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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Literatura Medieval


A literatura medieval teve grande avanço com a disseminação dos idiomas nacionais.


Durante a Idade Média, a produção literária esteve claramente vinculada aos processos de ordem política e social da época. Em meio às invasões bárbaras, ocorreu um processo de ruralização da sociedade que dificultou a produção literária entre os séculos V e X. De fato, a grande parte da população medieval não tinha acesso aos livros e nem sequer dominava a escrita de algum idioma.

Um exemplo dessa situação pode ser visto nos próprios destinos tomados pelo processo de cristianização da Europa. Por não saberem ler, muitos dos convertidos tinham acesso às narrativas bíblicas e hagiográficas por meio de imagens que buscavam estruturar uma narrativa. Dessa forma, podemos ver que a adoração a imagens ganha espaço mediante as dificuldades impostas pela falta de obras e instituições que pudessem facilitar o acesso à literatura.

Na Alta Idade Média, podemos assinalar que o Império de Carlos Magno (800 - 887) foi um dos momentos singulares em que as atividades culturais e intelectuais, incluindo aí a literatura, tiveram relativo prestígio. Várias escolas tiveram a função de ensinar e preservar o legado deixado pela civilização greco-romana. No mais, os mosteiros foram os mais importantes e significativos centros de preservação e produção intelectual de escritos influenciados pela Antiguidade.

Saindo dos limites da Europa Feudal, não podemos nos esquecer da rica produção literária organizada pelos povos convertidos ao islamismo. “O Livro dos reis e Rubayat”, de Omar Khayan, e “As mil e uma noites” se destacam como grandes exemplos da literatura árabe. Ao mesmo tempo, podemos também indicar o grande trabalho de tradução que Averróis e Córdoba fizeram da filosofia grega para a língua árabe.

Atingindo a Baixa Idade Média, podemos ver uma transformação muito interessante na literatura europeia. As línguas nacionais (também conhecidas como línguas vulgares) começaram a quebrar o monopólio que o latim exercia na maioria dos documentos escritos. A poesia épica, marcada pela temática militar, descrevia a coragem dos nobres cavaleiros. “Poema do Cid”, “Canção dos Nibelungos” e “Canção de Rolando” são alguns dos mais importantes exemplos dessa vertente literária.

No século XII, o trovadorismo inaugurou uma nova fase da poesia medieval em que o ambiente de cavalaria passou a dividir espaço com a figura da mulher. O trato refinado, os galanteios e o amor entraram em cena. Nesse mesmo contexto, o desenvolvimento das cidades abriu espaço para que o fabliaux surgisse como um tipo de literatura satírica para que as autoridades, senhores feudais e clérigos fossem criticados pela letra de seus vários autores.

Décadas mais tarde, vemos que o aparecimento das universidades também contribuiu para que vários estudantes concebessem paródias bem humoradas sobre os textos oficiais. Também conhecidos como “poetas goliardos”, esse escritores anônimos abusavam da irreverência para criticar os valores de sua época. “Carmina Burana” é uma das obras que melhor representa a ação crítica desempenhada por esses escritores do baixo medievo.

Alcançando o final da Idade Média, já podemos observar que os valores mundanos começaram a se contrapor à predominância dos valores religiosos. A preocupação dos intelectuais e artistas em pensar na condição humana trilhava os primeiros passos da Renascença. Entre outros exemplos, “A Divina Comédia”, do poeta italiano Dante Alighieri, e “O Romance da Rosa”, de João Menung e Guilherme de Lorris, identificam essa mudança de ênfase e tema.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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