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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Criacionismo


Criacionismo, uma teoria com diferentes versões.
A questão sobre as origens do homem remete um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida humana e, implicitamente, porquê somos o único espécime dotado de características que nos diferenciam do restante dos animais.

Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas o homem busca resposta para essa questão. Neste âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação. Ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.

A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana. Já a mitologia chinesa atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.

O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, sendo que algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.

Sendo um tema polêmico e inacabado, a origem do homem ainda será uma delicada questão capaz de se desdobrar em outros debates. Dessa forma, cabe a cada um julgar e adotar, por meio de critérios pessoais, a corrente explicativa que lhe parece mais plausível.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Crise de 29


Um retrato da Crise de 1929: investidor falido vendendo seu carro por apenas 100 dólares.


O fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) colocou os Estados Unidos em um novo panorama econômico. De maior devedora, a economia norte-americana se transformou na principal credora da economia mundial. Além disso, expandiu o seu parque industrial ao ponto de reter em suas mãos praticamente um terço de todos os produtos industrializados que percorriam o mundo. Mediante tanta prosperidade, vemos que imigrantes de todo o mundo buscavam viver o tal “american way of life”.

O momento de expansão e euforia acabou se refletindo no comportamento do mercado de ações daquele país. Cidadãos das mais variadas classes sociais sonhavam em ascender socialmente investindo grande parte de suas economias no setor de ações. Esperando que a economia sustentasse patamares de crescimento constantes, vemos que a população norte-americana parecia realmente viver um sonho, a ilusão de que seu país não mais reconhecia limites.

Acreditando piamente nos princípios do liberalismo clássico, os governantes norte-americanos não enxergavam a necessidade de interferir nessa incessante onda especulativa. Com o passar do tempo, a capacidade de consumo dos norte-americanos passou a ser superada pela enorme quantidade de mercadorias produzidas pelas indústrias. No entanto, a despeito dessa tendência, as bolsas de valores insuflavam a especulação financeira sobre empresas que só ampliavam suas vendas e mercados.

Contudo, já em 1928, o estouro dessa bolha financeira começou a se manifestar quando o preço das mercadorias acumuladas começou a despencar e as empresas se viram forçadas a reduzir seu quadro de funcionários. Já no ano seguinte, muitos investidores se desesperavam tentado realizar a venda de suas ações para outros possíveis investidores. No dia 24 de outubro daquele ano, uma avalanche de ofertas e a ausência de compradores sentenciaram a quebra da Bolsa de Nova York.

Do dia para a noite, investidores milionários perderam tudo o que tinham em ações sem o menor poder de compra. A situação caótica levou muitos deles a subir no alto dos prédios e dar fim às suas próprias vidas. Milhares de trabalhadores perderam os seus empregos e nações que dependiam do investimento norte-americano viram a sua própria ruína. Na projeção de um incrível efeito dominó, diversas economias do mundo se viram gravemente prejudicadas.

Visando uma solução para o problema, o eleitorado norte-americano promoveu a vitória do democrata Franklin Delano Roosevelt para a presidência. Sob a sua tutela, a economia norte-americana revisou os princípios liberais e empreendeu a intervenção do Estado na economia com a criação do New Deal. No outro lado do Atlântico, vemos a ascensão de regimes totalitários que negavam o capitalismo através da instalação de governos fortemente centralizados.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Crise do Mundo Feudal


O desenvolvimento das atividades comerciais trouxe novos hábitos de consumo às populações medievais.
As transformações sofridas, a partir do século XII, na Europa Medieval deram início para a implantação de um novo sistema econômico não mais baseado nas relações servis e na produção subsistente. O capitalismo mercantil viveu um processo de idas e vindas onde o sistema econômico fechado instalado pelo feudalismo perdeu espaço para uma economia mais dinâmica e favorável ao desenvolvimento das cidades e a constante circulação de bens e pessoas.

Em algumas regiões, os senhores feudais começaram a integrar a produção agrícola de suas terras ao desenvolvimento urbano-comercial. As relações servis anteriormente utilizadas para organizar o trabalho agrícola foram abrandadas em relações livres de trabalho onde os camponeses trabalhavam em troca de um salário. Esse conjunto de trabalhadores assalariados era proveniente dos antigos servos e vilões, passando a serem designados como jornaleiros.

O crescimento dos centros urbanos fez com que muitos nobres e servos se sentissem atraídos por aquele novo ambiente. Muitos nobres deixaram de viver em suas terras para deixá-las a cargo de um administrador ou arrendar parte de seus territórios em troca de uma quantidade em dinheiro. Isso, no entanto, não significou a completa extinção da classe nobiliárquica ou da classe servil. Essas experiências de abertura não foram generalizadas a todo o continente europeu.

Em algumas partes do Velho Continente, principalmente na Europa Oriental, os senhores feudais passaram a impor tributações cada vez mais pesadas aos seus subordinados. Esse tipo de restrição acontecia como uma forma de conter a evasão da força de trabalho disponível que porventura quisesse viver nos nascentes centros urbanos. Além disso, esse enrijecimento também era uma exigência colocada em regiões onde a disponibilidade de terras férteis era menor.

O período de transformação combinada à prosperidade econômica pode ser bem observado entre os séculos XII e XV. No entanto, essa trajetória não viveu em sentido ascendente durante todo esse período. Especificamente no século XIV temos um conjunto de agitações que refreou o desenvolvimento do comércio e a expansão das cidades medievais.

Na primeira metade do século XIV, entre 1346 e 1353, uma epidemia de peste bubônica (na época chamada de peste negra) aniquilou aproximadamente um terço da população européia. Tantas mortes fizeram com que a produção agrícola tivesse uma queda abrupta seguida pela retração das atividades comerciais. Os remanescentes da epidemia exigiam melhores condições de vida e maiores parcelas da produção agrícola.

Em resposta à tensão instalada no campo, os senhores de terra impunham leis que impediam a saída deliberada dos servos das propriedades. Nas cidades, os artesãos também tiveram que se contentar com uma redução salarial por conta da diminuição das transações comerciais. O resultado desse antagonismo vivido durante o século XIV foi vislumbrado por meio de uma série de revoltas camponesas conhecidas como “jacqueries”.

A retração observada nesse período assinalado acabou fazendo com que o século seguinte se transformasse em uma fase de profunda reestruturação da ordem social, política e econômica da Europa. No século XV temos a busca por novos mercados consumidores através do processo de expansão marítima e a formação dos Estados Nacionais. A Europa passou a ampliar seus horizontes com a descoberta de novas terras por meio de Estados centralizados e comprometidos a essa nova realidade.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Crise do Petróleo


As crises do petróleo abalaram seriamente a economia internacional nas décadas de 1970 e 1980.



Transformado em uma das mais importantes fontes de energia do mundo, o petróleo ainda ocupa posição fundamental no sustentáculo de várias economias. Atualmente, a variação do preço do barril no mercado internacional é capaz de provocar crises econômicas de grandes proporções. Desde os mega investidores até os mais simples consumidores da cadeia econômica, se transformam em um frágil alvo das oscilações do “diamante negro”.

A expansão de seu consumo aconteceu, inicialmente, graças à popularização dos automóveis produzidos em série e a utilização de motores combustíveis em outros meios de transporte. Com isso, na primeira metade do século XX, grandes indústrias petroleiras buscaram capitanear a exploração desse recurso, principalmente no Oriente Médio. Frágeis ou mesmo sem condições de controle, essas nações viram sua riqueza nacional sistematicamente explorada.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, essa situação se transformou com a ascensão de governos interessados em controlar a exploração de petróleo em seus próprios países. Em posição frágil, por conta das terríveis perdas causadas pelas guerras, as grandes nações capitalistas não tiveram outra opção a não ser reconhecer a nova política das nações médio-orientais. Enfim, era melhor reduzir os lucros da exploração do que correr o risco de não ter acesso aos valiosos barris de petróleo.

Apesar disso, outras questões políticas serviram para que o controle exercido pelas nações do Oriente Médio causasse serias preocupações aos grandes capitalistas. No começo da década de 1970, as nações produtoras começaram a regular o escoamento da produção petrolífera por conta de sua natureza não renovável. Em 1973, o valor do barril mais que triplicou em um curto período de três meses.

Nessa mesma época, a crise entre os produtores orientais e o bloco capitalista piorou com o estouro da Guerra do Yom Kippur. Esse foi um dos vários conflitos entre árabes e judeus envolvendo os territórios da Palestina. Discordando da ofensiva judaica, as nações árabes vizinhas, produtoras de petróleo, organizaram um boicote contra toda a nação que apoiasse a causa dos israelenses. Não suportando a elevação do barril para a casa dos US$ 40,00, vários países abandonaram a guerra.

Outra crise de grandes proporções também aconteceu no ano de 1979, quando os iranianos organizaram a deposição do ditador Xá Reza Pahlevi. Com a sua saída do poder, o cenário político do Irã foi controlado pelos xiitas apoiadores do aiatolá Khomeini. Até a organização do setor petrolífero desta nação, o barril de petróleo atingiu o estratosférico preço de US$ 80,00. Somente na segunda metade da década de 1980 que o valor do petróleo passou a diminuir.

O destaque destas duas crises indica que a economia de nações poderosíssimas está intimamente ligada a essa fonte de energia. Sendo o petróleo um recurso natural não renovável, muitos países investem na exploração de outras fontes de energia que possam sustentar o quadro econômico futuro. Contudo, ainda é difícil imaginar as várias transformações que um mundo sem petróleo poderia exercer na economia, na sociedade e, até mesmo, no jogo político internacional.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Crise dos Mísseis


Enquanto a ação soviética é denunciada na ONU, Kennedy e Kruschev discutem a paz entre seus países.


Na década de 1960, os olhos do mundo se voltavam para uma pequena ilha centro-americana que, por meio de uma revolução armada, derrubou a hegemonia política dos EUA na América Latina. Naquele período, a ilha de Cuba se tornou um enorme atrativo político capaz de instigar o temor e a admiração de muitos políticos. Para os EUA, aquela situação representava uma séria ameaça aos seus interesses econômicos, políticos e ideológicos.

