James Monroe instituiu um princípio diversamente interpretado ao longo da história dos EUA.
A chamada Doutrina Monroe, sob seu aspecto formal, pretendia postar a posição dos EUA enquanto liderança continental capaz de garantir a soberania das nações latino-americanas frente às potências européias. Entre outros princípios, essa doutrina defendia que nenhuma nação americana poderia ser recolonizada. Além disso, pautava a autonomia econômica dessas mesmas nações, assinalando que a Europa não poderia interferir nos negócios estabelecidos pelas nações da América.
Entretanto, esse princípio de autonomia e soberania política continental era contrário à necessidade que alguns líderes viam em ampliar as áreas de influência econômica dos EUA. Dessa forma, a postura de liderança acabou sendo reinterpretada como um meio pelo qual os Estados Unidos poderiam apoiar as nações latino-americanas com o claro interesse de fixar seus interesses econômicos.
Um dos primeiros episódios que indicaram essa prática política aconteceu quando os EUA declararam guerra à Espanha alegando ser contrários à colonização de Cuba e Porto Rico. Em fevereiro de 1898, uma embarcação norte-americana explodiu no porto de Havana, capital de Cuba. A imprensa dos EUA logo se mobilizou em torno de uma campanha que atribuiu o fato às autoridades espanholas. Valendo-se de tais suspeitas, os EUA enviaram tropas militares para uma guerra que se deflagrou entre 1899 e 1901.
Além de garantir a independência de Cuba, a vitória estadunidense sobre os espanhóis ainda rendeu a conquista sobre as Filipinas, a ilha de Guam, e da região de porto Rico. A recém-independente nação cubana ainda teve que aceitar a incisão de um artigo em sua constituição conhecido como Emenda Platt. Nela, os EUA teriam o direito de preservar uma base militar na região de Guantânamo e o direito de intervir nos assuntos políticos cubanos.
Ao longo do século XX, o nada coerente princípio de autonomia da Doutrina Monroe fora manchado com mais uma ação imperiosa dos EUA. Em 1903, os EUA ajudaram militarmente o Panamá a conquistar sua independência em relação à Colômbia. Em troca, barganharam o direito de construir um canal que ligaria os oceanos Atlântico e Pacífico. O canal, que renderia grandes quantias por sua importância econômica e geográfica, ficou durante décadas sendo exclusivamente administrado pelos EUA.
Dessa maneira, o discurso de James Monroe (onde defendia a “América para os americanos”) parecia reafirmar uma perspectiva que olhava positivamente para a ação dos EUA. Ao longo do século XX, o intervencionismo ganhou novas interpretações como o Corolário Roosevelt ou o princípio de guerra preventiva, defendido por George W. Bush.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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