Reduto da cultura celta, a ilha da Irlanda está situada a oeste da Inglaterra. Ao longo dos séculos, as desunidas tribos locais enfrentaram várias investidas estrangeiras, como as dos vikings. Em 1175, num ataque mais organizado, o rei anglo-normando Henrique II ocupou a região.
Durante 300 anos, os anglo-normandos limitaram-se a controlar Dublin e suas cercanias. Após 1494, o rei da Inglaterra optou pela presença direta de um representante e subordinou o parlamento irlandês ao inglês.
Em 1534, o rei Inglês Henrique VIII rompeu com a Santa Sé e tornou-se o chefe da Igreja Anglicana. Tal fato desagradou o sentimento irlandês, fortemente identificado com o catolicismo.
Disso resultaram inúmeros embates entre irlandeses e ingleses, ou seja, entre católicos e protestantes. De um lado, os irlandeses lutavam pela autonomia política e religiosa; de outro, os ingleses lutavam pela manutenção da hegemonia sobre a Irlanda - e se apoderavam das melhores terras. Aos poucos, o sentimento nacional se sobrepôs às diferenças religiosas: nos séculos XVIII e XIX, muitos líderes da luta pela independência irlandesa eram protestantes.
Em 1916, ocorreu um levante republicano em Dublin. Os ingleses esmagaram o movimento, mas era evidente que seu domínio na Irlanda chegava ao fim. Em 1919, surgiu o Exército Republicano Irlandês (Irish Republican Army - IRA) que passou a utilizar-se da guerrilha e do terrorismo na luta pela independência. Em 1922, a maioria das províncias integrou o Estado Livre do Eire, autônomo, que em 1949 transformou-se numa república.
As províncias nortistas do Ulster continuaram no Reino Unido - e o IRA prosseguiu na luta para unificar a Irlanda. Nas últimas três décadas, o IRA e os grupos protestantes do Ulster que defendem a permanência no Reino Unido foram responsáveis por vários atentados na região, principalmente na capital, Belfast.
Em 1997, com a ascensão do Partido Trabalhista inglês ao poder, a criação do Euro e a nova ordem mundial, criaram-se novas condições de negociação política. E a Inglaterra tem uma nova preocupação: fortalecer-se dentro da Europa. O governo de Dublin, por sua vez, está preocupado em prosseguir com o "milagre irlandês", aproveitando ao máximo a conjuntura favorável ao desenvolvimento da economia. A suspensão dos atentados por ambos os lados foi fundamental para que as negociações pudessem existir, criando condições concretas para a pacificação da região.
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