Não por acaso, as autoridades norte-americanas buscaram todas as formas para conter a consolidação do Estado revolucionário cubano. Sem obter uma resposta favorável, o presidente John F. Kennedy decidiu, no início de 1961, findar as relações diplomáticas com o governo cubano. Alguns meses depois, organizou um grupo de soldados cubanos e estadunidenses para derrubar o governo de Fidel Castro por meio de uma invasão à Baía dos Porcos.

O chamado “Ataque à Baía dos Porcos” acabou não surtindo o efeito esperado e o insucesso daquela manobra militar poderia representar sérios riscos para os interesses dos EUA. Após esse incidente, Fidel Castro se aproximou do bloco socialista promovendo um intenso diálogo com o presidente russo Nikita Kruschev. Dessa nova aliança, nasceu um plano que materializou uma das maiores crises políticas da Guerra Fria.

Segundo relato, no dia 14 de outubro de 1962, um avião de espionagem norte-americano sobrevoou o território cubano em busca de informações sobre o local. Nessa missão, coletou uma série de imagens do que parecia ser uma nova base militar em construção. Após um estudo detalhado das imagens, as autoridades norte-americanas descobriram que os soviéticos estavam instalando diversos mísseis capazes de carregar ogivas nucleares em Cuba.

Pela primeira vez, os norte-americanos sentiram-se ameaçados pelos horrores das mesmas armas que protagonizaram o ataque nuclear de Hiroshima e Nagasaki. Para alguns analistas, a ousadia da manobra militar cubano-soviética poderia dar início a uma nova guerra em escala mundial. Dessa forma, entre os dias 16 e 29 de outubro daquele mesmo ano, foi iniciada uma delicada rodada de negociações que deveria conter a ameaça de uma guerra nuclear.

Após um intenso diálogo, marcado inclusive com uma reunião entre Kennedy e Kruschev, os soviéticos decidiram retirar todos aqueles mísseis apontados para a nação-líder do bloco capitalista. Na verdade, a possibilidade de guerra era impossível, já que ambos os lados tinham um poder bélico de destruição capaz de aniquilar completamente o inimigo. Depois disso, acordos proibindo a proliferação de armas nucleares foram assinados pelas lideranças socialistas e capitalistas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Crise no Império Romano

Vários elementos contribuíram para o desaparecimento do Império Ocidental.

O mapa retrata a dimensão do Império Romano, formado durante o período republicano, sob o comando dos patrícios, envolveu todo o Mar Mediterrâneo, que passou a ser chamado de “Mare Nostrum”. Pelo Mediterrâneo passaram a ser transportadas as riquezas exploradas nas diversas províncias de Roma, gerando grande enriquecimento dos mercadores e dos dirigentes do Estado, elementos da camada patrícia. Essa classe social passou cada vez mais se beneficiar do controle da burocracia estatal, uma vez que, contraditoriamente as terras conquistadas passaram a fazer concorrência com a produção romana. Mesmo após o início do Império, os patrícios continuaram a viver da exploração das províncias e do controle da máquina político administrativa.

Entre os séculos II e III o Império começou a sentir os sinais da crise, a diminuição do número de escravos, as rebeliões nas províncias, a anarquia militar e as invasões bárbaras. Com relação às invasões é importante notar que a região européia do império passou a ser ocupada por povos nômades, de diferentes origens e em alguns casos, que realizavam um processo de migração, ou seja, sem a utilização de guerra contra os romanos. Vários desses povos foram considerados aliados de Roma e a eles confiada a defesa da fronteira do Império.

Vários elementos contribuíram para o desaparecimento do Império Ocidental.
A crise econômica determinada pela crise do modo de produção escravista determinou um acentuado processo de ruralização populacional, determinando novas formas de organização sócio-econômica baseada no trabalho do colono e no desenvolvimento da Villae, grande propriedade que tendeu a auto-suficiência e a uma economia natural.
O enfraquecimento e descentralização da economia determinaram a decadência do poder central e, a fragmentação do império do Ocidente, substituído por diversos Reinos Bárbaros.

Artigos de Crise no Império Romano


O Carnaval na Antiguidade


Os povos antigos promoviam a inversão do mundo em diferentes manifestações populares.


Ao pesquisarmos sobre os festejos que marcam o carnaval, geralmente nos deparamos com a lógica e a significação instituídas pelo calendário cristão. Sob esse contexto, o carnaval compreende um período de celebração que antecede a resignação espiritual que inclui o período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o Domingo Pascoal. No entanto, quando observamos as manifestações de outras civilizações milenares também conseguimos notar a prática de celebrações de tom carnavalesco.

Pesquisando sobre os povos orientais, podemos apontar a anulação temporária das convenções sociais e das outras distinções que organizavam seu mundo. Entre os babilônios havia a organização de festas anuais de verão, conhecidas como Sacéias. No seu conjunto, tal festividade era orientada pela inversão completa das hierarquias sociais. Ao longo de um período de cinco dias, os servos poderiam incorporar os gestos e comportamentos de seus superiores.

Outra instigante manifestação organizada durante a Sacéia envolvia a escolha de algum prisioneiro para ocupar o lugar da autoridade real. Nesse curto período, o reles detento poderia vestir as roupas do rei, comer em sua mesa e até desposar as mulheres do mesmo. Após a experiência de regalo e alegria, o pobre coitado era submetido à chicotadas e depois morto por algum cruel ritual de execução. Tragicamente, a inversão da realidade chegava ao seu fim.

Em outro tipo de manifestação, os babilônicos tinham o costume de assinalar os limites da autoridade monárquica por meio de um curioso procedimento religioso. Durante os primeiros dias de cada novo ano, um sacerdote retirava do rei todos os emblemas que indicavam seu poder e o expunha a várias agressões físicas. Logo em seguida, o rei era levado aos pés do deus Marduk para declarar que não havia abusado do poder. Finalmente, era novamente consagrado e a ordem normal das coisas era restabelecida.

Os assírios também realizavam outra celebração bem próxima de algumas ações comumente observadas no carnaval de rua contemporâneo. No mês de março, os integrantes dessa poderosa civilização organizavam uma festa em tributo à deusa Ísis, divindade de origem egípcia responsável pela proteção dos navegantes. Os seus participantes costumavam utilizar máscaras durante uma procissão em que um carro transportava uma embarcação a ser oferecida para a deusa.

Na Roma Antiga, as chamadas Saturnálias eram festas em que toda a população estava livre das distinções sociais que orientavam sua vida cotidiana. Durante uma semana, os senhores utilizavam os chapéus de seus subordinados e ofereciam comida aos seus serviçais. Na mesma época, um rei era sorteado para ter todos os seus desejos prontamente atendidos. Dessa maneira, a tradição renovadora que assinala o carnaval pode impressionantemente atravessar os séculos.

Após a disseminação do cristianismo e a consolidação da hierarquia católica, as festas carnavalescas sofreram diversos episódios de perseguição. De acordo com os líderes da Igreja Cristã, as inversões e situações fantasiosas afrontavam o mundo criado pelo Senhor. No entanto, mesmo com sua influência e poder, a Igreja não conseguiu dar fim a essas festividades que ainda se mostram vivas em diversas culturas espalhadas pelo mundo.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

O Clero


Os membros da Igreja tiveram grande poder e influência no mundo medieval.


Com o desenvolvimento da fé cristã pela Europa, a Igreja passou a ter um papel de ação social e político cada vez mais amplo nos tempos medievais. Desde sua conjunção com o Estado Romano, os membros eclesiásticos dispensavam esforços para organizar a sua própria hierarquia, determinar as crenças e realizar a conversão dos pagãos. No século IV, o Concílio de Niceia definiu as bases doutrinárias da religião e o combate às dissidências interpretativas.

No século seguinte, a hierarquia da Igreja se mostrava organizada em uma complexa estrutura. Na base estavam os padres, responsáveis pela condução das paróquias espalhadas em uma mesma diocese. Logo em seguida, os bispos tomavam conta de uma província e os arcebispos das capitais das províncias. No topo se encontravam os patriarcas, que tomavam conta das mais importantes cidades; e o papa, líder máximo que determinava as ações de todos aqueles que ocupavam os escalões inferiores.

Com o passar do tempo, observamos que essas ações de organização religiosa e administrativa passaram a conviver com outra situação. A doação de feudos como sinal de devoção acabou fazendo com que a Igreja se transformasse em uma grande proprietária de terras. Nesse novo contexto, a influência exercida no campo da fé passou a se estender para o campo político e econômico. Em pouco tempo, o celibato entre os clérigos apareceu como uma medida que conservava as propriedades eclesiásticas.

O constante envolvimento da Igreja com questões políticas e econômicas acabou abrindo portas para outra divisão no interior da instituição religiosa. Já na Baixa Idade Média surgiram ordens interessadas em se abster das questões materiais e viver somente em função do plano da espiritualidade. Através de votos de castidade, pobreza e silêncio, estes clérigos buscavam uma experiência espiritual mais elevada e afastada das tentações do mundo material.

Nasceu assim o movimento monástico, onde os cenobitas, mais conhecidos como monges, habitavam o interior dos mosteiros em busca do cumprimento dessa vida de resignação espiritual. No século VI, o monge Bento de Núrsia fundou a ordem monástica beneditina, considerado o primeiro grupo de monges de toda a Idade Média. Logo em seguida, as outras ordens monásticas da Igreja foram inspiradas pelas orientações fundadas pela “Regra de São Bento”.

Esses membros envolvidos restritamente com a questão espiritual seriam reconhecidos como os integrantes do clero regular, ou seja, aqueles que viviam em acordo com as regras dos mosteiros. Por outro lado, os dirigentes religiosos ligados às questões políticas e econômicas, passaram a incorporar o clero secular. Nesta subdivisão, os representantes da Igreja se envolviam na administração das riquezas e interferiam ativamente nas questões políticas da época.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

O comércio e a escrita entre os fenícios


A origem do alfabeto esteve ligada ao desenvolvimento das atividades comerciais entre os fenícios.


