beneficiou diretamente a burguesia nacional ao conceder maiores liberdades para empreender acordos diplomáticos e articular os diversos setores da economia britânica ao interesse das atividades comerciais. Não é por acaso que foi nesse mesmo lugar que o capitalismo passou a ganhar novas forças com a Revolução Industrial.

A experiência da revolução imprimiu um novo ritmo de progresso tecnológico e integração da economia onde percebemos as feições mais próximas da economia experimentada no mundo contemporâneo. O desenvolvimento tecnológico, a obtenção de matérias-primas a baixo custo e a expansão dos mercados consumidores fez com que o sistema capitalista conseguisse gerar uma situação de extrema ambigüidade: o ápice do enriquecimento das elites capitalistas e o empobrecimento da classe operária.

Chegando ao século XIX, percebemos que o capitalismo promoveu uma riqueza custeada pela exploração da mão-de-obra e a formação de grandes monopólios industriais. Nesse período vemos a ascensão das doutrinas socialistas em franca contraposição ao modelo de desenvolvimento social, econômico e político trazido pelo sistema capitalista. Mesmo movendo diversas revoluções e levantes contra o sistema, o socialismo não conseguiu interromper o processo de desenvolvimento do capital.

No século passado, o capitalismo viveu diversos momentos de crise onde percebemos claramente os problemas de sua lógica de crescimento permanente. Apesar disso, vemos que novas formas de rearticulação das políticas econômicas e o afamado progresso tecnológico conseguiram dar suporte para que o capitalismo alcançasse novas fronteiras. Com isso, muitos chegam a acreditar que seria impossível imaginar um outro mundo fora do capitalismo.

No entanto, seria mesmo plausível afirmar que o capitalismo nunca teria um fim? Para uma afirmativa tão segura e linear como essa, podemos somente lançar a mão do tempo e de suas transformações para que novas perspectivas possam oferecer uma nova forma de desenvolvimento. Sendo imortal ou mortal, o capitalismo ainda se faz presente em nossas vidas sob formas que se reconfiguram com uma velocidade cada vez mais surpreendente.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Ostracismo


O ostracismo promovia o banimento daqueles que ameaçavam a ordem democrática ateniense.


Em Atenas, o processo de instalação da democracia contou com uma grande agitação política protagonizada por membros da aristocracia que se negavam a perder seus privilégios. No início do século VI a.C., o legislador Sólon ampliou o direito de participação política da população instituindo um sistema que dividia os cidadãos em quatro faixas de natureza econômica e a participação dos mesmos na Eclésia, um órgão de natureza deliberativa do governo ateniense.

Com o passar do tempo, o antagonismo entre os diferentes grupos sociais que passariam a figurar o cenário político ateniense abriu portas para as tiranias. Estes eram governos impostos pela força do golpe, onde um único líder tinha amplos poderes e ignorava a intervenção das demais entidades representativas. Nesse período observamos a atuação dos governos tirânicos de Pisístrato (561 – 527 a.C.), Hiparco e Hípias (527 – 510 a.C.) e Iságoras (510 – 508 a.C.).

De modo geral, os tiranos tinham apoio da aristocracia ateniense e eram contrários a qualquer ação que ampliasse a atuação política dos outros membros da população. Contudo, a anulação das reformas democráticas instituiu vários conflitos que tentavam derrubar o autoritarismo que marcou a tirania. Em dado momento, não suportando a pressão popular, o tirano Iságoras pediu o apoio dos aristocratas espartanos. Nesse conflito, os espartanos foram expulsos de Atenas sob a liderança de Clístenes.

Dado o fim desses conflitos, Clístenes promoveu um conjunto de reformas onde pretendia consolidar e defender o regime democrático ateniense. Entre outras ações, o novo legislador empreendeu a criação do ostracismo (ostrakón), um novo dispositivo legal contra qualquer indivíduo que fosse acusado de ameaçar a estabilidade do regime democrático. Em linhas gerais, o ostracismo condenava o acusado à perda de seus direitos políticos e ao exílio durante dez anos, sem a perda de suas propriedades.

O termo ostracismo foi inspirado no processo que conduzia alguém a esse tipo de punição política. Os atenienses realizavam a convocação de uma grande assembléia formada por mais de seis mil membros. Nessa reunião, os seus participantes utilizavam fragmentos de cerâmica em forma de ostra (ostrakón) onde escreviam secretamente o nome dos acusados. Aquele que tivesse seu nome citado mais de seis mil vezes, era condenado ao ostracismo.

A exigência desse elevado número de votos contra um mesmo cidadão tinha o propósito de evitar o mau uso do mecanismo, principalmente, por inimigos políticos que nutriam algum tipo de rixa. Dessa forma, o ostracismo não tinha o objetivo de banir os setores de oposição política de um governo, mas de evitar algum tipo de ação golpista que viesse a findar com a democracia e, talvez, restabelecer as tiranias.

Além de ter suas propriedades devidamente preservadas pelo Estado, a família do cidadão condenado não sofria qualquer outro tipo de retaliação. Após cumprir os dez anos estabelecidos pela lei criada por Clístenes, o indivíduo tinha todos os seus direitos políticos recuperados. Dessa forma, o ostracismo pretendia evitar sanções de natureza repressora que fossem estritamente contrárias à diversidade de opinião.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A política de portas abertas


As “portas abertas” demonstravam uma única faceta do imperialismo dos EUA no século XIX.


No século XIX, o desenvolvimento das nações imperialistas contribuiu para um quadro de fortes tensões entre as potências capitalistas. Observamos que a quebra da hegemonia britânica na economia internacional inseriu outras nações que tinham interesses semelhantes aos do país considerado “o berço da Revolução Industrial”. França, Bélgica, Japão, Alemanha e Itália são algumas dessas nações que modernizaram suas economias e logo saíram à procura de regiões de exploração na Ásia e na África.

Temendo que suas terras fossem invadidas por algum concorrente, os países imperialistas realizaram uma intensa aquisição de armas. Ao mesmo tempo, observamos que a diplomacia destas nações trabalhava para firmar alianças militares que oferecessem garantias em um possível conflito de maiores proporções. Em um contexto marcado pelo forte espírito nacionalista, podemos ver que as poderosas nações europeias trilhavam um arriscado caminho para a guerra.

Indo na contramão dessa tendência, os Estados Unidos ofereciam a chamada “política de portas abertas” para a exploração dos territórios imperialistas. Segundo esse preceito, todas as grandes nações capitalistas teriam direitos iguais ao realizarem a colonização e a administração de seus territórios. Dessa forma, o clima de concorrência e desconfiança seria revertido.

Aparentemente, os políticos norte-americanos acreditavam que os princípios liberais da livre-concorrência deveriam ser respeitados nessa situação. Entretanto, se o governo estadunidense pregava a “abertura das portas” no caso afro-asiático, ele se contradizia quando a mesma questão se dirigia ao continente americano. Retomando os dizeres de um discurso do presidente James Monroe, os Estados Unidos defendiam a “América para os americanos”. Com o passar do tempo, mas que um simples princípio de autonomia, essa doutrina refletiu a própria ação imperialista norte-americana junto aos países latino-americanos.

Por fim, a disputa imperialista inseriu várias nações nos conflitos que marcaram a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Durante um bom tempo, os EUA se mantiveram neutros, oferecendo apenas apoio financeiro e econômico para os membros da Tríplice Entente. Contudo, em 1917, se viram forçados a enviar tropas para o Velho Mundo depois que a Alemanha atacou embarcações norte-americanas e ameaçou o país com a consolidação de uma aliança junto ao México.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A Pré-História


A Pré-História é dotada de ricas informações sobre a trajetória dos primeiros humanos.


Do ponto de vista formal, a expressão “pré-história” designa tudo que houve antes da história humana se desenrolar. Na prática, esse mesmo termo abarca o período que vai desde o surgimento da vida da Terra, a evolução da espécie humana, indo até o aparecimento da escrita. Dessa forma, percebemos uma curiosa contradição: como o termo pré-história é utilizado para se definir um tempo em que os seres humanos já existiam na Terra?

Para compreender essa contradição, devemos conhecer quem foram os responsáveis pela existência do padrão que convenciona o período pré-histórico. Tal concepção apareceu precisamente junto aos historiadores do século XIX, que acreditavam que o estudo do passado só era possível por meio de documentos escritos. Dessa forma, julgavam que a compreensão do passado pré-histórico não poderia se sustentar em bases verdadeiras.

Atualmente, esse tipo de compreensão acabou perdendo espaço para outras formas de recuperação do passado. Muitos historiadores passaram a ver que as fontes que documentam o passado não se resumem aos documentos escritos. As manifestações artísticas, a oralidade, a cultura material e outros vestígios podem se entregar no entendimento do passado. Com isso, o mundo pré-histórico deixou de ser visto como um tempo “destituído de história”.

Sem dúvida, a compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios de compreensão imensuráveis. A escassez de documentos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentarem promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Não se restringindo ao ato interpretativo do historiador, o estudo da Pré-História ainda conta com o apoio de antropólogos, físicos, arqueólogos, biólogos, químicos e paleontólogos.

