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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Fatores determinantes das Cruzadas


Cruzadas: várias justificativas para o confronto medieval entre cristãos e muçulmanos.


A partir do século XI, o mundo medieval sofreu uma série de transformações que incidiram diretamente sobre a ordem feudal. O crescimento demográfico experimentado nessa época estabeleceu uma conflitante relação com a baixa produtividade que marcavam a produção agrícola dessa época. Mesmo com o desenvolvimento de melhores técnicas de plantio – principalmente a partir da invenção do arado de ferro e a melhoria dos moinhos hidráulicos – a demanda por alimentos era maior que a produção.

Dessa maneira, muitos dos senhores feudais começaram a instituir o aumento das obrigações servis cobradas sob a população campesina. A formação desse excedente populacional ainda seria responsável por um processo de marginalização onde muitos eram expulsos dos feudos e, por isso, passavam a se sustentar por meio da mendicância ou da realização de pequenos crimes. De fato, podemos perceber que o mundo medieval passava por uma visível transformação.

No interior da classe nobiliárquica houve uma importante mudança no que se refere ao direito de posse das terras. Para que não tivesse seu poder diluído, os senhores feudais começaram a deixar suas propriedades como herança somente aos filhos mais velhos. Com isso, a instituição do chamado direito de primogenitura obrigava os filhos mais novos dos senhores feudais a buscarem outros meio de vida oferecendo serviços militares em troca de terras ou outras fontes de renda, como a cobrança de pedágio.

Em meio a essas mudanças, podemos perceber que tanto nobres como camponeses se tornaram vítimas de um processo de marginalização que ameaçava a estabilidade da ordem feudal. Para que esse problema fosse resolvido, a Igreja mobilizou essa população para que formassem exércitos religiosos incumbidos da tarefa de expulsar os muçulmanos da Terra Santa. Tal ação foi oficializada no Concílio de Clermont, em 1095, onde o papa Urbano II defendeu o processo de expulsão dos árabes muçulmanos.

Afinal, quais seriam as motivações da Igreja para que se mostrasse favorável à retirada dos muçulmanos daquela localidade? Há muito tempo, desde a expansão islâmica, os árabes vinham dominando as terras da sagrada cidade de Jerusalém. No entanto, no final do século XI, a região tinha sido tomada pelos turcos seldjúcidas, que – mesmo sendo igualmente convertidos ao islamismo – não tinham a mesma postura flexível dos árabes ao não permitir a entrada de cristãos em Jerusalém.

Paralelamente, a Igreja também sofria um processo de retração da sua hegemonia religiosa quando o Cisma do Oriente (1054) dividiu a autoridade do mundo cristão entre o papa de Roma e o patriarca de Constantinopla, fundador da chamada Igreja Ortodoxa Grega. Além disso, vários monarcas bizantinos se mostravam inclinados a restabelecer a unidade da Igreja sob o domínio de Roma, caso o papa os auxiliasse com o processo de expulsão dos turcos seldjúcidas de seus domínios.

Dessa forma, percebemos que o movimento cruzadista aconteceu em decorrência de uma série de fatores que contribuíram na formalização deste fato histórico. O crescimento populacional na Europa, o processo de marginalização nos feudos, a divisão do poder religioso da Igreja Romana e a expansão territorial dos turcos seriam os principais fatores explicativos para tal evento.

Pouco tempo depois, considerando as várias cruzadas que foram organizadas, devemos também incluir o interesse dos comerciantes italianos. Esse novo grupo que se firmava em cidades como Genova e Veneza financiaram algumas cruzadas com o propósito de conquistar as atraentes rotas comerciais que ligavam o Oriente ao Ocidente. Dessa forma, as Cruzadas podem ser compreendias como um processo histórico marcado por questões religiosas, políticas e econômicas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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