No progresso de suas atividades comerciais, os fenícios tiveram expressivo destaque no desenvolvimento de embarcações que pudessem lhes colocar em contato com as diversas civilizações do mar Mediterrâneo. O deslocamento pelo mar acabou firmando uma ampla rede de rotas comerciais que garantia a circulação dos vários produtos que despertavam o interesse da poderosa classe mercante mantenedora desse tipo de atividade econômica.

Os barcos eram equipados com velas e proas de madeira onde, geralmente, havia a representação da cabeça de um cavalo. As mercadorias negociadas eram todas estocadas no porão dos navios e protegidas em grandes vasos de argila preenchidos com areia. Dessa maneira, os fenícios conseguiam preservar as mercadoria e minimizar as perdas materiais ocorridas durante o transporte.

Além de se preocuparem com a acomodação dos bens comercializados, os fenícios também tinham de enfrentar a cobiça de outros navegantes que cruzavam a extensão do Mar Mediterrâneo. A pirataria e os saques já eram práticas comuns ao comércio marítimo daquela época. Por isso, algumas embarcações se deslocavam com a proteção de outros navios de guerra equipados com remos e aríetes capazes de interceptar a ação de uma embarcação pirata.

Em cada ponto comercial espalhado pelo Mar Mediterrâneo havia grandes habitações que abrigavam os marinheiros, artesãos e comerciantes envolvidos nessa movimentada atividade econômica. Quando as condições climáticas impediam as viagens pelo mar, tais abrigos poderiam servir de pouso durante meses inteiros a uma determinada tripulação. Foi por meio dessa impressionante estrutura envolvida é que os fenícios se destacaram no campo comercial.

Contudo, toda essa estrutura não foi capaz de controlar as riquezas que passavam de mão em mão. O controle sobre os estoques, os acordos comerciais, encomendas, preços e outras negociações teriam de ser devidamente registrados para que todo esse esforço fosse apropriadamente recompensado. Foi então que a cultura fenícia estabeleceu o desenvolvimento de um sistema de símbolos que pudesse facilitar o processo de comunicação entre as pessoas.

O sistema de símbolos fenício consistia em um alfabeto fonético composto por vinte e duas letras. Esse sistema de comunicação teve grande importância não só para os fenícios, mas também influenciou no longo processo que deu origem às letras que integram o alfabeto ocidental contemporâneo. A civilização greco-romana, considerada berço de várias línguas atuais, teve visível influência do sistema gráfico fenício.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A dinastia dos Flávios


Em virtude de seu tom autoritário, Domiciano estabeleceu o último governo da dinastia dos Flávios.


No fim da dinastia Julio-Claudiana, uma severa crise entre os militares romanos se estabeleceu com a expectativa da indicação do sucessor no império. As diferentes facções do Exército defendiam a escolha de um imperador diferente. Os membros da Guarda Pretoriana desejavam a escolha de Otão. Os legionários da Península Ibérica almejavam a ascensão de Galba. Em contrapartida, os exércitos alocados na Germânia e na Gália preferiam Vitélio e as tropas do Oriente, a eleição de Vespasiano.

Entre os anos de 69 e 68, uma desgastante guerra civil entre as tropas romanas acabaram decidindo pela escolha de Vespasiano como próximo imperador, tinha-se início à dinastia dos Flávios. Proveniente de uma enriquecida família da classe equestre, o novo imperador teve como dois grandes desafios iniciais: a pacificação do cenário político e a organização das tropas que abafariam a revolta dos judeus. Para essa última tarefa, indicou o seu filho Tito, que arruinou a cidade de Jerusalém.

Através de uma série de reformas, este imperador estabeleceu a recuperação e o fortalecimento econômico do Estado romano. É interessante notar que Vespasiano também expressou preocupação em incentivar a realização de obras históricas e outros livros que valorizassem a sua administração. Os filósofos e intelectuais que se atrevessem a maldizer sobre as ações desse imperador poderiam ser condenados à execução sumária.

Ao fim de seu governo, Vespasiano indicou ao Senado romano seu filho Tito como o sucessor no posto imperial. Na condição de imperador, Tito teve que recuperar as cidades de Pompeia e Herculano, que foram atingidas pelas catastróficas erupções do monte Vesúvio. Além disso, teve que recuperar obras públicas que foram atingidas por um novo incêndio que tomou a cidade de Roma. Com isso, observamos que um grande corpo de obras públicas foi conduzido em sua administração.

O último imperador desta dinastia foi Domiciano (81 - 96), que buscou enfraquecer a influência política dos senadores e exercer o poder imperial de forma ilimitada. Acreditando que o exercício do cargo imperial tivesse motivação divina, sua administração ficou conhecida pela intervenção em questões que iam da condução dos exércitos até elementos particulares da vida do cidadão romano. Por fim, acabou sendo assassinado por um golpe organizado por oficias de sua corte.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A dinastia Júlio-Claudiana


Nero, último imperador da dinastia Júlio-Claudiana, ordenou o incêndio sobre a cidade de Roma.


Após o governo Otávio Augusto, as reformas políticas estabelecidas em Roma transformaram essa poderosa civilização em um império. As atribuições do Senado e os vários poderes das magistraturas agora foram restringidos ou subordinados ao poderio de seu imperador. Com a morte de Otávio, o sucessor do trono foi Tibério, general de confiança de seu antecessor, e que deu continuidade a vários projetos do primeiro imperador romano.

Segundo os relatos disponíveis, Tibério foi hostilizado pelo povo e pelo Senado romano. O ápice dessa tensão teria acontecido quando este fora acusado de arquitetar o assassinato do general Germanicus. Quando finalmente faleceu, já com 78 anos de idade, a população romana comemorou a sua saída do poder. Com isso, Calígula (37 - 41), filho de Germanicus, foi empossado como novo imperador, com o apoio expresso dos membros do exército.

Apesar de todo o apoio recebido, o imperador Calígula manifestou os problemas vivenciados em uma estrutura de poder centralizada. Paulatinamente, as ordens autoritárias desse governante desestabilizaram o cenário político romano. Primeiramente, resolveu perseguir os senadores mais ricos e elevar exacerbadamente os impostos. Além disso, era conhecido por uma vida desregrada onde festas e orgias eram bastante comuns.

Um dos mais polêmicos atos tomados por Calígula foi nomear seu cavalo, Iniciatus, para ocupar uma das vagas do consulado. Segundo o julgamento de alguns historiadores e especialistas, este imperador tomava este tipo de ação atípica em decorrência de males psíquicos que o acometiam. Em todo caso, sua ação despótica acabou sendo aniquilada pelos próprios membros da guarda pretoriana, que protagonizaram o seu assassinato.

A vaga deixada no trono imperial foi logo resolvida com a indicação de Cláudio (41 - 54), tio de Calígula, que ascendeu ao trono com o auxílio da guarda pretoriana. Durante sua administração, o Estado romano atingiu a conquista dos territórios da Bretanha e a Mauritânia, as normas administrativas foram aperfeiçoadas e escravos libertos de notório saber foram utilizados como seus auxiliares.

Apesar de sua habilidade político-administrativa, este imperador acabou provocando importantes mudanças no quadro sucessório do império. Primeiramente, ordenou o assassinato de sua esposa Messalina, por causa de seu comportamento imoral. Logo em seguida, casou-se com Agripina, que conseguiu barganhar com seu marido a indicação de seu filho Nero como o próximo imperador romano.

Tempos mais tarde, Agripina organizou um complô que assassinou Cláudio por envenenamento. Dessa forma, Nero atingiu o posto imperial e, inicialmente, contou com os conselhos do general Burro e do filósofo Sêneca para governar. Entretanto, Nero ficaria bem mais conhecido pelo seu comportamento tirânico. Ao que conta nos registros da época, foi ele o responsável pelo assassinato de sua mãe Agripina, de seus dois conselheiros (Burro e Sêneca) e do seu irmão Britânico.

Uma das mais polêmicas ações desse governante, que encerra a dinastia Júlio-Claudiana, foi a sua ordem de atear fogo na cidade de Roma. A explicação para tal ato extremo seria a intenção que Nero tinha em atribuir o atentado aos cristãos, que se recusavam a prestar adoração religiosa à figura imperial. Seu tempo de governo é reconhecido como um dos mais agressivos contra os seguidores do cristianismo.

Os cristãos eram perseguidos, torturados, empalados, condenados à crucificação e hostilizados nas arenas em que os espetáculos populares aconteciam. Exercendo um governo de natureza repressora e desenfreada, Nero logo despertou a insatisfação nas fileiras do exército e do Senado. Fortemente pressionado por seus opositores, Nero decidiu acabar com sua própria vida.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A ditadura de Júlio César


Júlio César avançou sobre a Península Itálica para se tornar o soberano de Roma.


A morte do general Crasso, em 53 a.C., estabeleceu uma crise política entre os dois membros restantes do Primeiro Triunvirato: Júlio César e Pompeu. Nessa época, o Senado romano decidiu apoiar Pompeu concedendo-lhe a liderança do governo contra os vários grupos armados que ameaçavam a estabilidade política de Roma. Com isso, Júlio César foi obrigado a entregar os exércitos que estavam sob seu controle.

Não aceitando a entrega do poder, Júlio César comandou seus subordinados na lendária travessia do rio Rubicão, que os levaria em direção à Península Itálica. Entre os anos de 49 e 48 a.C., ele liderou uma guerra civil que obrigou os senadores romanos e Pompeu a fugirem de Roma para a Grécia. Determinado a garantir o poder em suas mãos, perseguiu os senadores romanos. Nesse meio tempo, Pompeu acabou fugindo para o reino do Egito.

Com auxílio dos ministros egípcios, Pompeu acabou assassinado. Dessa forma, Júlio César teve condições de fixar uma nova fase na história política romana. Com o apoio dos soldados e dos plebeus, acumulou uma série de títulos. Depois de ser consagrado como Pontífice Máximo, foi elevado à condição de Ditador Perpétuo, passando a ter o direito de criar novas leis. Não deixando sua vocação militar de lado, conquistou territórios na Espanha, na África e transformou o Egito em província romana.