Dessa forma, não há como negar a riqueza de informações desse ramo de conhecimento que trilha as conquistas do homem sobre a natureza. A construção de utensílios, as primeiras habitações, o desenvolvimento da arte rupestre e o domínio da agricultura são alguns dos outros assuntos que integram essa incrível época. Entre as três divisões do período (Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais), se acumula uma vasta e curiosa gama de informações históricas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A Propaganda

Propaganda política nazista foi um dos fenômenos marcantes deste século. Com ela, Hitler, sem recorrer a força militar, conseguiu a anexação da Áustria e Tchecoslováquia ao Reich e a queda da França. Já quando Hitler estava preso, ele começa a perceber que a propaganda seria uma grande arma, talvez uma das mais eficientes, para seu futuro empreendimento. Uma propaganda dirigida, às massas, ao povo.

Esta também deveria ser adequada a estes interlocutores menos favorecidos intelectualmente. Explorando os sentimentos, o coração da massa, permeada de uma dose de psicologia. Pois o povo deixa-se guiar mais pelo sentir do que pelo pensar. Tal propaganda deveria ser centrada em pequenos pontos, devido à compreensão limitada do povo. Estes pontos seriam repetidos muitas vezes. Isto explica os gritos de guerra e as saudações nazistas. Outro ponto salientado por Hitler é o de que na propaganda tudo é permitido, mentir, caluniar... Segundo o maior propagandista nazista, Goebbels, na formulação de uma propaganda, deveriam ser usadas experiências existentes.

Ela também deveria ser controlada por uma única pessoa. A propaganda feita por Gobbels foi dirigida principalmente aos Judeus. Com o uso de psicologia, e exaltação nacional, buscando um passado glorioso e ajudados pelo pós-guerra os nazistas fizeram verdadeiros Shows. Hitler tinha preferência pelas celebrações de massa, grandes espetáculos. A chave da organização dos grandes espetáculos era converter a própria multidão em peça essencial dessa mesma organização. A multidão se emocionava de maneira contagiante. Hitler atribuía grande importância psicológica a tais eventos, pois reforçavam, o ânimo do militante nazista.

O impacto da política na rua em forma de espetáculo visava diminuir os que se encontravam fora do espetáculo, segregá-los, fazê-los sentirem-se fora da comunidade maravilhosa a que deveriam pertencer. Percebe-se a importância da propaganda de espetáculos para a manutenção do sistema, da ordem e do apoio popular, tão importante. Hitler, pessoalmente, planejava suas entradas em cena, a decoração do local, as canções a serem cantadas.

Era um ritual uma religião Hitlerista, onde ele fazia discursos grandiosos, sempre contendo palavras fortes e encorajadoras como: ódio, força, esmagar, cruel... Nos lugares para onde Hitler se deslocava sempre ia junto um fotógrafo particular, que ficava de plantão. Se ele pegasse uma criancinha no colo, era motivo para uma fotografia, possível propaganda a seu favor.

Ele também era uma pessoa muito carismática, ao ponto de seus generais dizerem que era impossível olhar nos seus olhos sem desviar o olhar. Sua figura, despertava, nas pessoas sentimentos de pura idolatria. Além dos espetáculos populares deu-se grande ênfase ao cinema e a arquitetura, duas artes que Hitler gostava, mas nunca conseguiu ser um expoente. Com relação à arquitetura, ela deveria expressar a grandeza do regime, em grandes construções que uniriam todo o povo.

Berlim, que seria a capital do império deveria ser símbolo da grandiosidade deste império, através de suas grandiosas construções. Estas deveriam ser de proporções gigantescas, feitas com o material mais resistente para que resistissem ao tempo, como as grandes construções greco-romanas. O cinema veio como um meio eficiente e moderno de se influenciar as massas. Os filmes eram sempre de teor nacionalista, onde era exaltado o passado, os costumes, as guerras, o período romântico. E principalmente tinham a função de transformar os Judeus em verdadeiros demônios. Algumas vezes, a ideologia nazista aparecia camuflada nos diálogos, outras vezes era explicita e chocante.

Os Persas


Mosaico representando os exércitos persas.
Durante a Antigüidade, a região da Mesopotâmia foi marcada por um grande número de conflitos. Entre essas guerras destacamos a dominação dos persas sobre o Império Babilônico, em 539 a.C.. Sob a liderança do rei Ciro, os exércitos persas empreenderam a formação de um grande Estado centralizado que dominou toda a região mesopotâmica. Depois de unificar a população, os persas inicialmente ampliaram as fronteiras em direção à Lídia e às cidades gregas da Ásia menor.

A estabilidade das conquistas de Ciro foi possível mediante uma política de respeito aos costumes das populações conquistadas. Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade ao processo de ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C., conquistou o Egito – na Batalha de Peleusa – e anexou os territórios da Líbia. A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa sem nenhum herdeiro direto.

Depois de ser realizada uma reunião entre os principais chefes das grandes famílias persas, Dario I foi eleito o novo imperador persa. Em seu governo foram observadas diversas reformas políticas que fortaleceram a autoridade do imperador. Aproveitando da forte cultura militarista do povo persa, Dario I ampliou ainda mais os limites de seu reino ao conquistar as planícies do rio Indo e a Trácia. Essa seqüência de conquistas militares só foi interrompida em 490 a.C., quando os gregos venceram a Batalha de Maratona.

A grande extensão dos domínios persas era um grande entrave para a administração imperial. Dessa forma, o rei Dario I promoveu um processo de descentralização administrativa ao dividir os territórios em unidades menores chamadas de satrapias. Em cada uma delas um sátrapa (uma espécie de governante local) era responsável pela arrecadação de impostos e o desenvolvimento das atividades econômicas. Para fiscalizar os sátrapas o rei contava com o apoio de funcionários públicos que serviam como “olhos e ouvidos” do rei.

Além de contar com essas medidas de cunho político, o Império Persa garantiu sua hegemonia por meio da construção de diversas estradas. Ao mesmo tempo em que a rede de estradas garantia um melhor deslocamento aos exércitos, também servia de apoio no desenvolvimento das atividades comerciais. As trocas comerciais, a partir do governo de Dario I, passou por um breve período de monetarização com a criação de uma nova moeda, o dárico.

A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter eminentemente politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa entre os persas. O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas encontradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Ao invés disso, acreditava que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal.

Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser melhor compreendido no Zend Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro. Segunda essa obra, Ahura-Mazda era a divindade representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando o poder das trevas. Sem contar com um grande
 número de seguidores, o zoroastrismo ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Os povos sambaquis


Parte externa de um sambaqui catarinense formado nas proximidades do Farol de Santa Maria.


Por volta de 10 mil anos atrás, as transformações da natureza foram responsáveis pelo deslocamento das populações que habitavam o continente americano. A elevação dos níveis de temperatura e dos oceanos motivou os homens dessa época a se deslocarem para as regiões litorâneas da América. A presença humana nessas localidades foi comprovada por meio de aglomerados de conchas e restos de peixes com mais de trinta metros de altura.

O nome desse tipo de formação calcária ficou conhecido como sambaqui, termo em tupi que significa “monte de conchas”. A tese mais comum sobre a existência dos sambaquis explica que a sucessão de comunidades litorâneas foi responsável pela acumulação de conchas, ossos de peixes e outros restos de alimento próximos a vestígios de casas e ossadas humanas. Com o passar dos milênios, esse depósitos alcançaram grandes alturas que deram origem a um sambaqui.

A formação dessas comunidades corresponde à transformação dos hábitos alimentares do homem pré-histórico das Américas. Com o passar do tempo, a caça e a coleta perderam espaço para uma dieta marcada pelo sistemático consumo de peixes, crustáceos e outros frutos do mar. Examinando a estrutura interna e os terrenos próximos aos sambaquis, percebemos que suas comunidades desenvolveram o artesanato, a escultura e trabalharam com a pedra polida.

No Brasil, os sambaquis podem ser encontrados ao longo do litoral nordestino, no Rio de Janeiro, em São Paulo, e em outras partes do litoral gaúcho. Os maiores sambaquis brasileiros foram encontrados nas cidades de São Francisco do Sul, Laguna e Garuva, no estado de Santa Catarina, onde temos formações com 30 metros de altura e 400 metros de extensão. O mais antigo sambaqui brasileiro foi encontrado no Vale do Ribeira, em São Paulo, e tem aproximadamente nove mil anos de existência.

Em outras partes da América também se noticia a existência dos sambaquis. Em diversas partes da Cordilheira dos Andes, no litoral dos Estados Unidos, no Peru e no Chile é onde encontramos outros vestígios desta importante população pré-histórica. Mais do que reportar um dado do passado, a pesquisa sobre os sambaquis traça o surgimento e os deslocamentos humanos nas Américas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Período Arcaico


A cidade-Estado: o surgimento de novas instituições na Grécia Antiga.
No período arcaico é onde observamos o processo final das transformações sofridas pelas comunidades gentílicas gregas. Deixando de adotar o uso coletivo da terra, começava a aparecer dentro dos genos uma classe de proprietários de terra. Em sua grande maioria, essa classe aristocrática esteve intimamente ligada aos pater, o líder patriarcal presente em cada uma dessas comunidades.

