Na "Cúpula das Américas", organizada pelo presidente Clinton em Miami, com a presença de todos os Chefes de Estado das três Américas- salvo o excluído Fidel Castro- uma propostFidel Castro- uma proposta provocou a excitação de nossos chefes de Estado: a criação de um mercado comum Americano, englobando não só Canadá, EUA e México, como ocorre com o NAFTA, mas todos os países das Américas.
Num mundo onde a palavra de ordem é a globalização, e a divisão do poder se dá em função da força econômica dos diferentes blocos regionais- a CEE na Europa, o Nafta na América do Norte, o Mercado Comum Asiático- a perspectiva de integrar um novo bloco junto com os EUA soa, para muitos países latino-americanos, como uma porta aberta para um futuro mais próspero. Entretanto as aparências enganam.
Os países desenvolvidos estão buscando uma forma de fortalecer seu comércio. Para isso, vêem os países latino-americanos como parceiros para sua política neo-liberal: enquanto nos limitaríamos a exportar matéria-prima, os EUA produziriam em suas fábricas robotizadas e pouco poluentes mercadorias que nos invadiriam graças à imposição do "mercado livre e aberto". Chile e Argentina já aceitaram essa situação. Nacedil;ão. Na busca dessa "inserção" econômica, a "abertura" do mercado só vale para os países subdesenvolvidos. Nos EUA como na Europa, o protecionismo é pratica comum. Quando conseguimos algum produto competitivo, os EUA não tardam em aplicar represálias para dificultar nosso ímpeto exportador. O suco de laranja, os sapatos, o ferro são bons exemplos disso.
Na verdade por aqui sobrarão as indústrias poluentes que ainda se fizerem necessárias à fabricação de "produtos globais". Ao especializar nossa indústria na produção desses bens, importando o restante, não só estaremos destruindo nossa indústria, como ocorreu na Argentina, como ficaremos sempre presos às políticas tarifárias impostas pelo mercado global. O Chile por exemplo não pode estabelecer sua política tarifária própria, pois está arriscado a ver em represália os preços de suas importações, que vão de carros a alfinetes, subirem astronomicamente. Esse modelo leva ainda a um aumento do desemprego, uma vez que a moderna indústria mundial exige cada vez menos mão-de-obra. A taxa oficial de desemprego na Argentina é aproximadamentte; aproximadamente de 14%, mas fontes extra-oficiais cifram-na em 25% da população ativa. Na "Aldeia Global", são cada vez maiores as hordas de desempregados imigrantes a invadirem o primeiro mundo. Nos EUA, o espanhol já é língua oficial em alguns estados. Por fim, se o "mercado mundial" passar a determinar nossa política econômica, não teremos mais condições de definir, de dentro para fora, nossa própria política de desenvolvimento, voltada para a solução de nossos problemas reais, como a miséria e a fome.
Que o Brasil queira entrar no mundo dos blocos regionais é até compreensível. A economia transnacional, contudo, não nos está permitindo essa opção, pois o preço a ser pago é por demais elevado. Mas é inegável que temos que buscar uma solução que não nos isole e que nos permita ditar o rumo do nosso desenvolvimento, preservando a soberania e resolvendo nossos problemas internos.
A participação em um "bloco regional", seja ele o Mercosul, o Nafta, a CEE ou agora o "Afta", deve ser feita com extrema cautela. Para não deixarmos que os intixarmos que os interesses dos poderosos e a ilusão do crescimento fácil nos façam esquecer que não poderemos ser modernos antes de acabar com a miséria.
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segunda-feira, 8 de março de 2010
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