Entre outras ações, Júlio César organizou a realização de várias obras públicas e reorganizou o quadro financeiro do Estado. Além disso, estendeu o direito de cidadania para outras regiões dos vastos territórios romanos e admitiu que os gauleses ocupassem vagas do Senado. Outra importante transformação esteve ligada à modificação do calendário romano, onde adicionou o mês de julho em sua homenagem e estipulou o emprego do ano bissexto a cada quatro anos.

Outro conhecido evento da vida de Júlio César foi o seu envolvimento amoroso com a rainha egípcia Cleópatra. Durante os seus discursos, muitos senadores romanos manifestavam sua completa desaprovação a respeito do envolvimento do ditador com uma mulher estrangeira. Em pouco tempo, a insatisfação dos senadores foi responsável pela organização de um complô que deu fim ao governo de Júlio César. No ano de 44 a.C., sob o comando de Brutus e Cássio, um grupo de senadores assassinou o ditador.

Os responsáveis pelo assassinato de Júlio César não conseguiram chegar ao poder. O general Marco Antônio, fiel ao antigo ditador, perseguiu cada um daqueles que participaram do golpe político. Além disso, por influência do estadista e filósofo Cícero, os membros do Senado decidiram entregar o controle de Roma para Caio Otávio, filho adotivo de Júlio César.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

As diásporas gregas


Os processos diaspóricos são fundamentais na formação da civilização grega.


O processo de formação da civilização grega conta com uma interessante história onde observamos todo o processo de ocupação das várias regiões que integram a chamada Península Balcânica. De fato, não podemos pensar a Grécia Antiga como portadora de uma civilização homogênea no momento em que assinalamos a contribuição dos vários povos que integram o processo de formação da Hélade. Dos cretenses até os dórios, temos um longo caminho a percorrer no eixo espaço-temporal.

Além de dominar praticamente todo o espaço balcânico, notamos que os gregos também formaram outras cidades e centros de colonização que abrangiam pontos das ilhas do Mar Egeu, porções litorâneas da Ásia Menor, a Península Itálica, o Norte da África e as proximidades da Península Ibérica. Para compreendermos o espalhamento dos gregos por todo esse espaço, é necessário contemplar os primeiros tempos que norteiam a história pregressa da civilização grega.

O primeiro evento que marca a expansão dos povos gregos começa a se desenhar no século XV a. C., quando os aqueus dominaram a ilha de Creta e deram origem à chamada civilização micênica. Antes dessa fusão de ambas as civilizações, também temos que salientar a chegada de outras tribos indo-europeias à região continental da Grécia. Entre 2000 a.C. e 1200 a.C., eólios e jônios atingiram a Península Balcânica estabelecendo diversos pontos de ocupação humana.

Por volta do século XII a.C., os dórios empreenderam um violento processo de ocupação dos Bálcãs que estabeleceu uma profunda desarticulação dos hábitos e instituições firmados pela civilização creto-micênica. Adeptos ao nomadismo e detentores de uma tecnologia bélica visivelmente superior a dos outros povos da região, os dórios foram os responsáveis diretos pela dispersão das comunidades aqueias, eólias e jônicas para outros territórios.

Esse evento marcou a Primeira Diáspora Grega, tempo em que as populações atingidas pela invasão dórica ocuparsm novas terras no litoral da Ásia Menor e de outras ilhas situadas ao longo do Mar Egeu. Tal mudança foi acompanhada pelo enfraquecimento das atividades comerciais existentes na região, o fortalecimento das comunidades agrícolas e o esvaziamento de tantas manifestações artísticas e culturais anteriormente observadas.

Dessa forma, chegamos ao Período Homérico, que entre os séculos XII e VIII a.C. ficou marcado pela constituição das comunidades gentílicas. Tais comunidades foram voltadas para o desenvolvimento de atividades agrícolas e a exploração coletiva das terras. Em período de tempo relativamente curto, o desenvolvimento dessas comunidades promoveu um incremento populacional que acabou abrindo caminho para diversas disputas pelo controle das terras cultiváveis.

Nesse momento, o uso coletivo das terras acabou perdendo espaço para um grupo social mais próximo à figura do pater, que no interior dos genos tomava as decisões políticas de maior peso. Com isso, uma elite de proprietários de terras começou a se fortalecer sob o aspecto político-econômico e, consequentemente, impôs a marginalização de uma ampla população que não partilhava do mesmo prestígio junto à nova classe dirigente e, por conseguinte, não tinha acesso a terra.

Foi nesse momento que diversas populações saíram do interior dos genos para buscarem outras regiões com terras cultiváveis. Dava-se início à deflagração da Segunda Diáspora Grega, quando a população marginalizada pela crescente apropriação de terras passou a se lançar pelas regiões do Mar Negro e da Península Itálica em busca de regiões onde pudessem buscar sua sobrevivência. Com isso, a civilização grega se estabeleceu ao longo de várias colônias que superavam os limites do Mar Egeu.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Darwinismo social


O darwinismo social realizou uma outra interpretação das ideias de Charles Darwin.


O século XIX foi marcado pelo desenvolvimento do conhecimento científico. A busca por novas tecnologias, alavancada pela Revolução Industrial, fez com que os estudiosos se multiplicassem nas mais variadas áreas do conhecimento. Nessa época, várias academias e associações voltadas para o “progresso da ciência” reconheciam a figura dos cientistas e colocavam os mesmos como importantes agentes de transformação social.

No ano de 1859, um estudioso chamado Charles Darwin transformou uma longa caminhada de viagens, anotações e análises no livro “A origem das espécies”. Nas páginas daquela obra revolucionária nascia a teoria evolutiva, o mais novo progresso galgado pela ciência da época. Negando as justificativas religiosas vigentes, Darwin apontou que a constituição dos seres vivos é fruto de um longo e ininterrupto processo de transformação e adaptação ao ambiente.

Polêmicas à parte, Darwin expôs que as espécies se transformavam a partir de uma seleção em que características mais adaptadas a um ambiente se tornavam predominantes. Com isso, os organismos que melhor se adaptavam a um meio poderiam sobreviver através do repasse de tais mudanças aos seus descendentes. Em contrapartida, os seres vivos que não apresentavam as mesmas capacidades acabavam fadados à extinção.

Com o passar do tempo, observamos que as noções trabalhadas por Darwin acabaram não se restringindo ao campo das ciências biológicas. Pensadores sociais começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir de então o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em condição superior às demais.

Na prática, essa afirmativa acaba sugerindo que a cultura e a tecnologia dos europeus eram provas vivas de que seus integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução humana. Em contrapartida, povos de outras regiões (como África e Ásia) não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal razão, estariam em uma situação inferior ou mais próxima das sociedades primitivas.

A divulgação dessas teorias serviu como base de sustentação para que as grandes potências capitalistas promovessem o neocolonialismo no espaço afro-asiático. Em suma, a ocupação desses lugares era colocada como uma benfeitoria, uma oportunidade de tirar aquelas sociedades de seu estado “primitivo”. Por outro, observamos que o darwinismo social acabou inspirando os movimentos nacionalistas, que elaboravam toda uma justificativa capaz de conferir a superioridade de um povo ou nação.

De fato, o darwinismo social criou métodos de compreensão da cultura impregnados de equívocos e preconceitos. Na verdade, ao falar de evolução, Darwin não trabalhava com uma teoria vinculada ao choque binário entre superioridade e inferioridade. Sendo uma experiência dinâmica, a evolução darwiniana acreditava que as características que determinavam a “superioridade” de uma espécie poderiam não ter serventia alguma em outros ambientes prováveis.

Com isso, podemos concluir que as sociedades africanas e asiáticas nunca precisaram necessariamente dos valores e invenções oferecidas pelo mundo ocidental. Isso, claro, não significa dizer que o contato entre essas culturas fora desastroso ou marcado apenas por desdobramentos negativos. Entretanto, as imposições da Europa “superior” a esses povos “inferiores” acabaram trilhando uma série de graves problemas de ordem, política, social e econômica.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

sábado, 16 de janeiro de 2010

Democracia Ateniense


A democracia em Atenas tinha um conceito diferente do atual.
No estudo das sociedades clássicas costumamos destacar especialmente o incisivo papel em que as práticas e instituições nascidas no mundo grego influenciaram a formação do mundo contemporâneo. Entre as várias instituições consolidadas no mundo grego, a noção de democracia é uma das que mais despertam nosso interesse na busca por paralelos que aproximem o mundo antigo do contemporâneo.

A história da democracia ateniense pode ser compreendida à luz de uma série de transformações sofridas pela sociedade e economia ateniense. Até os séculos VII e VI, o poder político ateniense era controlado por uma elite aristocrática detentora das terras férteis de Atenas: os eupátridas ou “bem nascidos”.

Nesse meio tempo, uma nascente poderosa classe de comerciantes, os demiurgos, exigia participação nos processos decisórios da vida política ateniense. Além disso, pequenos comerciantes e proprietários acometidos pela escravidão por dívidas, exigiam a revisão do poder político ateniense. Com isso, os eupátridas viram-se obrigados a reformular as instituições políticas da cidade-Estado.

Um grupo de legisladores foi responsável por um gradual processo de transformação política. Em 621 a.C., Drácon resolveu estabelecer um conjunto de leis escritas que dariam lugar às leis orais anteriormente conhecidas pelos eupátridas. Mesmo não enfraquecendo o poder da aristocracia essa primeira medida possibilitou uma nova tradição jurídica que retirava o total controle das leis invocadas pelos eupátridas.

A partir de 594 a.C., Sólon, o novo legislador, ampliou o leque de reformas políticas em Atenas, eliminou a escravidão por dividas e resolveu dividir a população ateniense por meio do poderio econômico de cada indivíduo. Dessa forma, os comerciantes enriquecidos conquistaram direito de participação política. Além disso, novas instituições políticas foram adotadas.

A Bulé ou Conselho dos Quatrocentos era um importante órgão legislativo que dividia as funções antes controladas pelo Areópago ateniense controlado pelos aristocratas. A Eclésia foi uma instituição mais ampla onde os cidadãos poderiam aprovar ou rejeitar as leis elaboradas pela Eclésia. Por último o Helieu seria composto por juízes incumbidos de julgar os cidadãos atenienses de acordo com as leis escritas.

