No debate internacional das últimas décadas sobre as questões sociais
e ambientais um dos temas mais recorrentes refere-se a agricultura. As
questões que norteiam estes debates, dentro de simpósios, encontros,
comissões, pesquisas, entre outros, oficiais e não oficiais, giram
bastante em torno do conceito de sustentabilidade, consequentemente, de
uma agricultura sustentável.
A chamada agricultura sustentável, idealizada e tão aclamada em diversos
círculos intelectuais, científicos e políticos seria um tipo
agricultura que pudesse conservar os recursos naturais e fornecesse
produtos saudáveis (ou mais saudáveis), sem comprometer os níveis
tecnológicos já alcançados de segurança alimentar dos indivíduos. Tal
conceituação resulta de emergentes pressões sociais por uma agricultura
que não prejudique o meio ambiente, a economia, a saúde, em suma, a
sociedade como um todo.
Neste sentido, a agricultura sustentável adquire num contexto
internacional um papel extremamente relevante, visto que, apesar de seus
dez mil anos, a agricultura permanece sendo a atividade humana que mais
intimamente relaciona a sociedade com a natureza, e em sentido inverso,
mas presente na relação, natureza e sociedade.
Dentro deste quadro, em que condições alimentares, saúde, meio ambiente,
economia estão todos circunscritos, ainda a que se levarem em conta as
condições de trabalho no campo, as relações inerentes desse processo. E,
além disto, em contraste com outros processos produtivos, a intervenção
humana na agricultura não é realizada com o propósito primordial de
transformar a matéria-prima, num primeiro instante. Nela, o trabalho
humano visa regular, controlar, ou mesmo submeter às condições
ambientais sob as quais as plantas e os animais crescem e se reproduzem,
pois nesse processo, há um momento de transformação que se realiza por
dinâmicas orgânico-naturais, e não pela aplicação do trabalho humano.
Assim sendo, poderíamos supor na relação homem/natureza, uma outra
vertente, natureza/homem, onde a natureza poderia exercer algum tipo de
pressão sobre os homens, por exemplo, um agricultor que sente
dificuldades em abrir e revirar o solo a fim de expô-lo a luz do sol,
utiliza um instrumento que não condiz com o esforço exigido por aquele
terreno, consequentemente seu equipamento desgasta-se mais rápido e seu
trabalho não é feito com a destreza que gostaria. Visto desta
perspectiva, ou o agricultor pode-se valer de outros equipamentos, ou
mesmo comprar outras máquinas e adquirir novas técnicas na lida com sua
propriedade.
Este ponto de vista revela a força da natureza agindo contra o homem,
sendo ele obrigado a se adaptar, transformar, e controlar suas idéias e
habilidades, técnicas e instrumentos em prol de um relativo controle
pretendido sobre a terra e a natureza.
Por Amilson Barbosa
Colunista Brasil Escola
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