A revolução xiita de 1979 inaugurou uma nova fase nas relações entre os iranianos e o Ocidente.
A recente história política do Irã nos demonstra como as relações de poder e os interesses econômicos entre Ocidente e Oriente estão marcadas pelo signo da desconfiança. Durante muito tempo, por conta de suas valiosas reservas petrolíferas, o Irã esteve sob a influência de outras nações como a Rússia e a Inglaterra. Muitas vezes, a exploração das ricas fontes petrolíferas do país era o pivô central de uma relação nem sempre estável.
O primeiro abalo deferido contra esta situação aconteceu no início da década de 1920, quando o golpe militar liderado por Reza Khan encerrou o controle da dinastia Kajar. Estando a frente do governo iraniano, Reza Khan mudou seu nome para Reza Pahlevi e alterou o nome da nação de Pérsia para Irã. Com isso, ele buscava levantar símbolos políticos que sugerissem a experimentação de uma nova era distante da intervenção estrangeira.
Contudo, na Segunda Guerra Mundial, a soberania política iraniana foi alvejada com uma invasão de tropas inglesas e russas em busca de petróleo. Além disso, essa mesma invasão teria sido motivada pelos preocupantes diálogos que aproximavam o governo Reza Pahlevi e os regimes totalitaristas europeus. Acuado, o chefe político iraniano decidiu abandonar o cargo e deixar o Irã sob os cuidados de seu filho, Mohammad Reza Pahlevi.
A alteração do cenário político agradava enormemente as nações ocidentais, tendo em vista os vários esforços de Mohammad em modernizar a economia nacional e estreitar as relações com o bloco capitalista. Contudo, em 1951, o primeiro-ministro eleito Mohammad Mossadegh provocou uma nova mudança ao impor a nacionalização do petróleo iraniano. A iminente ameaça aos seus interesses econômicos impulsionou os EUA a organizarem um golpe político. Com isso, temos a derrubada de Mossadegh e o retorno de Mohammad Reza Pahlevi como ditador do Irã.
Na década de 1970, a continuidade do processo de ocidentalização do Irã passou a ser veementemente combatido pela população muçulmana xiita. De orientação fundamentalista, os partidários desse movimento de oposição contra o regime de Reza Pahlevi cresceu graças à forte atuação do líder religioso do aiatolá Ruhollah Khomeini. Mesmo exilado, conseguia enviar mensagens que instigavam a realização de protestos, greves e outras manifestações de repúdio.
Em 1979, a intensificação do movimento conseguiu impor a derrubada da ditadura de Reza Pahlevi e o retorno de Khomeini para sua terra natal. Colocado como o Líder Supremo da nação, o aiatolá afastou a intervenção ocidental e privilegiou a retomada dos costumes e políticas subordinadas às tradições de fundo religioso. Dessa forma, o Irã se transformou em uma teocracia marcada por alguns elementos democráticos e, ao mesmo tempo, de natureza republicana.
A chamada Revolução Iraniana tentou ser barrada pelos EUA, que instigaram os vizinhos iraquianos a invadirem o território. Contudo, mesmo com o apoio recebido, as tropas antirrevolucionárias não conseguiram interromper o processo que se desenrolava. Ainda hoje, sendo controlados por uma elite religiosa, os iranianos sustentam um discurso oficial de aversão explícita aos EUA.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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