Em resposta, as elites agrárias atenienses rivalizaram com esse primeiro conjunto de mudanças. A agitação política do período deu margem para que ações golpistas abrissem espaço para a ascensão dos governos tirânicos. Os principais tiranos foram Psístrato, Hiparco e Hípias. No fim do século VI a.C. a retração dos direitos políticos mais amplos incentivou uma mobilização popular que levou à ascensão política de Clístenes, em 510 a.C..

Em seu governo, os atenienses passavam a ser divididos em dez tribos que escolhiam seus principais representantes políticos. Todo ateniense tinha por direito filiar-se a uma determinada tribo na qual ele participaria na escolha de seus representantes políticos no governo central. Dessa maneira, o grau de participação entre os menos e mais abastados sofreu um perceptível processo equalização.

Outra ação importante, a medida de Clístenes foi a adoção do ostracismo. Por meio desta, todo e qualquer indivíduo considerado uma ameaça ao governo democrático seria banido por dez anos. Apesar de seu isolamento, o punido ainda teria direito de posse sobre suas terras e bens. De forma geral, esse foi um importante dispositivo que impedia o surgimento de novos tiranos em Atenas.

Aparentemente, podemos concluir que Clístenes foi o reformador capaz de estabilizar o regime democrático ateniense. Alem disso, ficamos com a ligeira impressão de que a igualdade entre os cidadãos de Atenas fora realmente alcançada. Porém, o conceito de cidadania dos atenienses não englobava, de fato, a maioria da população.

Somente os homens livres, de pai e mãe ateniense, maiores de 18 anos e nascidos na cidade eram considerados cidadãos. As mulheres, escravos e estrangeiros não desfrutavam de nenhum tipo de participação política. Dessa forma, a democracia ateniense era excludente na medida em que somente um décimo da população participava do mundo político ateniense.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Descolonização Afro-asiática


Conferência de Bandung: momento de grande importância para as recém-formadas nações afro-asiáticas.


Durante muito tempo, a soberania política foi uma meta inatingível para muitos dos povos localizados na África e na Ásia. Da segunda metade do século XIX até a década de 1950, vários povos estiveram subjugados aos ditames políticos das ricas nações capitalistas. Com o passar do tempo, a expansão desse modelo econômico e a concorrência comercial viriam a colocar as chamadas nações imperialistas em guerra por cada precioso palmo dessas regiões durante as duas conhecidas guerras mundiais.

Após a Segunda Guerra Mundial, chega ao fim o período em que as principais potências econômicas do mundo buscavam assegurar seus interesses econômicos por meio da exploração de regiões africanas e asiáticas. Em linhas gerais, o enfraquecimento das nações européias, agentes principais no processo de colonização de tais áreas, não permitia o uso dessa política, que depois de quase um século, foi responsável por conturbações e mortes em escalas nunca antes imaginadas.

Além de contabilizar o enfraquecimento europeu, devemos ainda falar sobre a situação dos EUA e da União Soviética após a Segunda Guerra. Depois de 1945, essas duas nações se fortaleceram enormemente e apresentavam condições de disputarem entre si as várias áreas de influência econômica deixadas pela Europa. Contudo, ambas sabiam que o conflito direto seria um preço alto demais a ser pago em um cenário internacional desgastado por grandes agitações.

Não por acaso, temos o início da Guerra Fria, tempo em que norte-americanos e soviéticos buscaram se aproximar dos governos independentes que se formavam nas regiões antes dominadas pela antiga política imperialista. Somente entre as décadas de 1950 e 1960, mais de quarenta novos países surgiam no interior do território afro-asiático. Nesse meio tempo, EUA e URSS participaram direta ou indiretamente dos conflitos que resolveriam o novo poder a ser instalado em tais países.

Mais do que marcar as disputas da Guerra Fria, a formação desses países também foi responsável pelo surgimento de um novo grupo geopolítico conhecido como Terceiro Mundo. Em linhas gerais, os países terceiro-mundistas tinham uma economia frágil e ainda enfrentavam grandes entraves para a consolidação do Estado e a resolução de seus problemas de ordem social. Além das nações descolonizadas, o Terceiro Mundo também era formado por grande parte das nações da América Latina.

Mediante esse novo quadro, vários chefes de Estado, representantes desse novo grupo, decidiram se reunir na chamada Conferência de Bandung, em 1955. Em outras questões, essa reunião tinha como objetivo maior discutir quais seriam as medidas comuns a serem tomadas no sentido de preservar a soberania das nações recém-formadas e a criação de medidas de cooperação mútua. Paralelamente, seus participantes abraçaram o combate ao racismo e apoiaram todas as lutas de caráter anticolonial.

Além de apresentar alguns “membros” do Terceiro Mundo para a comunidade internacional, tal foi de grande importância para que a ONU exigisse das nações européias o reconhecimento da autonomia política desses novos Estados. Apesar de representar o fim de uma era, a descolonização abria porta para outros desafios que ainda promovem guerras e conflitos em tais continentes. Miséria, fome e corrupção são apenas alguns dos problemas que ainda atingem essas nações pós-coloniais.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Despotismo esclarecido


Frederico II da Prússia, monarca que incorporou princípios iluministas em seu governo.
A proeminência dos ideais iluministas, surgidos durante o século XVIII, concebeu um conjunto de transformações que não se limitou ao universo letrado e burguês. As diretrizes desse novo movimento também estabeleceram interessantes transformações no interior de algumas monarquias absolutistas européias. Era o início de um movimento conhecido como despotismo esclarecido. Os tronos da Rússia, França, Áustria e da Península Ibérica foram os principais focos dessa redefinição política.

Sem abandonar as benesses do regime monárquico, os reis desses países enxergavam a necessidade do domínio de alguns saberes considerados úteis na tomada de decisões político-administrativas. O monarca deveria dominar os princípios iluministas ou, no mínimo, estar assessorado por ministros que conhecessem as mais importantes obras do pensamento filosófico e econômico iluminista. Dessa forma, a razão ganhava espaço no cenário político europeu.

A idéia de que o rei era a personificação do Estado cedeu lugar para governos que contavam com uma nova diretriz política capaz de delegar cargos a indivíduos sintonizados com as necessidades racionais do governo e da população. Ministros e filósofos deveriam ser os principais conselheiros da autoridade real. A Igreja, representada pelo Alto Clero, perdeu boa parte de sua influência anteriormente exercida junto às monarquias.

Apesar dessas modificações, o despotismo esclarecido vetava a idéia de se restringir a autoridade monárquica. Os princípios democratizantes e liberais do iluminismo eram postos para fora dos palácios reais. A principal meta desse movimento de reforma política era a melhoria do funcionamento da máquina burocrática. Dessa forma, o poder do Estado e o desenvolvimento da economia nacional alcançariam resultados mais expressivos e eficientes.

Na Prússia, o rei Frederico II (1740 – 1786) foi fortemente influenciado pelos ensinamentos de Voltaire. Durante seu reinado, os castigos físicos foram banidos e as leis sofreram reformas. A educação básica tornou-se obrigatória e todos os cultos religiosos foram permitidos. Em contrapartida, as tradições feudais e a irrevogabilidade do poder monárquico foram preservadas. Além disso, contrariando os princípios liberais do iluminismo, adotou medidas econômicas de natureza protecionista.

Sob o comando do ministro Aranda, a Coroa Espanhola incentivou a ampliação da indústria têxtil e deu fim às práticas comerciais monopolistas no país. Além disso, criou novos cargos públicos que facilitaram o controle da Coroa sobre as finanças e gastos empreendidos pelo governo do rei Carlos III. Na Áustria, José II (1780 – 1790) imprimiu uma forte mudança ao promover a igualdade jurídica de toda a população, concedeu a livre opção religiosa e se opôs à marginalização dos não-católicos.

O governo de Catarina II (1762 – 1796), rainha da Rússia, apresentou as maiores contradições do despotismo esclarecido. Por um lado, foi aconselhada por diversos filósofos iluministas franceses e, por isso, promoveu a liberdade religiosa em seu país e incentivou o refinamento dos costumes das elites russas. Em contrapartida, ampliou os direitos dos senhores feudais piorando ainda mais as condições de vida do campesinato russo.

O despotismo esclarecido e o Brasil

Em Portugal, o marquês de Pombal foi o representante do governo ilustrado de Dom José I (1750 – 1777). Entre outras medidas, promoveu uma reforma educacional e incentivou o desenvolvimento manufatureiro lusitano. Instalou a Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro buscando melhorar a qualidade do vinho exportado pelo país. Além disso, reconstruiu a cidade de Lisboa, que fora vítima do grande terremoto de 1755 e procurou modernizar as organizações militares nacionais.

Sua ação administrativa também teve reflexos na relação colonial com o Brasil. Ele foi responsável pela expulsão dos jesuítas, que apresentavam uma ameaça à supremacia política da Coroa em terras brasileiras. Além disso, proibiu a escravidão indígena com o objetivo de ampliar os lucros obtidos com o tráfico negreiro. No campo da administração da colônia, Pombal extinguiu o sistema de capitanias hereditárias que foram incorporadas aos domínios das capitanias da Coroa.

Preocupado em ampliar os lucros do Estado português, marquês de Pombal impôs uma rígida política fiscal na colônia. Ele foi responsável pela cobrança da derrama nas regiões mineradoras e estabeleceu o controle direto da Coroa sobre a exploração das atividades diamantíferas. Ao mesmo tempo, vetou o desenvolvimento de qualquer atividade manufatureira na colônia que representasse algum tipo de ameaça aos interesses econômicos de Portugal.

Mesmo tentando buscar a melhora da burocracia e da economia portuguesa, Pombal sofreu forte oposição dos setores monárquicos lusitanos. Após a morte de Dom José, Pombal foi destituído de seu cargo. No governo de Maria I, a Louca, algumas das “reformas pombalinas” foram revogadas.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Ditaduras Latino-americanas


A instalação das ditaduras representou um período obscuro na história do continente americano.


O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.

No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.

Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.

Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.

A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Doutrina Keynesiana


John Maynard Keynes, o principal teórico responsável pela revisão dos princípios do liberalismo clássico.



