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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Universidades Medievais


Universidade medieval: mestres alunos em associação para o desenvolvimento do saber.


Durante boa parte da Idade Média, o acesso ao conhecimento científico e o mundo letrado ficaram restritos aos mosteiros e igrejas da cristandade daquela época. Vários membros tiveram a importante missão de preservar e reproduzir diversas das obras que integravam o saber produzido durante a Antiguidade Clássica. Contudo, esse monopólio intelectual fixado pela Igreja viria a sofrer profundas transformações com o estabelecimento do renascimento urbano-comercial.

A partir do século XII, diversos agentes sociais reivindicariam o conhecimento de habilidades que só eram possíveis com o domínio da leitura e da escrita. De fato, funcionários municipais ou membros do funcionalismo dos nascentes Estados Nacionais tinham que elaborar documentos oficiais e decretos que pudessem organizar as ações reais. Paralelamente, a burguesia também fazia semelhante reivindicação com o intuito de calcular seus lucros, elaborar contratos e redigir letras de câmbio.

Foi nesse novo contexto que algumas escolas leigas, geralmente financiadas pelo interesse burguês, surgiam com a intenção de colocar o saberes para fora dos portões da Igreja. Em pouco tempo, eficazes centros de ensino surgiriam, dando origem as primeiras universidades de que se tem notícia. Sem dúvida alguma, essa viria a ser uma das mais expressivas contribuições deixadas pela “tenebrosa” era medieval para o mundo contemporâneo.

Apesar de conhecermos tal inovação, não podemos simplesmente transportar nosso conceito de universidade para aqueles dias. Ao contrário de hoje, a universidade não era o sinônimo de um grande número de salas e prédios, onde as mais variadas áreas do conhecimento viriam a ser estudadas. No período medieval, a universidade, que em sua acepção original significava “corporação”, fazia referência ao conjunto de professores e alunos que faziam parte de uma instituição de ensino.

Inicialmente, qualquer indivíduo poderia lecionar ou aprender em uma determinada universidade. Os mestres geralmente recebiam o pagamento pelo saber repassado diretamente com seus alunos. Em situações em que um indivíduo não possuía condições para arcar com seus estudos, acabavam prestando serviços diversos para membros da população local. Em geral, desempenhavam tarefas contábeis ou trabalhavam como livreiros e copistas. Uma outra parcela, ainda, tinha seus estudos financiados por familiares mais ricos ou membros da Igreja ou do Estado.

As primeiras universidades foram surgindo de forma espontânea e acabava agregando indivíduos de diferentes origens. Com relação a essa imensa diversidade é importante ressaltar que o conhecimento científico produzido pelos árabes e bizantinos também foram de fundamental importância para o desenvolvimento dos primeiros cursos a serem lecionados. Dessa forma, vemos uma íntima relação entre o aparecimento das universidades e a circulação de conhecimento entre o Oriente e o Ocidente.

Os relatos que apontam o surgimento de universidades indicam que as primeiras teriam aparecido nas cidades européias de Oxford, Paris e Bolonha. Geralmente, um aluno universitário era admitido bastante jovem, podendo ingressar nas diferentes escolas com idade entre 12 e 15 anos de idade. Inicialmente, seus estudos começavam na escola de artes liberais, onde tinham contato com dois programas de disciplinas: o trivium e o quadrivium.

No trivium, eram ensinadas as matérias que também poderiam compor as chamadas ciências das palavras. Nesse período eram promovidas aulas de gramática latina, retórica e lógica. Passado esse estágio inicial, cursava nas matérias do quadrivium, ou “ciências das coisas”, que abraçava as disciplinas de aritmética, geometria, astronomia e música. Depois disso, o aluno estava apto para exercer algum tipo de atividade ou, ainda, se especializar em direito, medicina e teologia.

Apesar de simbolizar um espaço para o livre desenvolvimento da ciência, as universidades ainda vão se subordinar ao controle clerical. Nesse sentido, a Igreja será responsável pela instituição da Licentia Docendi, uma espécie de licença para ensinar emitida por membros do clero. Além disso, assim como alguns governos, também vão transformar os mestres em funcionários pagos por eles. Dessa forma, diversos anseios políticos e sociais viriam a influir no desenvolvimento do saber daquela época.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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