Os mujahedins contaram com o apoio militar norte-americano para combater as tropas russas.
Ao longo de sua história, o Afeganistão foi alvo de diversos conflitos que colocaram este país em uma situação desoladora. Muitos dos conflitos ali desenvolvidos se davam por conta de sua localização privilegiada, responsável pela interligação entre Oriente Médio, Índia e o restante da Ásia Central. Alvo da expansão do mundo árabe, no século VII, a região se tornaria um verdadeiro caldeirão de crenças, colocando budistas, hindus e muçulmanos em um mesmo território.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), o governo passou a ser controlado pelo militar Mohammed Daud Khan. No primeiro momento em que este estava no poder, aproximou-se do governo soviético buscando o estabelecimento de acordos econômicos e ajuda militar. Após dez anos de um governo que abolia determinados costumes religiosos no país, Mohammed sofreu um golpe militar que o retirou da vida política afegã ao longo de toda uma década.
No ano de 1973, restabeleceu os contatos com o governo soviético e permitiu mudanças alinhadas às diretrizes do socialismo soviético. Contudo, foi mais uma vez atingido por um movimento golpista em 1978, quando os integrantes do Partido Democrático do Povo do Afeganistão tomaram o poder e assassinaram Mohammed Daud Khan. Com o novo incidente político, os soviéticos decidiram intervir na questão afegã ao exigir a deposição do novo presidente Hafizullah Amin.
Sem obter uma resposta favorável das novas lideranças afegãs, o governo russo decide enviar um bem preparado exército que deveria varrer todos aqueles que se opusessem à indicação de Barbak Karmal para a presidência do país. Enquanto isso, os mujahedins –grupo de guerrilheiros afegãos contrários à intervenção russa – lutavam contra as tropas soviéticas. Em pouco tempo, tal resistência passou a contar com o apoio financeiro e bélico de nações como China, Estados Unidos, Irã, Paquistão e Arábia Saudita.
A partir desse momento, as tropas soviéticas passariam a sofrer sucessivas derrotas contra o moderno aparato militar fornecido pelas nações aliadas ao Afeganistão. Dessa maneira, o presidente Mikhail Gorbatchev anunciou a retirada das tropas russas do território afegão. Em 1988, lideranças soviéticas, norte-americanas, afegãs e paquistanesas assinaram um acordo de paz que deu fim ao conflito. Com essa derrota, o bloco socialista dava mais um sinal de seu vindouro esfacelamento.
Apesar do fim da guerra, outros conflitos viriam a tomar conta do território afegão. Diversos grupos dissidentes tentariam derrubar o novo governo de Mohammad Najibullah. No ano de 1992, diversas milícias tomaram conta da capital Cabul e promoveram a deposição do presidente Najibullah. O novo governo empossado tentou empreender uma colisão entre os guerreiros mujahedins e os integrantes da etnia tadjique.
Contudo, os afegãos pertencentes a maioria étnica pashtun passaram a integrar o exército radical islâmico Talebã, que repudiava a integração política dos diferentes grupos étnicos e religiosos do país. Em 1996, esse movimento ortodoxo conseguiu tomar a capital afegã. A partir de então, um terrível governo fundamentalista deu prosseguimento a uma terrível disputa militar que ceifou milhares de vidas. Nessa época, a oposição dos EUA ao regime talebã despertou o ódio de diversos terroristas muçulmanos.
Entre estes estava o milionário árabe Osama Bin Laden, que em 1998 era apontado como principal suspeito dos atentados terroristas às embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia. Em apoio aos EUA, a Organização das Nações Unidas impôs uma série de sanções econômicas ao governo afegão na tentativa de conseguir que os talebans entregassem Bin Laden. No entanto, o terrorista conseguiu fugir da perseguição imposta pelas autoridades norte-americanas.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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