A ação dos bandeirantes foi responsável pela interiorização do território brasileiro.
Desde os primórdios, os colonizadores portugueses tinham pleno interesse em explorar as regiões interioranas do território brasileiro. A partir do século XVII, essa exploração se intensificou com a crise econômica que atingiu a economia açucareira em decorrência dos baixos valores obtidos no mercado europeu. Dessa maneira, a formação das entradas e bandeiras se tornou alternativa para que as dificuldades econômicas do período fossem superadas.
As entradas eram expedições organizadas pelas autoridades portuguesas que tinham como finalidade promover o apresamento de índios, a destruição de comunidades quilombolas e a prospecção de metais e pedras preciosas. As bandeiras, geralmente, tinham a mesma finalidade das entradas organizadas pela Coroa Portuguesa. No entanto, o bandeirantismo era um tipo de atividade promovida por particulares, em sua grande maioria, interessados na obtenção de escravos indígenas.
Durante o período em que a União Ibérica invalidou as delimitações impostas pelo Tratado de Tordesilhas, o bandeirantismo intensificou suas atividades alcançando regiões cada vez mais distantes. Nesse período, descobriram que o ataque às missões jesuíticas eram uma rentável alternativa, onde poderiam obter índios acostumados a uma rotina de trabalhos braçais. Com isso, jesuítas e bandeirantes entraram em conflito durante vários anos a fio.
As condições das viagens realizadas pelos bandeirantes eram extremamente precárias. Diferente das mais conhecidas representações que temos desse personagem histórico, os bandeirantes tinham poucos recursos para se manterem durante as longas viagens. Os grupos eram controlados por uma minoria de colonos brancos e poderiam ser formados por índios, mulheres e mestiços. Ao longo da viagem, os bandeirantes podiam ainda sofrer o ataque de animais ferozes ou de índios hostis.
Apesar de o apresamento indígena ser o principal objetivo dos bandeirantes, a busca por metais preciosos também era realizada. Por meio dessas prospecções, as primeiras regiões ricas em ouro foram descobertas no final do século XVII. Em 1695, aconteceu a primeira descoberta de ouro nas proximidades do Rio das Velhas, local onde hoje estão as cidades mineiras de Caeté e Sabará. Pouco tempo depois, outras regiões próximas formaram um dos maiores centros de exploração aurífera da colônia.
A descoberta do ouro em pouco tempo animou as autoridades portuguesas, que entraram em conflito com os colonos pelo monopólio sobre a mineração. Ao longo do século XVIII, a exploração do ouro representou a principal fonte de renda da administração colonial portuguesa. Nessa mesma época, outras entradas e bandeiras foram responsáveis pela descoberta de ouro e pedras preciosas nas regiões de Mato Grosso e Goiás.
A partir de então, o bandeirantismo inaugurou uma nova etapa nas relações econômicas na colônia. Com a intensificação do controle das autoridades portuguesas e as reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, o bandeirantismo acabou perdendo sua importância. Contudo, no período em que se consolidou como atividade econômica, a ação dos bandeirantes foi de grande importância para a ampliação dos territórios e a diversificação das atividades comerciais.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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