A doutrina keynesiana é uma teoria econômica que ganhou destaque no início da década de 1930, no momento em que o capitalismo vivia uma de suas mais graves crises. Nesta época, as nações capitalistas geriam o campo econômico com base nas teorias estabelecidas por liberalismo clássico, doutrina econômica onde se defendia a idéia de que o desenvolvimento econômico de uma nação estaria atrelado a um princípio de não-intervenção do Estado na economia.

De fato, a proposta keynesiana tem como ponto fundamental revisar as teorias liberais lançadas pelo teórico Adam Smith, principalmente, no que se refere às novas configurações assumidas pela economia capitalista. O principal responsável por tal exercício de revisão do liberalismo foi o economista britânico John Maynard Keynes, que em sua obra “Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro” estabeleceu os pontos fundamentais da teoria econômica que leva o seu nome.

Segundo o pensamento keynesiano, a premissa fundamental para se compreender uma economia encontrava-se na simples observação dos níveis de consumo e investimento do governo, das empresas e dos próprios consumidores. Partindo desse princípio, a doutrina keynesiana aponta que no momento em que as empresas tendem a investir menos, inicia-se todo um processo de retração econômica que abre portas para o estabelecimento de uma crise.

Dessa maneira, para que essa situação fosse evitada, o keynesianismo defende a necessidade do Estado em buscar formas para se conter o desequilíbrio da economia. Entre outras medidas, os governos deveriam aplicar grandes remessas de capital na realização de investimentos que aquecessem a economia de modo geral. Paralelamente, era de fundamental importância que o governo também concedesse linhas de crédito ao baixo custo, garantido a realização de investimentos do setor privado.

Promovendo tais medidas de incentivo, os níveis de emprego aumentariam e consequentemente garantiriam que o mercado consumidor desse sustentação real a toda essa aplicação de recursos. Dessa maneira, o pensamento proposto por Keynes transformava radicalmente o papel do Estado frente à economia, colocando em total descrédito as velhas perspectivas do “laissez faire” liberal.

Somente a partir da década de 1970, novas correntes de pensamento econômico combateram os princípios do pensamento keynesiano. Nessa época, a retração dos altos índices de desenvolvimento alcançados nas duas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial pôs em cheque a teoria John M. Keynes. Com isso, as perspectivas liberais dos teóricos da escola monetarista de Chicago ganharam destaque no pensamento econômico capitalista.

Os deuses Egípcios


Hathor: deusa das mulheres.
As pessoas no Antigo Egito acreditavam na existência de seres superiores e eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Esses normalmente possuíam características de animais e também uma junção entre características animais e humanas. Os faraós egípcios criam na idéia de que também eram deuses e que possuíam poderes mágicos.

Os egípcios também acreditavam na existência da vida após a morte, onde ao morrer todos passariam pelo Tribunal de Osíris (rei egípcio) para obter seu julgamento. Alguns conseguiam voltar à vida de acordo com o veredito de Osíris, mas outros não. Tal fato mostra a origem da mumificação dos corpos quando as pessoas morriam, pois buscavam impedir que o corpo entrasse em processo de decomposição para que após o veredito de Osíris a pessoa pudesse voltar ao seu corpo mortal e tomar posse de todos os seus pertences novamente.

Como havia inúmeros deuses cultuados no Egito, segue abaixo os mais importantes:

Osíris: Foi o primeiro faraó e o deus que representa a vida após a morte.

Ísis: Esposa de Osíris representa o amor e a mágica, já que utilizou tais sentimentos para ressuscitar Osíris quando ele foi morto por seu irmão.

Anúbis: Foi a primeira múmia do Egito. Representa a morte conduzindo as almas até Osíris para que fossem julgadas.

Hathor: Deusa das mulheres, do amor, da alegria e da dança.

Ptah: Considerado o deus guardião da capital do Egito Antigo e das artes em pedra.

Maat: Deusa da justiça, equilíbrio e verdade, é considerada a guardiã dos tribunais.

Existem vários outros deuses egípcios, porém esses são os que mais se destacam.

Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola

A educação espartana


O espartano era um cidadão desde cedo moldado conforme os valores militaristas de sua cidade-Estado.


Em termos genéricos, podemos ver que a educação desenvolvida em Esparta estava intimamente ligada ao caráter militarista que a sociedade e o governo tomavam naquela época. Desde a mais tenra idade, percebemos que a formação do indivíduo era reconhecida como uma função a ser obrigatoriamente assumida pelo próprio Estado. Para compreendermos tal prática, é necessário nos lembrar que os espartanos viam cada novo ser como um soldado em potencial.

Já ao nascer, a criança era minuciosamente observada por um grupo de anciãos. Caso ela não apresentasse uma boa saúde ou tivesse algum problema físico, era invariavelmente lançada do cume do monte Taigeto. Se fosse considerada saudável, ela poderia ficar com a sua mãe até os sete anos de idade. Depois disso, passava a ficar sob a tutela do governo espartano para assim receber todo o conhecimento necessário à sua vindoura trajetória militar.

Entre os sete e os doze anos a criança recebia os conhecimentos fundamentais para que conhecesse a organização e as tradições de seu povo. Depois disso, era dado início a um rigoroso treinamento militar onde seria colocado em uma série de provações e testes que deveriam aprimorar as habilidades do jovem. Nessa fase, o aprendiz era solto em um campo onde deveria obter o seu próprio sustento por meio da coleta, da caça de animais ou, em alguns casos, por meio do furto.

Nessa mesma época, os aprendizes eram colocados para realizarem longas marchas e lutarem uns com os outros. Dessa maneira, aprendiam a combater eficazmente. Além disso, havia uma grande preocupação em expor esse soldado a situações provadoras que atestassem a sua resistência a condições adversas e obediência aos seus superiores. Cada vez que não cumprisse uma determinada missão, esse soldado em treinamento era submetido a terríveis punições físicas.

Quando chegavam aos dezessete anos de idade, o soldado espartano era submetido a um importante “teste final”: a kriptia. Funcionando como uma espécie de jogo de esconde-esconde, os soldados participantes se escondiam de dia em um campo para, ao anoitecer, saírem à caça do maior número de hilotas (escravos) possíveis. Quem sobrevivesse a esse processo de seleção já estaria formado para integrar as fileiras do exército e teria direito a um lote de terras.

Com relação às mulheres, devemos salientar que essa mesma tutela exercida pelo Estado também era dirigida a elas. De acordo com a cultura espartana, somente uma mulher fisicamente preparada teria condições de gerar filhos que pudessem lutar bravamente pela defesa de sua cidade-Estado. Além disso, durante sua vida civil ela poderia adquirir o direto de propriedade e não estava necessariamente sujeita à autoridade de seu marido.

Quando alcançava os trinta anos de idade, o soldado espartano poderia galgar a condição de cidadão. A partir desse momento, ele participava das decisões e leis a serem discutidas na Ápela, assembleia que poderia vetar a criação de leis e indicava os indivíduos que comporiam a classe política dirigente de Esparta. Quando atingia a idade de sessenta anos, o indivíduo poderia sair do exército e integrar a Gerúsia, o conselho de anciãos responsável pela criação das leis espartanas.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

As especiarias indianas


O sabor e o exotismo das especiarias indianas despertaram a cobiça de vários comerciantes europeus.



Nos últimos séculos da Baixa Idade Média, a Europa sofreu um conjunto de transformações que marcou sua entrada para o período moderno. Os conflitos e epidemias que tomaram o Velho Mundo foram seguidos por um lento processo de recuperação das atividades comerciais entre os séculos XIV e XV. Um dos principais locais de negociação era a Índia, lugar em que eram encontradas em grande quantidade as tão cobiçadas especiarias.

Inicialmente, as mercadorias da Índia chegavam por rotas marítimas e terrestres. Contudo, os mercadores europeus não tinham a oportunidade de empreender negócio diretamente com os comerciantes indianos. Para alcançar as desejadas especiarias, precisavam se submeter ao monopólio comercial exercido pelos árabes, que na época controlavam o Mar Mediterrâneo, ou realizar imensas caravanas que, no caso dos mercadores italianos, alcançavam as regiões do Beirute e do Líbano.

Em geral, as especiarias tinham grande presença na culinária e na medicina européia. Em meio ao surgimento da classe burguesa e o restabelecimento da classe nobiliárquica, os temperos e sabores vindos da Índia propiciavam uma experiência sensorial inédita aos paladares medievais. O acesso a esses produtos, além de oferecer uma condição de vida mais confortável, acabou se transformando em um elemento que poderia distinguir a elite dos demais.

Se a situação já não era muito favorável da forma que se apresentava, as coisas só pioraram no ano de 1453. Nesta data, os turco-otomanos, chefiados por Maomé II, realizaram a conquista do Império Bizantino. Com isso, as antigas relações comerciais estabelecidas foram desmanteladas e os comerciantes se viram obrigados a conceber uma maneira de alcançar diretamente as especiarias indianas. Nesse novo contexto, Portugal assumiu posição pioneira na chamada expansão marítimo-comercial.

Apesar de até aqui termos a devida noção dos interesses e características desse comércio, pouco se fala sobre as tais especiarias buscadas em terras tão longínquas. Afinal de contas, que produtos indianos eram esses? E qual a utilidade dessas especiarias no cotidiano dos europeus? Para responder essas perguntas, podemos descrever os “poderes” e atrativos de alguns desses produtos que, de certa forma, foram responsáveis por tamanha disputa.

A canela é uma árvore que tem suas cascas processadas por método de ressecamento, que as transforma em um produto apto para consumo. Ralada ou em pau, é útil no tempero de doces, pães, compotas de fruta e doces. Além disso, é um útil ingrediente na preparação de cervejas, vinhos e perfumes. Tão famoso quanto, o açafrão é obtido de uma espécie de violeta. De sua parte superior são retirados os estigmas, pequenos caroçinhos que, depois de triturados, temperam e colorem os alimentos.

