A negligência salutar instaurou um sentimento de autonomia entre os colonos norte-americanos.
Em diversos filmes hollywoodianos, vemos a figura de personagens fictícias que exaltam a liberdade de opinião e autonomia que marcam os direitos do cidadão norte-americano. Mais do que um mero bordão ufanista, essa ideia de que os Estados Unidos da América prima pela liberdade de seus cidadãos tem uma ligação direta com o processo de independência desse país. Em todo o continente americano, as 13 Colônias foram as primeiras a alcançarem sua autonomia política.
Contudo, o que pode nos explicar esse pioneirismo dos norte-americanos em relação a todo o restante do ambiente colonial americano? Para respondermos essa questão é necessário que voltemos atenção para o próprio processo de colonização britânico na América do Norte. Diferentemente das outras metrópoles, a Inglaterra não estabeleceu rígidos mecanismos de controle que transformassem suas zonas de exploração colonial em espaços economicamente e politicamente subordinados.
Na verdade, a ocupação do espaço colonial inglês aconteceu por meio da ação particular de britânicos que fugiam das perseguições religiosas que tomavam conta de sua terra natal. Ao mesmo tempo, a Inglaterra se mantinha ocupada por uma série de conflitos que influenciaram diretamente na ausência de ações que pudessem firmar um nítido pacto colonial com a população que ocupava as terras da Costa Leste da América do Norte.
O desfrute de todas essas liberdades marcou a instalação do que convencionamos chamar de “negligência salutar”. O termo designa não só a falta de controle dos ingleses, bem como assinala as vantagens políticas e econômicas que os colonos norte-americanos alcançaram na medida em que decidiam, de maneira autônoma, a condução de suas instituições. Somente quando tais regalias estiveram ameaçadas é que passamos a vislumbrar os passos dados pelos colonos rumo à sua completa independência.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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