A invasão dos hicsos estabeleceu um capítulo à parte na história do Antigo Egito.
Durante o Médio Império Egípcio (2000 – 1580 a.C.), a reconstituição da estrutura de poder centralizada não foi capaz de encerrar as disputas políticas entre o faraó e os demais representantes da elite religiosa e administrativa do Egito. Por volta do século XVIII a.C., a pressão exercida por membros da nobreza contra a autoridade faraônica estabeleceu um grave desacordo. Muitos membros da elite, interessados em desafiar o poder do faraó, permitiram que povos estrangeiros adentrassem o território.
Justamente em meio a essas contendas que os hicsos (civilização de origem asiática) estabeleceram a ocupação pacífica da região norte do império egípcio. Conforme levantado por alguns pesquisadores, a chegada dos hicsos se deu por conta da rigorosa seca que tomava conta de seu lugar de origem. Dessa forma, podemos concluir que este povo se deslocou até o nordeste da África com o intuito de usufruir das ricas terras e grandes mananciais disponíveis.
Enquanto as disputas políticas tomavam o Egito, os hicsos empreenderam o desenvolvimento de sua economia e sociedade. Além disso, tiveram a astúcia de formar um poderoso exército munido de armas bastante resistentes e hábeis cavalos de guerra. Dessa forma, quando iniciaram o processo de dominação contra os egípcios, não tiveram dificuldades maiores para vencer as instáveis forças que controlavam a região do Delta do Rio Nilo.
Após se firmarem politicamente no Egito, os hicsos decidiram fixar a capital do Baixo Egito na cidade de Avaris. Enquanto isso, a dinastia de faraós, que anteriormente controlava toda extensão do território, mudou a capital para Tebas; cidade do Alto Egito, garantindo dessa forma o controle sob algumas partes da região sul. Durante quase um século, essa divisão política permaneceu estável graças ao bom convívio entre os dois governos que controlaram o Vale do Rio Nilo.
Contudo, essa relação equilibrada entre a autoridade hicsa e egípcia sofreu um forte abalo por conta de uma rixa aparentemente banal. Segundo o relato de documentos desse período, muitas dessas brigas aconteciam porque os governantes hicsos buscaram de todas as formas legitimar e estender seus poderes adotando várias das tradições e costumes desenvolvidos pelos egípcios. Em contrapartida, os egípcios não se conformavam com a perda de uma rica e significativa parcela de seus domínios.
Por volta de 1580 a.C., durante o governo do faraó egípcio Amósis I, os conflitos militares contra os hicsos se intensificaram. Para conseguir recuperar a unidade política do antigo Império Egípcio, as tropas egípcias tiveram que superar duas frentes de batalha: uma ao norte, comandada pelos hicsos e outra ao sul, sob a liderança dos núbios, povo que cooperou militarmente em favor dos hicsos. Após a vitória, o Novo Império (1580 – 525 a.C.) inaugurou uma nova etapa da supremacia imperial egípcia.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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