Essa nova classe social, também conhecida como eupátridas (filhos do pai ou bem-nascidos) formou um restrito grupo de proprietários de terra que irão mobilizar-se em busca da manutenção de suas posses. Os genos passavam a reunir-se em fratrias e tribos controladas pela dominação da nova aristocracia grega. Nessa época, além da hegemonia política dos eupátridas, notamos que o aumento da população causou um grande problema com relação ao acesso às terras produtivas.

As populações excluídas no processo de apropriação das terras se viram obrigadas a buscar outras regiões onde fosse possível buscar melhores condições de vida. A migração dessas populações gregas para regiões marcou a chamada Segunda Diáspora Grega. Ocorrida em 750 a.C., essa diáspora ampliou os territórios do mundo grego e criou uma importante rede de comércio de gêneros agrícolas entre as comunidades gregas.

A consolidação do poder político nas mãos da aristocracia junto com a ampliação das atividades econômicas deu condições para o aparecimento de um novo espaço de representação sócio-política na Grécia: a cidade-estado. As cidades-estado consistiam em núcleos urbanos onde importantes decisões políticas e o trânsito de mercadorias acontecia.

Com sua consolidação temos o surgimento de diferentes cidades-Estado compostas por práticas sociais, políticas e culturais distintas entre si. De tal maneira, o que observamos dentro do mundo grego será uma configuração política descentralizada. As diferenças de organização no mundo grego serão notadas com grande destaque quando estudamos, por exemplo, as diferenças entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Período Helenístico


Imperador Alexandre, O Grande, difusor da cultura helenística.
A partir do ano 350 a.C., uma nova civilização começou a ascender politicamente e militarmente no Mundo Antigo. A Macedônia, sob o domínio do rei Felipe II, iniciou um processo de expansão territorial que rompeu com a hegemonia do mundo grego. Tal invasão só foi possível devido às constantes disputas internas que levaram a enfraquecer o poderio militar grego.

Seguindo os passos do pai, o rei Alexandre, o Grande, continuou a expandir os domínios macedônicos até a Ásia Menor, chegando até a Índia. Esse vasto domínio de territórios controlados por Alexandre foi responsável por formar o chamado mundo helenístico. Essa região não só definia os limites do império macedônico, mas também indicava um conjunto de hábitos e práticas culturais institucionalizadas pelo governo alexandrino.

Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento dessas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística. Uma das mais significativas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade de Alexandria, no Egito.

Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma imensa biblioteca com um acervo superior a 500 mil obras. Outro hábito implementado pelo imperador era a promoção do casamento de seus oficiais e funcionários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou singularizar o seu império transformando seu reinado em um campo de interpenetrações culturais.

Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do império foi perdida. Não deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de esfacelamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A dinastia ptolomaica dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e os selêucidas controlaram a Ásia.

A divisão político-territorial enfraqueceu a unidade mantida nos tempos de Alexandre. Durante o século II a.C., os romanos iniciaram seu processo de expansão territorial, resultando na dominação do antigo Império Macedônico.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Período Neolítico


Réplica de habitações típicas do final do Neolítico.
Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabelece-se em um novo período da Pré-História. Durante o Neolítico ou Idade da Pedra Polida ocorreram grandes transformações no clima e na vegetação. O continente europeu passou a contar com temperaturas mais amenas e observamos a formação do Deserto do Saara, na África.

A prática da caça e da coleta se tornaram opções cada vez mais difíceis. A agricultura e o conseqüente processo de sedentarização do homem se estabeleceram gradualmente. Além disso, a domesticação animal se tornou uma prática usual entre os grupos humanos que se formavam nesse período. A estabilidade obtida por essas novas técnicas de domínio da natureza e dos animais também possibilitou a formação de grandes aglomerados populacionais.

Novas formas de organização social surgiam e, assim, as primeiras instituições políticas do homem podem ter sido formadas nessa mesma época. A criação e o abandono de formas coletivas de organização sócio-econômicas podem ser vislumbrados no Neolítico. Conforme alguns pesquisadores, as primeiras sociedades complexas, criadas em torno da emergência de líderes tribais ou a organização de um Estado, são frutos dessas transformações.

No fim do período Neolítico também ocorreu a chamada Idade dos Metais. Nessa época, o desenvolvimento de armas e utensílios criados a partir do cobre, do bronze e, posteriormente, de ferro se tornaram usuais. Com o desenvolvimento dos primeiros Estados e o aparecimento da escrita, o período Neolítico finalizou o recorte de tempo da Pré-História e abriu portas para o estudo das primeiras civilizações da Antigüidade.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Período Paleolítico


Pinturas rupestres, documentos imagéticos do Período Paleolítico.
Conhecido como o mais extenso período da história humana, o Período Paleolítico abrange uma datação bastante variada que vai de 2,7 milhões de anos até 10.000 a.C.. Desprovido de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos e técnicas que facilitavam sua sobrevivência em meio às hostilidades impostas pela natureza.

Nesse período, as baixas temperaturas da Terra obrigavam o homem do Paleolítico a viver sob a proteção das cavernas. Uma das mais importantes descobertas dessa época foi o fogo. Com esse poderoso instrumento, os homens pré-históricos alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante as severas condições climáticas. Além disso, o domínio do fogo modificou os hábitos alimentares humanos, com a introdução da caça e vegetais cozidos.

Sem contar com técnicas de produção agrícola, o homem vivia deslocando-se por diversos territórios. Praticantes do nomadismo, os grupos paleolíticos utilizavam dos recursos naturais à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de frutas, caça e pesca. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de osso, madeira, marfim e pedra. Devido a essas características da cultura material do período, também costumamos chamar o Paleolítico de Período da Pedra Lascada.

Por volta de 40 mil anos, os povos do paleolítico começaram a viver em grupos mais populosos. Ao mesmo tempo, começaram a criar novas moradias feitas a partir de gravetos e peles de animal. Uma das grandes fontes de compreensão desse período é encontrada nas paredes das cavernas, onde se situam as chamadas pinturas rupestres. Nelas temos informações sobre o homem pré-histórico referente à suas ações cotidianas.

No fim do Paleolítico, uma série de glaciações transformou as condições climáticas do mundo. As temperaturas tornaram-se mais amenas e, a partir de então, foi possível o processo de fixação dos grupos humanos. Com isso, uma série de mudanças marcou a passagem do período Paleolítico para o Neolítico.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Período Pré-Homérico


A Grécia Pré-Homérica foi marcada por manifestações culturais bastante diversificadas.


Os primórdios da civilização grega estão relacionados ao processo de ocupação dos povos arianos que chegaram à Hélade, por volta de 2000 a.C.. Os aqueus foram os primeiros a alcançarem essa região após se deslocarem sucessivamente atrás de pastagens que suprissem seus rebanhos. Chegando à Grécia, se integraram às populações nativas e, com o passar do tempo, deram origem aos primeiros centros urbanos gregos, como Argos, Tirinto e Micenas.

Quando atingimos os anos 1700 a.C., outras populações chegaram à Antiga Grécia, realizando a ocupação de outras terras. Eólios e jônios se estabeleceram pacificamente e, com isso, novos polos de ocupação humana fixaram-se no espaço original da civilização grega. Nesse período, podemos destacar o intenso contato entre as cidades de Micenas e Creta. Os cretenses conceberam uma sociedade complexa reconhecida pelo intenso comércio marítimo propagado ao longo do Mar Egeu.

Com o passar do tempo, os aqueus fortaleceram sua economia a ponto de estabelecer uma rivalidade contra os cretenses. Em 1400 a.C., os aqueus invadiram a cidade cretense de Cnossos e desarticularam uma parcela considerável dos costumes e tradições dessa civilização. A vitória dos aqueus abriu portas para a hegemonia na porção oriental do Mar Mediterrâneo. Tal domínio se ampliou em 1150 a.C., quando a cidade de Troia foi conquistada, dando acesso às terras do litoral do Mar Negro.

No momento em que os aqueus desenvolviam a ampliação de seus terrenos, uma última invasão seria responsável pela etapa final do chamado período pré-Homérico. Durante o século XII a. C., os dórios empreenderam uma violenta invasão que destruiu vários centros urbanos da Hélade. Graças à sua tradição militar e o manuseio de armamentos de metal, esse agrupamento de origem indo-europeia forçou a fuga de vários habitantes da Grécia Continental.

Dessa forma, parte das tradições, costumes e saberes anteriormente estabelecidos nessa região foram desarticulados pela maneira violenta que os dórios conquistaram a Grécia. Vários grupos humanos fugiram dessa situação desoladora ao buscar novas terras nas ilhas do Mar Egeu e nas porções litorâneas da Ásia Menor. Usualmente, esse deslocamento populacional ficou reconhecido como a Primeira Diáspora Grega.