O anis é uma erva bastante utilizada para fins medicinais. Seus grãos de formato oval e singular aroma são uma boa pedida quando o mau hálito e a indigestão atacam alguém. Em outras situações, também chegava a compor a lista de ingredientes de alguns xaropes, licores e outras receitas culinárias. Originária da Indonésia, a árvore de noz-moscada se aclimatou perfeitamente ao indiano. Com o caroço de seu fruto é possível fabricar um anti-inflamatório natural e temperar pratos salgados e doces.

Comercializado desde o século II a.C., o cravo-da-índia é obtido dos botões de uma pequena flor bastante perfumada. Depois de exposto algumas horas ao sol, o cravo pode ser introduzido na composição de vários alimentos e perfumes. Para quem tem o paladar receptivo a sabores marcantes, as folhas do cominho provocam uma experiência picante e, ao mesmo tempo, levemente amarga. Os indianos costumam levar este condimento ao fogo para intensificar seu tempero.

Bastante popular na culinária brasileira, a pimenta-do-reino tem vários tipos de preparação. Dependendo do fim com o qual é utilizado, esse pequeno fruto pode ser consumido ainda verde, seco ou em conserva. Seu gosto picante abre o apetite, tem propriedades digestivas e aguça a circulação sanguínea. O curry, ao contrário do que muitos imaginam, se trata de um tipo de folha seca usualmente utilizada com fins culinários.

Na verdade, esses são apenas alguns dos produtos que enriqueceram a mesa europeia a partir dos finais da Baixa Idade Média. Muitos outros tipos de produtos manufaturados e especiarias de outros povos integravam essa rentável atividade. Por fim, misturando um pouco de História, Biologia e Culinária, podemos conhecer as propriedades e origens de produtos que até hoje estão presentes no hábito alimentar de diversas culturas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Economia Feudal


Os servos contavam com técnicas de plantio que limitavam a produtividade das colheitas.
Em linhas gerais, a economia feudal se desenvolveu graças ao processo de ruralização desencadeado pela crise do Império Romano. Sem poder usufruir de baixos custos de produção obtidos pela grande mão-de-obra escrava disponível, os grandes proprietários começaram a arrendar as suas terras com o objetivo de, ao menos, garantir as condições necessárias para o próprio sustento. Ao mesmo tempo, a desvalorização das atividades comerciais por parte dos povos germânicos também foram de grande importância para a consolidação de uma economia predominantemente agrária.

Nos feudos, o desenvolvimento de técnicas agrícolas de baixa produtividade impedia a obtenção de excedentes possivelmente utilizados na realização de atividades comerciais. Ao mesmo tempo, os instrumentos de arado e a qualidade das sementes impediam colheitas expressivas. As terras férteis eram dividias entre os mansos senhoriais, pertencentes ao senhor feudal; os mansos servis, destinados à produção agrícola das populações camponesas; e o manso comum que era utilizado por todos habitantes do feudo.

A disponibilidade de terras férteis era preocupação constante entre os camponeses. Dessa forma, para prolongarem o tempo útil de uma área agrícola, realizava-se um sistema de rotação de culturas. Nesse sistema, um campo tinha dois terços de sua área ocupado por duas diferentes culturas agrícolas. A outra parcela era deixada em descanso, recuperando-se do desgaste das colheitas anteriores. A cada ano, as parcelas trabalhadas e preservadas revezavam-se entre si, aumentando o tempo útil de um determinado campo.

De fato, o comércio perdeu bastante espaço nesse contexto. No entanto, as poucas trocas comerciais que aconteciam se davam através das trocas naturais. Gêneros agrícolas eram raramente utilizados para a obtenção de ferramentas ou outros tipos de alimento em falta em determinado feudo. Somente com o incremento das atividades agrícolas e o crescimento demográfico que o quadro da economia feudal sofreu as primeiras transformações responsáveis pelo surgimento de uma classe de comerciantes burgueses.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Economistas do iluminismo


”Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo” (Gournay), a mais famosa frase do liberalismo econômico.
Os pensadores iluministas que se ocuparam de questões econômicas deram origem a duas grandes correntes de pensamento. A primeira delas foi a fisiocracia, que obteve grande circulação nos fins do século XVIII. Uma outra teoria mais amplamente desenvolvida foi o “liberalismo”, que até hoje influencia fundamentos do pensamento econômico contemporâneo.

A fisiocracia foi responsável pela crítica ao vigente sistema econômico mercantilista. Segundo suas idéias, o pensamento fisiocrata criticava a lógica de exploração e acúmulo de metais preciosos defendida pelo mercantilismo. De acordo com a fisiocracia, as práticas mercantilistas não promoveriam o desenvolvimento das riquezas de uma nação. A única real fonte de riqueza estaria vinculada à terra. As demais atividades econômicas (a manufatura e comércio) seriam mera conseqüência da riqueza produzida das atividades agrícolas.

Entre seus principais pensadores podemos destacar François Quesnay (1694 – 1774) e Anne Robert Jacques Turgot (1727 – 1781). Outro pensador de suma importância foi Vincent de Gournay ( 1712 – 1759), autor da célebre frase: “Laissez faire, laissez passer, lê monde va de lui même” (Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo). Essa frase foi de expressiva importância para que fosse lançado um dos pontos fundantes do pensamento liberal.

Adam Smith, discípulo de Vincent de Gournay, sistematizou as primeiras premissas do liberalismo econômico. Considerado um dos fundadores das ciências econômicas, Smith considerou na obra “A riqueza das nações”, que o trabalho era o fruto de toda a riqueza de uma sociedade. Por meio da intervenção do homem a prosperidade seria alcançada. Defensor do direito de propriedade, esse pensador ainda acreditava que a economia era naturalmente guiada por leis próprias e, por isso, não deveria sofrer maiores intervenções do Estado.

Defendendo a adoção de medidas de caráter racional, Adam Smith enxergava na livre-concorrência e na divisão do trabalho itens fundamentais para o desenvolvimento da economia. Assentando tais idéias sobre a economia, Smith colocou o liberalismo econômico como uma das mais pujantes correntes do pensamento econômico até o início do século XX.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Egito


A civilização egípcia impressiona pela grande variedade de invenções e descobertas.


Há aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo, o aprimoramento das técnicas de plantio e o desenvolvimento das atividades comerciais permitiram o surgimento de grandes civilizações em diferentes regiões do planeta. Europa, Ásia e África passaram a abrigar povos que buscaram nas proximidades de grandes rios e mananciais de água o conforto necessário para sua garantia de sobrevivência. Entre outras regiões, podemos citar o fértil Vale do Rio Nilo, lugar onde a civilização egípcia constituiu sua história.

Situado na porção nordeste do continente africano, o Egito integrava os limites do antigo Crescente Fértil. Ironicamente, boa parte dessa localidade é tomada por deserto de clima extremamente árido. Atualmente, as terras cultiváveis são controladas por um grupo de latifundiários que produzem algodão para suprir as demandas do mercado externo. Tal realidade está bem distante da diversificada e imponente potência agrícola que um dia foi o Egito no tempo dos faraós.

Com quase 6.700 quilômetros de extensão, o Rio Nilo foi chave fundamental para que essa imensa civilização fosse formada no continente africano. Por meio de um interessante sistema de cheias, os povos nômades que primeiramente chegaram àquela região puderam suportar as intempéries de um dos lugares de clima mais seco do planeta. Entre os meses de junho e outubro, a elevação das águas do Nilo cobria suas margens com um material orgânico (húmus) responsável pela fertilização das terras.

Toda essa benesse oferecida pelo meio ambiente acabou influenciando fortemente a constituição do pensamento religioso dos povos egípcios. Boa parte dos mitos e divindades egípcias tinha algum tipo de relação com a natureza. Muito provavelmente, influenciados pela observância dos ciclos naturais, os egípcios deram origem à crença na imortalidade, que os instigava a ter um cuidado especial com todos aqueles que faleciam.

Além de acreditar na forte influência que os deuses possuíam na organização da vida terrena, os egípcios também foram capazes de produzir conhecimento em diferentes áreas. Para ampliar a disponibilidade de terras cultiváveis, foram capazes de criar canais de irrigação e diques que potencializavam o uso das águas do Rio Nilo. Além disso, desenvolveram uma medicina própria que contava com a utilização de diversos remédios e, até mesmo, de cirurgias realizadas com o uso de anestesia.

Por contar com uma população bastante numerosa, os egípcios desenvolveram uma sociedade complexa dividida em várias camadas sociais. No topo dessa hierarquia estava o faraó, um deus encarnado que também era responsável pelas principais decisões políticas da civilização. Sem dúvida, uma breve investigação sobre os egípcios nos leva a crer que suas conquistas e mistérios quebram com aquela impressão arcaica que geralmente temos ao pensar nas populações da Antiguidade.   Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Egito Antigo - Antigo Império


A unificação do rei Menés e as Pirâmides de Gizé: dois fatos que marcam o Antigo Império.


A história política do Antigo Egito conta com diferentes períodos que estão intimamente ligados à sua história imperial. Contudo, antes que possamos perceber a instalação de um governo de caráter centralizado nesta região, devemos observar que os egípcios organizaram seu cenário político de uma outra maneira. Ainda durante o final do Neolítico, as populações egípcias estiveram organizadas em diversas comunidades agrícolas.

Cada uma dessas comunidades era conhecida como um nomo, uma espécie de aldeia chefiada por um nomarca. Com o crescimento populacional e a construção de grandes obras hidráulicas, a região do Vale do Rio Nilo passou a ser dividia em dois diferentes reinos: o reino do Alto Egito e o reino do Baixo Egito. A composição desses dois reinos sofreu um processo de unificação política chefiada por Menés (ou Narmer), na época, rei do Alto Egito.

Deixando esses dois reinos sob o seu domínio, Menés se transformou no primeiro faraó do Egito Antigo, colocando todos os nomarcas sob o seu domínio. Além disso, o processo de unificação transformou a cidade de Tinis na primeira capital do império. Anos mais tarde, Mênfis ocupou essa posição. Em grande parte desse período, o governo egípcio tinha caráter pacifista ao não entrar em atrito com outras civilizações próximas.

