Na historiografia que coloca em evidência a
agricultura brasileira, diversos autores preocuparam-se fundamentalmente
com os aspectos econômicos, sociais e políticos da exploração levada a
cabo na grande lavoura. Dentro desta perspectiva, encontramos várias
considerações acerca dos métodos de cultivo do solo. Os historiadores
observam que o amanho da terra era feito de maneira tradicional,
rotineira, de coivara, derrubada e queimada da floresta para a abertura
de novos campos de cultivo, a aplicação maximizada do sistema indígena
de agricultura e que levava a degradação do solo, queda de produtividade
e exaustão da terra. Apesar desses historiadores estarem corretos, no
final do século XIX e início do XX, diversos agricultores se preocuparam
com a exploração da terra feita pelos métodos utilizados na agricultura
brasileira, se instruíram e desejaram uma modernização ou modificação
da lavoura e exploração agrícola em diversos níveis, demonstrando um
conservacionismo incipiente.
Durante o século XIX, principalmente depois das
décadas de 1820-30, parte da sociedade brasileira, nas províncias do Rio
de Janeiro, fundamentalmente, começaram a notar os efeitos da lavoura
de derrubada e queimada das florestas, questionavam-se sobre as nuvens
de fumaça produzida por essas queimadas e que tampavam o sol de dia e de
noite as estrelas. Além disso, começaram a relacionar as secas
periódicas e a mudança do regime de chuvas à esse procedimento de
abertura de novos campos ao cultivo do café no Vale do Paraíba. Esses
fatos causavam uma baixa produtividade das culturas alimentares o que
fazia com que os preços dos alimentos aumentassem na capital do Império,
e fosse notado pela maioria dos habitantes em diversas oportunidades.
A partir das décadas de 1850-70 às críticas com
relação a degradação do meio ambiente já eram senão vulgarizadas na
sociedade, ao menos eram mais comuns. Foram organizados alguns
institutos que levavam mais em conta a produção e análise científica do
homem e a natureza, bem como os efeitos e possíveis efeitos da
exploração do ambiente na sociedade, na economia, no presente e no
futuro.
Dito isto, encontramos nas revistas de agricultura,
neste caso falando, na Revista Agrícola, órgão de publicidade da
Sociedade Paulista de Agricultura (SPA), - sociedade representante dos
cafeicultores de São Paulo -, reiteradas manifestações sobre uma
possível modificação da agricultura - para os editores e autores que
escreviam na revista, a implantação do chamavam de moderna agricultura,
agricultura científica, ou agricultura racional e inteligente. Clamavam
estas pessoas por processos modernos de lida com o solo, a utilização de
instrumentos aratórios, adubação, irrigação, seleção de sementes,
ensino agrícola nos níveis iniciais, um sistema de agricultura que fosse
mais intensivo, racional, tudo para tornar a lavoura e a produção mais
eficiente, mais rendosa e melhor utilizar as terras, evitando o seu
rápido desgaste pelos mais variados processos e procedimentos.
Problemáticas que eram desprezadas nos séculos anteriores e que
começaram a ganhar respaldo na sociedade paulista e carioca desse
período.
A criação e preocupação desses agricultores,
engenheiros agrônomos, alguns políticos, instituições de pesquisa e
ensino, tais como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e a Escola
Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (ESALQ) estão inseridos dentro
deste contexto histórico de importante destaque dentro da História do
Brasil no passado e no presente, é o início da preocupação que podemos
chamar de conservacionista, e também de pesquisas agronômica, tão
importante ao desenvolvimento da lavoura brasileira.
Por Amilson Barbosa Henriques
Colunista Brasil Escola
Colunista Brasil Escola
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