O fim de várias cidades e da ampla atividade comercial marítima pavimentou uma nova configuração do mundo grego. Pequenos grupos familiares passaram a viver da agricultura de subsistência e o sofisticado artesanato perdeu espaço para a concepção de peças mais simples e funcionais. As estruturas políticas centralizadas deram lugar ao poder exercido localmente pelos chefes familiares, e os ritos funerários se simplificaram. Assim, chegamos ao fim da chamada Grécia Pré-Homérica.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Peste Negra


Ilustração do século XIV com vítimas da peste negra recebendo como tratamento as bênçãos de um clérigo.
A peste negra ficou conhecida na história como uma doença responsável por uma das mais trágicas epidemias que assolaram o mundo Ocidental. Chegando pela Península Itálica, em 1348, essa doença afligiu tanto o corpo, quanto o imaginário de populações inteiras que sentiam a mudança dos tempos por meio de uma manifestação física. Assim como a Aids, a peste negra foi considerada por muitos um castigo divino contra os hábitos pecaminosos da sociedade.

Conforme alguns pesquisadores, a peste negra é originária das estepes da Mongólia, onde pulgas hospedeiras da bactéria Yersinia pestis infectaram diversos redores que entraram em contato com zonas de habitação humana. Na Ásia, os animais de transporte e as peças de roupa dos comerciantes serviam de abrigo para as pulgas infectadas. Nos veículos marítimos, os ratos eram os principais disseminadores dessa poderosa doença. O intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente, reavivado a partir do século XII, explica a chegada da doença na Europa.

O contato humano com a doença desenvolve-se principalmente pela mordida de ratos e pulgas, ou pela transmissão aérea. Em sua variação bubônica, a bactéria cai na corrente sangüínea, ataca o sistema linfático provocando a morte de diversas células, e cria dolorosos inchaços entre as axilas e a virilha. Com o passar do tempo, esses inchaços, conhecidos como bubões, se espalham por todo corpo. Quando ataca o sistema circulatório, o infectado tem uma expectativa de vida de aproximadamente uma semana.

Além de atacar o sistema linfático, essa doença também pode atingir o homem pelas vias aéreas atacando diretamente o sistema respiratório. Essa segunda versão da doença, conhecida como peste pneumônica, tem um efeito ainda mais devastador e encurta a vida do doente em um ou dois dias. Em outros casos, a peste negra também pode atingir o sistema sangüíneo. Desprovida de todo esse conhecimento científico sobre a doença, a Europa medieval explicava e tratava da doença de formas diversas.

Desconhecendo as origens biológicas da doença, muitos culpavam os grupos sociais marginalizados da Baixa Idade Média por terem trazido a doença à Europa. Alguns registros da época acusavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros de terem disseminado os horrores causados pela peste negra. No entanto, as condições de vida e higiene nos ambientes urbanos do século XIV são apontadas como as principais propulsoras da epidemia.

Na época, as cidades medievais agrupavam desordeiramente uma grande quantidade de pessoas. O lixo e o esgoto corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores portadores da peste. Os hábitos de higiene pessoal ofereciam grande risco, pois os banhos não faziam parte da rotina das pessoas. Além disso, os aglomerados urbanos contribuíram enormemente para a rápida proliferação da peste. Ao chegar a uma cidade, a doença se instalava durante um período entre quatro e cinco meses.

Depois de ceifar diversas vidas, esses centros urbanos ficavam abandonados. Os que sobreviviam à doença tinham que, posteriormente, enfrentar a falta de alimentos e a crise sócio-econômica instalada no local. Por isso, muitas cidades tentavam se precaver da epidemia criando locais de quarentena para os infectados, impedindo a chegada de transeuntes e dificultando o acesso aos perímetros urbanos. Sem muitas opções de tratamento, os doentes se apegavam às orações e rituais que os salvassem da peste negra.

A intensidade com que a epidemia afetou os centros urbanos europeus era bastante variada. Em casos mais extremos, cerca de metade de uma população inteira não resistia aos efeitos devastadores da epidemia. Estudiosos calculam que cerca de um terço de toda população européia teria sucumbido ao terror da peste. Ao mesmo tempo em que a peste negra era compreendida como um sinal de desgraça, indicava o colapso de alguns valores e práticas do mundo feudal.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Pioneirismo Lusitano


Imagem do infante Dom Henrique participando das atividades marítimas na região de Sagres.

No estudo das grandes navegações, observamos que a recuperação comercial européia – deflagrada a partir dos fins do século XIV – foi de fundamental importância para o estabelecimento dessa transformação histórica. Com o passar dos anos, a elevação demográfica e a ampliação dos mercados consumidores instigaram vários comerciantes a buscarem as riquezas provenientes do mundo oriental. Contudo, o monopólio dos turcos, árabes e italianos freava o desenvolvimento de tal comércio.

Buscando contornar essa situação, diversos homens promoveram uma ruptura com a antiga reclusão medieval e se lançaram ao mar em busca de novas e lucrativas rotas comerciais. Paralelamente, diversos Estados Nacionais tinham o pleno interesse na franca expansão destes empreendimentos, tendo em vista a grande quantidade de impostos que poderiam ser potencialmente arrecadados. É dessa maneira que enxergamos o início das chamadas Grandes Navegações.

Nesse novo cenário, Portugal desempenhou um papel de vanguarda em relação às demais nações européias que, somente algum tempo depois, estavam preparadas para a aventura marítima. Entretanto, para que pudessem “sair na frente”, os lusitanos foram favorecidos por uma série de condições históricas que não eram igualmente observadas no contexto social, político e econômico de outras regiões da Europa. Dessa forma, temos a necessidade de entender como foi possível o chamado pioneirismo lusitano.

Um primeiro fator bastante considerável orbita em torno da situação política de Portugal. No processo de formação das monarquias nacionais, a maioria dos povos europeus demandou vários anos em guerras e conflitos que impediram a consolidação de um governo sólido e centralizado. Contrariando essa tendência, os portugueses formaram seu Estado independente no século XII com a chamada Revolução de Avis, de 1385.

Ao fim desse processo revolucionário, a crescente classe mercantil lusitana foi visivelmente favorecida por uma série de governos interessados na expansão marítimo-comercial. Além disso, a própria burguesia deste país foi capaz de consolidar laços comerciais em vários pontos da Europa ao manter relações econômicas com os povos nórdicos e outros negociadores presentes na Inglaterra, Península Itálica e na região de Flandres.

Como se não bastasse os vários contatos mercantis e o apoio político da própria realeza, Portugal era privilegiado com uma região litorânea que dava acesso aos mares do Norte e Mediterrâneo, e abria portas para todo o Oceano Atlântico. Além disso, no início do século XV, o infante dom Henrique incentivou a reunião de vários cartógrafos, navegadores, estudiosos e construtores. Dessa reunião, efetivou-se na região a chamada Escola de Sagres, que permitiu o desenvolvimento de várias técnicas de navegação.

Dessa forma, podemos avaliar os vários fatores que permitiram a expansão marítima portuguesa. A partir do século XV, iniciaram a conquista de vários pontos do continente africano, colonizaram algumas ilhas atlânticas e, tempos depois, foi uma das primeiras nações a empreenderam a conquista do continente americano.











Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Plano Marshall


Plano Marshall: o plano de ajuda dos EUA para a Europa capitalista.
O fim da Segunda Guerra Mundial trouxe à Europa um cenário de devastação material acompanhado pela morte de milhares de pessoas. A crise de valores trazida por esse cenário problemático colocou em cheque qual modelo de desenvolvimento social e econômico poderia satisfazer as demandas dessa terra devastada. As antigas potências européias pareciam ter a oportunidade de se reerguer por meio de uma economia mundialmente liderada pelos EUA, ou adotar as premissas do socialismo soviético.

A nova configuração político-ideológica de caráter aparentemente binário engendraria, depois da Segunda Guerra, os primeiros passos para a Guerra Fria. Os Estados Unidos, representante máximo do sistema capitalista, perceberam que a instabiliade européia poderia transformar o Velho Continente em um novo campo de expansão das doutrinas socialista e comunista. Visando conter esse possível quadro, os EUA resolveram estabelecer o Plano Marshall.

O plano foi conhecido em março de 1947, depois de uma declaração do chefe de Estado dos EUA, general George Catlett Marshall. Segundo o plano, uma quantia de 17 bilhões de dólares seria liberada para que os países europeus reerguessem a sua economia. No entanto, as nações do leste europeu convertidas ao regime socialista não foram beneficiárias desse mesmo plano graças à intervenção política de Joseph Stálin. Tal episódio deixou ainda mais explícito o cenário de clara cisão ideológica.

De forma geral, o dinheiro obtido com o plano de ajuda financeira foi utilizado na compra de combustíveis, máquinas, veículos, matérias-primas, alimentos, rações e fertilizantes. Entre os maiores credores dessa ação estavam a Inglaterra (3,2 bilhões); França (2,7 bilhões); Itália (1,5 bilhão) e Alemanha (1,4 bilhão). Essa ação foi de grande beneficio para os Estados Unidos, que desenvolveu sua economia com a grande demanda gerada pelas nações européias.