Nesse quadro de grande estabilidade política, ocorreu a execução de diversas obras de irrigação e a construção de pirâmides. Entre os anos de 2600 a.C. e 2700 a.C. ocorreu a construção das conhecidas pirâmides de Gizé, atribuídas à ação dos faraós Quéfren, Quéops e Miquerinos. Para que fosse viável a realização de projetos tão grandiosos, o Estado faraônico instituía um sistema de servidão coletiva que submetia toda população egípcia ao trabalho nos campos e nas cidades.

Por volta de 2300 a.C. o próspero quadro que vigorou durante boa parte do Antigo Império ruiu com uma série de problemas climáticos e convulsões sociais. A fome, as epidemias e uma série de tensões político-sociais. Entre essas disputas, destacamos a ação dos nobres e nomarcas que se associaram contra o poder do Faraó. Dessa forma, o poder voltou a se esfacelar, o que facilitou a invasão de povos asiáticos na região do Delta do Nilo. Assim, o Antigo Império se findou.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
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Egito Antigo – Médio Império


A restauração de Mentuhotep II e a invasão dos hicsos: dois fatos que marcam o Médio Império.


Nos séculos finais do Antigo Império, o Egito sofreu com várias adversidades que prejudicaram diretamente a manutenção de um governo controlado sob a autoridade faraônica. A diminuição do ciclo de cheias do Rio Nilo, a consequente disseminação de doenças e a falta de mantimentos no interior daquela sociedade estabeleceram o acirramento de várias tensões. A população passou a se rebelar contra o próprio Estado e os nomarcas apoiaram a volta de um sistema político descentralizado.

Entre os anos de 2300 e 2000 a.C. a ruína econômica e as contendas internas possibilitaram a invasão de povos provenientes da Ásia que se estabeleceram no Delta do Rio Nilo, região norte do Egito. Somente nas últimas décadas do século XXI a.C., os egípcios reassumiram o total controle do território graças à atuação militar do faraó Mentuhotep II, que também teve que enfrentar a resistência dos nomarcas ao projeto de ressurgimento do Estado centralizado.

Com o retorno do faraó, o sistema de servidão coletiva voltou mais uma vez a vigorar e, dessa forma, permitiu a construção de grandes canais de irrigação e o surgimento de outros pontos de exploração agrícola. Para garantir estabilidade, o Estado passou a aceitar o ingresso de membros de camadas sociais inferiores na formação de um poderoso exército. Não por acaso, os egípcios conquistaram nesse período as regiões da Núbia e da Palestina, onde encontraram grandes minas de ouro e cobre.

Ao longo dos anos, a prosperidade material alcançada ao longo do Médio Império fez com que as diferenças sociais fossem cada vez mais agudas. A formação de uma restrita classe de privilegiados motivou várias comunidades camponesas a seguir os ditames formulados pelo poder central. Mais uma vez, os nobres passaram a reivindicar maior autonomia política e as contendas fragilizaram o opulento governo centralizado nas mãos do faraó.

Por volta de 1800 e 1700 a.C., algumas tribos hebraicas adentraram o território egípcio em busca de melhores condições de vida. Na época, o severo clima árido da região palestina motivou o deslocamento da civilização hebraica para o interior do Egito. Contudo, o evento que desestabilizou o governo egípcio foi a invasão militar estabelecida pelos hicsos, povo asiático que contava com uma tecnologia de guerra que preservou sua dominação no delta do Nilo entre os anos de 1750 e 1580 a.C..


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Egito Antigo – Novo Império


O governo de Ramsés II e a invasão de Assurbanipal: momentos distintos do Novo Império.


O estabelecimento do Novo Império teve início com o processo de união da população egípcia contra a dominação exercida pelos hicsos em seus territórios. Com o apoio de Amósis I, uma grande revolta contra a presença estrangeira conseguiu finalmente desencadear as lutas que deram fim à hegemonia dos hicsos. A grande mobilização gerada por esse episódio fortaleceu o exército egípcio e propagou ações militaristas que ampliaram as fronteiras do império.

Segundo apontado por recentes pesquisas, foi nessa mesma época que os hebreus haviam se instalado no Egito, aproximadamente no século XIII a.C.. Com relação a este fato, devemos assinalar que, após a saída dos hicsos, o governo egípcio converteu a população hebraica à condição de escravos. Mediante tal mudança, os hebreus deram início ao seu processo de retirada do território egípcio, feito que contou com a liderança político-religiosa de Moisés.

Entre as mais importantes conquistas territoriais realizadas nessa época, destacamos o controle sobre as regiões da Mesopotâmia e das proximidades do Sudão. O controle sobre uma ampla porção de terras também fomentou a formação de atividades comerciais mais intensas, que incluía a importação de madeira da Fenícia, de metais preciosos vindos da Núbia e da resina proveniente da Grécia e outras regiões do mundo Oriental. De fato, esse foi um período de expressiva prosperidade econômica.

O visível fortalecimento do poder monárquico abriu portas para a constituição de uma reforma religiosa que foi imposta pelo faraó Amenófis IV. Buscando limitar a influência exercida pelos sacerdotes, este governante aboliu o culto politeísta no Egito e passou a reconhecer somente o culto ao deus Aton. Com tal mudança, pôde fechar vários templos dedicados a outras divindades e confiscar os bens administrados por grande parte da classe sacerdotal.

A mudança provocada por Amenófis IV não perdurou no interior da sociedade egípcia. Tutancâmon, filho de Amenófis, assim que chegou ao poder tratou de restabelecer as antigas tradições religiosas politeístas com a recuperação dos templos que haviam sido abandonados. Chegado o governo de Ramsés II (1292 – 1225 a.C.), os egípcios tiveram que enfrentar a cobiça de outros povos estrangeiros. Nesse período, as forças militares do Egito se encarregaram de expulsar os hititas do Vale do Rio Nilo.

No final do Novo Império, as disputas políticas entre os faraós e os sacerdotes foram responsáveis pelo enfraquecimento político da nação. Por volta de 1100 a.C., o império egípcio foi novamente dividido em Alto e Baixo Egito. A dissolução acabou permitindo que os assírios avançassem sob o território. Em 662 a.C., o rei Assurbanipal conseguiu subjugar o politicamente combalido governo egípcio. Daí em diante, outras civilizações dominaram o Egito.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Era Napoleônica


A autocoroação: o ponto máximo do governo de um lendário estadista e chefe militar.

Durante a Revolução Francesa, as disputas entre a burguesia e as camadas populares geravam uma grande tensão política que ameaçava a imposição de uma nova era política na França. Enquanto tais contendas inflamavam o contexto interno, várias monarquias da Europa se uniam com o objetivo de derrubar os defensores e os ideais destes revolucionários.
Nesse tempo, a figura de um jovem militar passou a ganhar um destaque de projeções meteóricas. Nascido na Córsega, em 1769, Napoleão Bonaparte ficara conhecido pela sua invejável habilidade militar e sua capacidade de vencer batalhas que pareciam estar praticamente perdidas. Em pouco tempo, a população francesa reconheceu em sua imagem a figura de um herói defensor do ideal revolucionário.

Fustigada pelas sucessivas crises internas, a burguesia viu em Napoleão a oportunidade perfeita para que as contendas políticas cessassem e o desenvolvimento econômico surgisse. Por isso, em 1799, Bonaparte teve o apoio político necessário para derrubar o Diretório que controlava seu país e organizar o Consulado. Neste novo sistema de governo, Napoleão já possuía em suas mãos as mais importantes atribuições políticas da nação.

Aproveitando da situação, logo tratou de criar o Banco da França, que deveria custear os empreendimentos burgueses e reorientar a enfraquecida economia nacional. Logo em seguida, reatou as relações do Estado com a Igreja, que passara a reconhecer a perda de suas propriedades e todas as demais satisfações que os clérigos deviam ao regime republicano. No ano de 1804, o Código Civil Napoleônico estabeleceu a igualdade de todos os cidadãos perante a lei.

Os bons resultados de sua administração materializaram paulatinamente a conquista do poder absoluto de Napoleão na França. Coroado, Napoleão fez questão de esclarecer que assumia o trono francês na qualidade de um abnegado defensor do regime republicano. Como imperador, sustentou as conquistas camponesas com a reforma agrária, promoveu uma série de obras públicas e deu continuidade ao processo de modernização da economia.

A aparência estável do governo napoleônico instigou as monarquias europeias a se organizarem novamente contra os franceses. Vencendo batalhas de grande importância, Napoleão se tronou o senhor da Europa. Em contraste aos ganhos militares, o governo francês tinha enormes dificuldades para ampliar os números de sua economia. A hegemonia industrial britânica era o seu principal obstáculo.

Visando resolver esta questão, Napoleão publicou um decreto internacional, chamado Bloqueio Continental, que proibia o comércio entre a Inglaterra e qualquer outra nação europeia. Todo o país que desobedecesse este tratado, seria implacavelmente invadido pelas tropas francesas. Em pouco tempo, não resistindo à dependência com relação aos produtos ingleses, várias nações desobedeceram ao acordo e foram invadidas por Napoleão.

Apesar de expor sua hegemonia militar terrestre, as invasões napoleônicas acabaram retirando a agilidade e o poder de reação das tropas francesas. Em 1812, o descumprimento russo ao Bloqueio Continental obrigou ao estadista francês empreender uma grande investida militar que contava com seiscentos mil soldados. Surpreendido pela tática de terra arrasada e o vigor do inverno siberiano, Napoleão Bonaparte acabou perdendo milhares de soldados.

Aproveitando da situação, as tropas monarquistas da Europa se reorganizaram para derrotar o governo francês. A primeira derrota aconteceu em 1814, na cidade de Leipzig, onde Napoleão se entregou aos inimigos. Depois disso, foi exilado na pequena ilha mediterrânea de Elba para que não oferecesse maiores riscos. Entretanto, um destacamento de soldados fiéis conseguiu retirá-lo da região e devolver-lhe o controle da França.

Conhecido como o “Governo de Cem Dias”, essa desesperada volta de Napoleão ao poder foi logo fustigada pelos seus inimigos na batalha de Waterloo. Dessa vez, o lendário militar foi exilado na ilha africana de Santa Helena. Seis anos mais tarde, ele morreu em consequência de uma terrível doença (provavelmente câncer) que acometia o seu estômago.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
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