Em pouco tempo, os objetivos de recuperação econômica foram alcançados e um novo acordo de cooperação foi estabelecido entre o bloco capitalista europeu e os Estados Unidos. A cooperação econômica foi reconfigurada para um novo acordo de cooperação militar que visava fazer frente a algum possível ataque do bloco socialista. A chamada Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) firmava um acordo de ajuda militar entre os países pertencentes ao bloco capitalista.

O estabelecimento da OTAN não significou a retomada da antiga supremacia política e econômica do Velho Mundo. A partir desse acordo militar, os Estados Unidos visavam garantir os lucros obtidos através da exportação de gêneros agrícolas e industriais. De forma geral, o Plano Marshall e a OTAN instituíram a hegemonia política e econômica dos EUA no mundo.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Pré-História Americana


A pré-história americana ambientou o desenvolvimento de várias civilizações.
A organização temporal da América pré-histórica se conforma às mesmas datações estabelecidas do período Pré-Histórico. Por isso, as primeiras notícias sobre o continente americano se estabelecem no período do Paleolítico Inferior. Os vestígios encontrados nessa fase inicial são bastante rudimentares. Em geral, é documentada a ocorrência de pedras talhadas em uma e duas faces, e um utensílio semelhante a uma raspadeira.

Outros vestígios dessa mesma época são feitos a partir da ossada de animais extintos como mastodontes, bisões e camelídeos. Durante o Paleolítico Superior, datado entre dezessete e dezesseis mil anos atrás, temos algumas amostras de pontas de flecha e facas de pedra com um maior grau de elaboração. Por volta de 10000 e 9000 a.C., os objetos pontiagudos deram espaço para outros utensílios de aspecto mais arredondado.

Por volta de 8000 e 6000 a.C., as armas ganharam um acabamento em forma de pedúnculo, o que permitia maior eficiência na construção de armas. As populações já se encontravam estabelecidas ao longo de todo continente americano, buscavam diferentes processos de adaptação. A caça e a coleta eram os principais meios de sobrevivência dessas comunidades pré-históricas.

Com o fim do período Paleolítico, as primeiras técnicas de produção agrícola passaram a ser desenvolvidas nas Américas. Os primeiros vestígios de plantações foram encontrados em regiões do México, dos Andes e da América Central – entre 5000 e 4000 a.C.. O artesanato pré-histórico ganhou outros itens de cerâmica, artefatos de pedra e cestaria. No período de 3000 e 1500 a.C., os gêneros agrícolas eram essencialmente autóctones.

O milho, a abóbora, a batata, o cacau, mandioca e o girassol eram as mais importantes plantações cultivadas. Paralelamente, técnicas de plantio se sofisticaram com o desenvolvimento de técnicas de irrigação, fertilização e a construção de terraços escalonados. A domesticação de animais também se desenvolveu com a criação de alpacas e lhamas.

Nesse momento, observamos a fixação de diferentes civilizações por todo o continente. Na porção norte, noticiou-se a presença dos anasazi, mongollon e hohokan. Na América do Sul temos o surgimento das culturas andinas, com especial destaque aos incas, e dos povos caraíbas, guaranis e tupis. Foi nessa mesma época que as primeiras comunidades indígenas se desenvolveram no Brasil.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Pré-História Americana: Período Neolítico


A cerâmica, o artesanato e a arquitetura ganharam maior espaço na América Neolítica.


Há cerca de 5000 a.C., aconteceram as transformações que definiram o desenvolvimento da revolução neolítica no continente americano. As pesquisas a esse respeito indicam que as primeiras mudanças apareceram em algumas regiões dos Andes, América Central e no México. Muito semelhante ao que já havia acontecido no Velho Mundo, temos nessa época o aparecimento da coleta sistemática de vegetais, a confecção de cerâmica, cestos, tecidos e instrumentos agrícolas rudimentares.

Os centros urbanos eram bastante reduzidos e o processo de fixação do homem em um mesmo lugar (sedentarismo) articulava os seus primeiros passos. Um pouco mais tarde, entre 3000 e 1500 a.C., a agricultura tomava espaço com o cultivo de tubérculos e plantas autóctones, como cacau, mandioca, girassol, batata, milho e abóbora. A produção agrícola era empregada com um leque diversificado de técnicas entre as quais se incluíam o plantio em terraços, a irrigação e a fertilização do solo.

A pecuária não tinha grande destaque, se limitando à domesticação de alpacas e lhamas predominantemente úteis para o transporte, exploração das peles e alimento. Os indícios mais antigos de atividade agrícola aparecem em escavações realizadas no estado mexicano de Tamaulipas e no vale de Tehuacán, localizado no mesmo país. No território andino, o desenvolvimento dessa mesma atividade foi mais lento em razão das baixas temperaturas e dos vários acidentes geográficos.

É importante assinalar que a caracterização do desenvolvimento tecnológico americano dessa época se diferencia bastante em relação ao do Velho Mundo. Inventos como a roda, o arco, a escrita alfabética e a metalurgia não aparece entre os povos americanos dessa época. Contudo, isso não indica um sinônimo de atraso, já que grandes civilizações e sociedades complexas se desenvolveram no continente.

Findando essa época da história americana, devemos destacar que o processo de sedentarização do neolítico também se desenvolveu em outras regiões da América. No sudoeste norte-americano temos o desenvolvimento das culturas anasazi, hohokan e mogollon. Já na América do Sul, esse mesmo processo de desenvolvimento agrícola permitiu a consolidação das culturas dos povos tupis, guaranis, caraíbas, entre outras civilizações.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pré-História Americana: Período Paleolítico


A pintura rupestre da “Caverna das Mãos”: uma manifestação do homem paleolítico na Patagônia.


O processo de ocupação do continente americano aconteceu a milhares de anos atrás. Apesar do consenso existente com respeito a essa informação, não existe uma data exata reconhecida por todos os especialistas da área. Se de um lado temos estudiosos que trabalham com a datação de 60 mil anos atrás, outros preferem trabalhar com a hipótese de que os primeiros homens americanos teriam surgido há 12 mil anos. Em meio a tantos vestígios diferentes, a exatidão é praticamente uma tarefa impossível.

Contudo, sabemos que a história do homem nas Américas começa no período Paleolítico Inferior, época que tem suas informações fundamentais restritas à análise de um conjunto específico de vestígios. Em geral, o homem americano trabalhava com instrumentos produzidos em pedra talhada. Além de utilizarem pedras talhadas com uma ou duas faces, os grupos dessa época também construíam objetos com ossos de bisões, camelídeos, mastodontes e mamutes.

Na passagem do Paleolítico Inferior para o Paleolítico Superior, há 17 mil anos, a caça se transformou em uma prática mais comum entre os grupos humanos. A prova material dessa mudança pode ser atestada na aparição de pontas de flecha, facas e outros instrumentos pontiagudos utilizados no abatimento e no corte da carne animal. Vale destacar que a caça provocou uma ampliação do cardápio dessas populações e a adoção das peles como vestimenta.

Na Patagônia, porções sul do território argentino, foram encontradas pinturas rupestres, restos de fogueira e pontas de lança que evidenciam a chegada do homem a essa região há mais ou menos 11.500 anos. Além da caça, os povos dessa região também se sustentavam através da coleta de frutos do mar e da pesca de peixes. Assim como no litoral brasileiro, a Patagônia é marcada pela existência de depósitos calcários também conhecidos como sambaquis.

Em Monte Verde, no Chile, temos um rico sítio arqueológico onde especialistas encontraram restos de madeira, plantas medicinais, ferramentas e pegadas humanas. O alto número de vestígios dessa localidade é explicado pela formação das turfas, material orgânico fossilizado capaz de preservar os vestígios pré-históricos encontrados na região. Segundo apontam as estimativas, os fósseis de Monte Verde teriam entre 13.500 e 11.800 anos de idade.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Pré-História brasileira


Sambaquis, vestígios dos povos pré-históricos do litoral brasileiro.
Dentro dos estudos arqueológicos desenvolvidos na América, o Brasil concede uma significativa contribuição proveniente de seus diversos sítios arqueológicos. Entre os estados que apresentam antigos vestígios da presença humana podemos destacar primeiramente os estados do Piauí, Minas Gerais e as regiões litorâneas do Centro-sul do país.

Em São Raimundo Nonato (PI), um grupo de arqueólogos liderados por Niède Guidon notificou a presença de facas, machados e fogueiras com cerca de 48 mil anos de existência. Entre as principais conclusões desses estudos, destaca-se a presença de comunidades coletivas que caçavam e utilizavam o fogo para protegerem-se e alimentarem-se.

Na região de Lagoa Santa (MG) é o local onde está registrado uma das mais notórias descobertas da arqueologia nacional. Foi ali que se achou o mais antigo fóssil das Américas. Trata-se do crânio feminino que existiu há cerca de 11.500 anos. Pesquisas desenvolvidas a partir desse fóssil (apelidado de Luzia) abriram portas para novas teorias sobre o processo de ocupação do continente. Os traços negróides de Luzia levantam a suspeita de uma onda migratória da Oceania, responsável pela ocupação do nosso continente.

Próxima das regiões de rio e no litoral do Brasil existe outro conjunto de vestígios pré-históricos. Nestes lugares, montes de conchas e esqueletos de peixe conferem a existência de comunidades inteiras que sobreviviam da pesca. Também conhecidos como povos sambaquis, essas populações foram usualmente detectadas no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. No ano de 2001, o mais antigo sambaqui brasileiro foi encontrado em Vale do Ribeira (SP).

Nas regiões do interior do Brasil também são encontrados riquíssimos sítios arqueológicos. Os chamados “cemitérios dos índios” são, na verdade, vestígios de antigas civilizações do território brasileiro. Ali encontramos grandes aldeias que realizavam sofisticados rituais funerários. Datados com cerca de mil anos, esses povos possuíam uma cultura bastante diferente da dos sambaquis.

Ainda na região amazônica, temos relato sobre um outro conjunto de povos pré-históricos. Designados como integrantes da civilização marajoara, esses povos deixaram interessantes vestígios materiais. Dotados de uma arte ceramista ricamente detalhada, os marajoaras faz parte dos mais complexos grupos humanos que viveram em terras brasileiras.

Com o passar dos anos, as civilizações ameríndias foram desenvolvendo-se em território nacional. Espalhados em diferentes tribos, os índios brasileiros integraram uma parte mais recente da História das populações nativas do Brasil. A partir do século XV, a chegada dos europeus transformou radicalmente a situação dos índios. A intolerância religiosa e cultural, a violência e as epidemias foram responsáveis pela dizimação dos povos indígenas no país.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Primavera de Praga


Alexander Dubcek e os conflitos que tomaram a cidade de Praga.


Após a Segunda Guerra Mundial, o estabelecimento da ordem bipolar pretendia colocar o mundo sob os ditames de dois projetos hegemônicos concorrentes entre si. No entanto, o desenvolvimento desses regimes ao redor do mundo acabou mostrando que as ações ordenadoras capitalistas e socialistas não conseguiriam suplantar as demandas das futuras gerações. Um exemplo do fracasso dessas ideologias totalizantes aconteceu em 1968, quando a Tchecoslováquia apontou para uma nova direção.

Apesar de estar alinhado às diretrizes do bloco socialista, os dirigentes tchecos começariam a empreender reformas que iriam contra a rigidez recomendada pelos soviéticos. Um novo grupo de intelectuais comunistas, representados pelo novo Secretário-geral do Partido Comunista Tcheco, Alexander Dubcek, pretendia dar uma “face mais humana” para o socialismo. Com isso, o novo governante empreendeu uma série de reformas que ampliavam os direitos civis e as liberdades individuais.

Entre outros pontos, a polêmica reforma de Dubeck, prometia restabelecer a liberdade de imprensa, a liberdade de culto religioso e a formação de novos partidos políticos. Tais modificações causaram verdadeiros arrepios aos líderes comunistas soviéticos de orientação ortodoxa. Dessa forma, buscando reverter tal situação, os líderes do Pacto de Varsóvia convidaram Alexander Dubcek para discutir a “ameaçadora onda contra-revolucionária” que tomava conta da Tchecoslováquia.

Contudo, concordando com as mudanças que marcariam a chamada “Primavera de Praga”, o novo líder da nação tcheca se negou a participar dessa reunião. A recusa indicava o favor de Dubeck às transformações intensamente defendidas por diversas parcelas da população, principalmente os jovens. Em uma reunião posterior, autoridades tchecas e integrantes do Pacto de Varsóvia se encontraram para chegar a um acordo com relação ao incômodo político causados com todas aquelas transformações.

No entanto, a tentativa de diálogo não surtiu o efeito esperado. No dia 20 de agosto de 1968, uma tropa composta por 650 militares provenientes dos exércitos da União Soviética e outros aliados realizou a ocupação da capital da Tchecoslováquia. A tomada das ruas aconteceu ao mesmo tempo em que as autoridades russas destituíram Alexander Dubcek do seu posto político. Em resposta, a população passou a realizar uma série de protestos.

Alguns jovens pacifistas tentavam conversas com os solados, requisitando a sua retirada ou deitando-se na frente dos imponentes tanques militares. Os mais radicais partiam para o confronto direto lançando coquetéis molotov contra os soldados estrangeiros. Com o fim dos conflitos, foram contabilizados setenta e dois mortos e setecentos e dois feridos. Mediante a frustração causada pela opressão militar, o estudante Jan Palach decidiu se matar atendo fogo em plena praça pública.

Em 17 de abril de 1969, o governo de Dubcek foi substituído por um novo líder alinhado aos interesses soviéticos. A mudança, apesar de dar fim às reformas, não foi capaz de aniquilar as novas tendências favoráveis a um socialismo mais aberto ou a reestruturação da democracia. No fim da década de 1980, a chegada de Mikhail Gorbatchev ao governo russo permitiu que a abertura política tcheca finalmente acontecesse.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Primavera dos Povos


As barricadas de 1848: a mobilização das camadas populares contra as mazelas do Antigo Regime.


Com o fim da era napoleônica, as monarquias européias se reuniram com o objetivo de conter as propostas de transformação disseminadas pela Revolução Francesa. Tal encontro aconteceu no chamado Congresso de Viena, momento em que parte dos monarcas que ali se encontravam decidiu formar a chamada Santa Aliança. Nesse acordo, diversos monarcas se comprometiam a auxiliar militarmente toda monarquia que tivesse sua autoridade ameaçada.

Contudo, esse projeto que deveria preservar o Antigo Regime não foi capaz de conter a marcha das novas revoluções que tomariam conta da Europa. No ano de 1848, as várias novas correntes políticas que surgiam em todo o Velho Mundo se mostraram decididas a dar fim ao regime monárquico. Em linhas gerias, o contexto político europeu se via tomado não só pelas propostas liberais oriundas da experiência francesa, mas também contou com a ascensão das tendências nacionalistas e socialistas.

Um pouco antes que tais levantes acontecessem, entre os anos de 1846 e 1848, uma seqüência de péssimas colheitas provocou uma crise econômica responsável pela elevação súbita do preço dos alimentos. Concomitantemente, a queda no consumo dos produtos industrializados motivou a demissão de operários nos centros urbanos. De fato, toda a economia capitalista européia enfrentava um delicado processo de estagnação que daria origem aos levantes que marcaram a chamada “Primavera dos Povos”.

Reagindo a esse quadro desfavorável, membros do operariado e do campesinato passaram a exigir melhores condições de vida e trabalho. Aproveitando das novas tendências que surgiam, fizeram uma forte oposição ao regime monárquico por meio de uma série de levantes. Alimentando ainda mais esse sentimento de mudança, devemos ainda salientar que nesse mesmo ano houve a publicação do Manifesto Comunista, obra do pensador Karl Marx que defendia a mobilização dos trabalhadores.

Comungando da união exprimida por esse livro, várias cidades foram tomadas por barricadas de trabalhadores que se espalhavam por cidades da França, dos Estados Alemães, da Áustria e outros grandes centros urbanos. Apesar dos ideais românticos e das bandeiras coloridas em favor de uma sociedade mais justa, a “Primavera” não conseguiu transformar definitivamente a Europa. Contudo, demonstraram a nova articulação política que estava sendo engendrada.

A partir desse evento histórico, a sociedade burguesa teve alguns de seus princípios assegurados, pois mesmo tendo caráter popular, essas revoltas não abririam mão das concepções favoráveis à igualdade civil, ao fim dos privilégios de ordem feudal, as novas instituições jurídicas e o acesso aos cargos públicos. Além disso, demonstrava para a nova ordem burguesa o potencial de mobilização das classes trabalhadoras em torno de seus interesses e projetos políticos próprios.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Querela das Investiduras

No século XI, o movimento reformista de Cluny transformou-se em movimento por uma reforma geral da Igreja. O partido da reforma ganhou força na França graças à Trégua de Deus, movimento que procurava combater a verdadeira mania de guerra existente na época. Hildebrando, reformador ligado ao movimento de Cluny, tinha acesso ao papa e, sob sua influência, Nicolau II criou em 1059 o Colégio dos Cardeais, com finalidade de eleger o papa, limitado o cesaropapismo.
Em 1073, Hildebrando foi eleito papa, com o nome de Gregório VII. Proibiu o casamento dos padres, para combater o nicolaísmo, e a investidura leiga (escolha de bispos e abades por príncipes e imperadores), para acabar com a simonia.

O Imperador alemão Henrique IV reagiu dando o papa como deposto. O papa considerou o imperador igualmente deposto, excomungando-o, e proibindo os vassalos de lhe prestar serviço, sob pena de excomunhão. Através do conselho de seguidores, Henrique foi ao Castelo de Canossa em 1077 e pediu perdão ao papa, que o concedeu.
Na Alemanha, os inimigos de Henrique IV elegiam novo imperador, o duque Rodolfo. Henrique os combateu até 1080, quando Rodolfo morreu. Os normandos, que defendiam o papa, acabaram saqueando Roma; e Gregório VII se retirou para Salerno, onde morreu. Para o trono papal, Henrique indicou Guiberto, bispo de Ravena, que tomou o nome de Clemente III. No exílio, era eleito um sucessor para Gregório VII.

A divisão, chamada de cisma, só terminou em 1122, com a Concordata de Worms, assinada entre o papa Calixto II e o Imperador Henrique V. Ficou estabelecido que o papa faria a investidura espiritual (anel e cruz) e o imperador, a investidura temporal (báculo).
O sistema implantado pelos imperadores otonidas chegava ao fim. Os bispos não seriam mais funcionários do Estado, mas vassalos do Império. O imperador perdia o controle sobre ele e sobre os duques. Uma parcela de terras alemãs passava para a Igreja. Começava o período da supremacia do poder papal sobre o poder político da Europa. A supremacia se acentuou no período seguinte, a Baixa Idade Média

A questão basca


ETA, ações terroristas pela independência dos bascos.

O surgimento de uma nação, em tese, envolve a definição de um território onde um grupo de pessoas dotado de um conjunto mínimo de características culturais e históricas consolidam certo sentimento de unidade entre si. No entanto, vemos que em diversos casos específicos, uma mesma nação pode agrupar grupos étnicos, culturais ou religiosos que não partilham dessa mesma sensação de pertencimento. Em geral, os grupos alheios à nação sofrem casos de discriminação ou, em outros casos, formam um movimento de independência.

Na região ibérica, a questão do povo basco exemplifica esse tipo de inadequação de um povo frente um determinado Estado Nacional. Os bascos, encravados na fronteira entre a Espanha e a França, correspondem a um povo dotado de uma cultura e língua própria. Estabelecendo um movimento nacionalista desde o século XIX, os bascos começaram organizar um movimento de emancipação durante a ditadura militar do general espanhol Francisco Franco (1939 – 1975). Durante o governo de Franco os nacionalistas bascos sofreram forte opressão, sendo proibidos de expressar qualquer traço de sua cultura.

Mediante tamanha opressão surgiu, em 1959, um movimento em prol da libertação do povo basco chamado Euskadi Ta Askatasuna (“Pátria Basca e Liberdade”), mais conhecido como ETA. Inicialmente buscando lutar contra a ditadura de Franco, o ETA foi desde sempre influenciado pelo socialismo. Com a queda do regime ditatorial, algumas conquistas políticas foram concedidas ao povo basco. No ano de 1979, o Tratado de Guernica concedeu algumas liberdades administrativas ao povo basco.

Essa primeira ação rumo à autonomia basca freou alguns setores do movimento, que se fragmentou em diferentes partidos políticos. No entanto, as alas mais radicais, mantiveram vivo o movimento e fundaram um partido político próprio: o Partido Batasuna. Agindo por meio de atentados terroristas o ETA volta e meia criava forte tensão dentro da Espanha. Ao longo de sua história, o ETA conseguiu a libertação de alguns de seus integrantes e assassinou cerca de trinta personalidades políticas.

Na década de 1990, diversos de seus líderes foram capturados pelas autoridades, o que acabou reduzindo o grupo a cerca de 200 integrantes. Mesmo assim, em 1999, alguns atentados fizeram do grupo uma ameaça à estabilidade naquela região. Em resposta, autoridades da França e da Espanha uniram-se contra os terroristas do ETA. No ano de 2003, o poder judiciário espanhol decretou a ilegalidade do Partido Batasuna.

Em 2004, as novas eleições na Espanha e um grande atentado colocaram o ETA e a Questão Basca mais uma vez em evidência. Após a explosão de vários trens no dia 11 de março, o candidato conservador e então primeiro-mininstro José Maria Aznar responsabilizou o ETA pela autoria dos atentados. No entanto, logo em seguida, documentos comprovaram que as explosões eram de responsabilidade da Al Qaeda. Notando que Aznar utilizou dos atentados buscando promover sua candidatura, a população espanhola deu a vitória ao candidato socialista José Luís Zapatero.

Zapatero, que desde sua campanha se mostrou aberto ao diálogo com os bascos, tenta hoje amenizar a possibilidade de novos atos de terrorismo por meio da revitalização do ETA. Em 2006, o lideres do ETA anunciaram o fim da atuação terrorista do movimento. No início de 2007, o movimento voltou atrás e anunciou o fim do cessar fogo e o rompimento com o governo de Zapatero. Sem uma definição final ou a criação de um Estado Independente, a questão basca assinala um foco de tensão que, vez ou outra chama a atenção dos noticiários internacionais.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A questão da Irlanda

Reduto da cultura celta, a ilha da Irlanda está situada a oeste da Inglaterra. Ao longo dos séculos, as desunidas tribos locais enfrentaram várias investidas estrangeiras, como as dos vikings. Em 1175, num ataque mais organizado, o rei anglo-normando Henrique II ocupou a região.

Durante 300 anos, os anglo-normandos limitaram-se a controlar Dublin e suas cercanias. Após 1494, o rei da Inglaterra optou pela presença direta de um representante e subordinou o parlamento irlandês ao inglês.
Em 1534, o rei Inglês Henrique VIII rompeu com a Santa Sé e tornou-se o chefe da Igreja Anglicana. Tal fato desagradou o sentimento irlandês, fortemente identificado com o catolicismo.

Disso resultaram inúmeros embates entre irlandeses e ingleses, ou seja, entre católicos e protestantes. De um lado, os irlandeses lutavam pela autonomia política e religiosa; de outro, os ingleses lutavam pela manutenção da hegemonia sobre a Irlanda - e se apoderavam das melhores terras. Aos poucos, o sentimento nacional se sobrepôs às diferenças religiosas: nos séculos XVIII e XIX, muitos líderes da luta pela independência irlandesa eram protestantes.

Em 1916, ocorreu um levante republicano em Dublin. Os ingleses esmagaram o movimento, mas era evidente que seu domínio na Irlanda chegava ao fim. Em 1919, surgiu o Exército Republicano Irlandês (Irish Republican Army - IRA) que passou a utilizar-se da guerrilha e do terrorismo na luta pela independência. Em 1922, a maioria das províncias integrou o Estado Livre do Eire, autônomo, que em 1949 transformou-se numa república.

As províncias nortistas do Ulster continuaram no Reino Unido - e o IRA prosseguiu na luta para unificar a Irlanda. Nas últimas três décadas, o IRA e os grupos protestantes do Ulster que defendem a permanência no Reino Unido foram responsáveis por vários atentados na região, principalmente na capital, Belfast.

Em 1997, com a ascensão do Partido Trabalhista inglês ao poder, a criação do Euro e a nova ordem mundial, criaram-se novas condições de negociação política. E a Inglaterra tem uma nova preocupação: fortalecer-se dentro da Europa. O governo de Dublin, por sua vez, está preocupado em prosseguir com o "milagre irlandês", aproveitando ao máximo a conjuntura favorável ao desenvolvimento da economia. A suspensão dos atentados por ambos os lados foi fundamental para que as negociações pudessem existir, criando condições concretas para a pacificação da região.

A razão cartesiana


René Descartes ofereceu um modelo de conhecimento que inspirou o pensamento iluminista.


Para que seja possível compreendermos a ascensão dos princípios da razão iluminista, somos obrigados a recuar nossos olhares para outras tantas manifestações que embasaram as do século XVIII, o “século das luzes”. Entre elas, damos destaque especial ao debate empreendido pelo filósofo francês René Descartes. Vivendo no século anterior ao iluminismo, esse intelectual lançou os avatares que explicam muitas das concepções defendidas entre os ilustrados.

Segundo este autor, a razão é a única via segura pela qual o conhecimento do mundo pode ser obtido. Particularmente, a visão racionalista de Descartes defende a possibilidade de alcance de uma verdade absoluta, incontestável. Mas afinal, como seria viável desenvolver o conhecimento em busca desse tipo de verdade superior? De acordo com o pensamento cartesiano, era necessário primeiramente duvidar de todo conhecimento acumulado anteriormente sobre um assunto.

Passado o momento em que as novas questões sobre o objeto surgiram, era necessário que a experimentação e a observação fossem realizadas para a abertura de novos caminhos que pudessem explicar melhor aquilo que foi estudado. As novas conclusões elaboradas deveriam, dessa maneira, compor um conjunto de leis que pudessem esgotar todos os aspectos que se relacionam com a compreensão do objeto. À medida que se mostrassem eficazes, essas leis comprovariam a tese elaborada por um estudioso.

Esse caminho constituído pela dúvida, a experimentação e a formulação de leis demonstra visivelmente as influências que viriam a predominar na constituição dos preceitos racionalistas do iluminismo. No século XVII, a razão cartesiana foi claramente respaldada pelo grande número de obras, teorias e concepções desenvolvidas no âmbito das ciências da natureza. Áreas do conhecimento como a Matemática, a Física e a Astronomia aplicavam noções semelhantes às que foram sugeridas por Descartes.

Ao chegarmos ao século XVIII, vemos que diversos dos intelectuais que pensaram as instituições políticas, as relações sociais e a economia foram de alguma forma influenciados pelas concepções de verdade, razão e conhecimento anteriormente acumuladas. Do mesmo jeito que Kepler e Newton conseguiram racionalmente teorizar leis físicas e astronômicas, pensadores como Montesquieu e Adam Smith pensavam ser possível compreender e apontar os princípios das instituições humanas.

É bem verdade que essas noções oferecidas pelo pensamento cartesiano puderam estabelecer pontos diversos dos princípios iluministas. No campo político, por exemplo, diversos pensadores do século XVIII concordavam ser imprudente a fusão entre os assuntos políticos e os valores religiosos. Além disso, por meio da reflexão sobre a condição humana, não conseguiam aceitar a validade das tradições jurídicas oriundas do mundo feudal.

Em contrapartida, vemos que as concepções do pensamento cartesiano foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma noção bastante rígida de razão. No século XIX, a filosofia positivista passou superestimar o racionalismo chegando ao ponto de não estabelecer os limites que o mesmo possuiu ao representar uma das várias formas que o homem pode entender o mundo. Ao longo do século XX, novas descobertas no campo das ciências humanas e exatas colocaram a razão cartesiana em xeque.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A religiosidade medieval


Diversas condições históricas contribuíram para a ascensão da Igreja na Idade Média.
Comummente reconhecido como a “Idade da Fé”, o período medieval estabelece a consolidação do cristianismo no interior de toda a Europa. Para que compreendamos esse processo, é necessário que tenhamos primeiramente conhecimento sobre a notória organização que estabeleceu uma funcionalidade ímpar a essa instituição. Por volta de 325, membros da Igreja Cristã se reuniram na cidade de Niceia para discutir um amplo leque de questões organizacionais e espirituais.

A partir desse momento, a Igreja passou a ser portadora de uma doutrina oficial que deveria ser disseminada por um corpo de representantes espalhados em toda a Europa. No século V, a hierarquia clerical seria sustentada pelos padres, que, por sua vez, seriam subordinados à autoridade dos bispos. Acima destes estavam os arcebispos e, logo em seguida, os patriarcas das mais importantes cidades europeias. No ano de 455, o bispo de Roma se tornou papa, passando a controlar a cristandade ocidental.

Historicamente, vários documentos e obras de membros do clero prestigiavam valores de caráter passivo e subordinativo. Desvalorizando a vida terrena, reforçavam que as penúrias e condições da existência material deveriam servir de alento para a espera de uma vida espiritual abundante. Com isso, a Igreja defendeu a ordem social estabelecida argumentando que o mundo feudal refletia, de fato, os desígnios de Deus para com os seus devotos.

Paralelamente, podemos assinalar que outros dogmas, como o medo da morte, a pecaminosidade do sexo e o medo do inferno, eram de grande importância para o comportamento do homem medieval. A utilização de imagens sagradas também serviu como um importante instrumento didático para inculcar os valores de subserviência e temor ligados ao pensamento cristão. Tais ações sistemáticas foram importantes para que o número de fiéis abnegados atingisse números expressivos.

A disseminação dos valores cristãos acabou não só interferindo no pensamento religioso medieval, mas também ampliou o papel da Igreja no momento em que esta passou a controlar terras e influenciar determinadas ações políticas. Não por acaso, observamos que vários membros da nobreza e outros monarcas dessa época entregaram parte de suas propriedades como uma prova de abnegação. Com isso, o papel desempenhado pelo clero na Europa Feudal atingiu os campos político e econômico.

Sem dúvida, toda essa série de práticas, valores e ações foram determinantes na transformação da Igreja em uma instituição com amplos poderes. Desde sua gênese, percebemos que o cristianismo teve que negociar com os vários hábitos e crenças das civilizações pagãs, caso quisesse ampliar o seu número de convertidos.

Além disso, devemos mostrar que a hegemonia da Igreja esteve diversas vezes ameaçada pela organização de seitas e heresias que buscavam valores não abraçados pela doutrina oficial. No século XI, as dissidências com os líderes da Igreja Oriental culminaram no Cisma do Oriente, fato que deu origem à Igreja Católica e à Igreja Bizantina. Nos fins da Idade Média, movimentos heréticos fixaram as bases de outras tensões que marcaram a Reforma Protestante, no século XVI.
Por Rainer de Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A renúncia de Fidel Castro


Fidel: mais de quatro décadas à frente de Cuba.
Líder máximo do governo de Cuba desde o processo revolucionário de 1959, Fidel Castro representou o último resquício do comunismo dentro do continente americano. Muitos afirmam que seu governo personalista não se insere nos ideários políticos de esquerda, entretanto, podemos ao menos afirmar que a trajetória desse líder político e de seu governo representou uma singular experiência na história política.

Retomando o seu processo de chegada ao poder, não podemos deixar de destacar como a ingerência norte-americana no território cubano fez de Fidel um entrave à total hegemonia política e ideológica almejada pelos Estados Unidos. Desde o processo de sua independência até o golpe de 1959, os Estados Unidos tinham Cuba como um verdadeiro quintal de sua “hegemonia”. Além de se beneficiarem com a subserviência política dos governantes locais, muitos estadunidenses tinham a ilha como um local propício para o turismo e o lazer.

Inconformado com um país onde havia desigualdade social e prosperidade da economia agro-exportadora, Fidel tentou durante toda a década de 1950 criar um grupo de revolucionários interessados em tomar o poder por meio das armas. Durante os três anos deexílio no México, onde conheceu Ernesto “Che” Guevara e formou uma nova guerrilha, Fidel retornou à ilha de Cuba disposto a executar seu plano golpista. Entrando em combate com o Exército, Fidel recuou seus homens e se dirigiu ao interior, na região da Serra Maestra.

Utilizando uma tática militar descentralizada, pequenos grupos se formaram gradativamente tomando de assalto regiões e cidades de Cuba até que, em 1959, o governo de Fugêncio Batista sucumbiu as forças revolucionárias formadas nesse período. Sem uma clara definição política perante a bipolarização ideológica do período, o novo governo cubano não tinha ainda um projeto político muito bem definido. Porém, conforme as medidas de caráter popular, como a nacionalização das empresas, a reforma agrária e a concessão de crédito a pequenos produtores, foram postas em prática e esse período de indecisão política chegava ao seu fim.

Contrários a essa política, os Estados Unidos buscaram de todas as maneiras reverter as reformas populares de Fidel. Com a impassividade do governo cubano, os EUA decidiram romper suas relações em 1961. Cuba, que dependia do mercado norte-americano, se aliou aos socialistas soviéticos. A União Soviética, dessa forma, manchou a hegemonia dos Estados Unidos no continente americano. Che Guevara, que não simpatizava com a influência soviética, se afastou do governo cubano. A partir daí, Fidel Castro consolidou um governo unipartidário e voltado à ampliação de seus poderes.

A queda do socialismo soviético, na década de 1980, provocou uma séria guinada na situação cubana. Mesmo tentando sanar as questões referentes ao abastecimento, a saúde e a educação, Fidel agora teria que remanejar uma economia desvinculada do maciço apoio soviético. Com isso, o governo cubano foi obrigado a investir no setor turístico e permitir a entrada de recursos de cubanos residentes no exterior. Nos últimos anos, acordos bilaterais com o governo da Venezuela trouxeram uma relativa superação dos problemas vividos no final do século XX.

Cercado por polêmicas e divergências a era Fidel Castro traz à tona um debate figurado pelas contradições de seu regime. Muitos apontam que a perseguição política e a miséria são os pontos que fazem de seu governo uma experiência frustrada que motivou as constantes fugas de cubanos para outros países, principalmente, para os Estados Unidos. Seus defensores, por outro lado, elogiam o posicionamento autônomo, a erradicação do analfabetismo e a excelência nos serviços de saúde como grandes triunfos da administração de Fidel.

Os sucessivos problemas de saúde de Fidel Castro o afastaram do poder causando uma verdadeira incógnita política em Cuba. Desde julho de 2006, o governo foi assumido provisoriamente por seu irmão Raul Castro. No entanto, vários analistas políticos não conseguem definir quais as possíveis mudanças na vida política de Cuba. De acordo com alguns especialistas, o governo Bush já teria em mãos um plano para dar fim à ditadura comunista do país. Sob a alegação de buscar o prevalecimento de instituições democráticas, os EUA pressionariam outras nações a exigirem uma reforma política em Cuba.

Sem dar um tom melancólico a sua saída ou incitar algum tipo de mobilização popular, Fidel declarou – depois de mais de quarenta anos de mandato – que não tem interesse em se perpetuar no poder, impedindo a chegada de outras novas lideranças políticas. Além disso, o ex-presidente cubano afirma que seu atual papel será o de um “soldado das idéias”. Mesmo não podendo dar certeza sobre o futuro político de Cuba, percebemos que o longo período de um governo focado na figura de Fidel Castro traz um grande vazio no vindouro cenário político cubano.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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