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quinta-feira, 11 de março de 2010

Abimael Guzmán Reynoso


Guzmán: o ortodoxo líder comunista que espalhou o terror no Peru.
A América Latina do pós-Segunda Guerra Mundial se transformou em um palco de diversas experiências políticas. Depois da experiência colonial e a ingerência das potências anglo-americanas, o processo de urbanização e o sucesso da Revolução Cubana fizeram com que diferentes movimentos surgissem no continente. Nesse sentido, algumas tendências próximas do ideário socialista se prontificaram a revirar algumas dessas nações.

Antes disso, na década de 1930, nasceu Abimael Guzmán Reynoso, filho bastardo de um rico comerciante que por anos não o reconheceu como filho. Com apenas cinco anos de idade, Abimael perdeu a mãe e viveu parte de sua infância e adolescência sob os cuidados de alguns parentes. Tempos mais tarde, foi reconhecido pelo seu pai e, com isso, teve a oportunidade de estudar em bons colégios e construir uma carreira universitária. Nesse período, o jovem Abimael se interessou pelos diálogos da filosofia alemã.

Nesse mesmo tempo, na década de 1960, a nação peruana sofria com diversos incidentes políticos marcados pela tentativa de golpe de pequenas milícias de esquerda. Enquanto isso, Abimal Guzmán se aprofundava no estudo de textos marxistas e, em 1965, decidiu visitar a China Revolucionária com o objetivo de formar uma guerrilha revolucionária. No curto período em que esteve no Oriente aprendeu a organizar assaltos, emboscadas, fabricar bombas e administrar ações revolucionárias.

De volta à sua terra natal, Guzmán formou um grupo guerrilheiro chamado Sendero Luminoso. O movimento era uma homenagem explícita ao movimento revolucionário da década de 1920, liderado por José Carlos Mariátegui, chefe da “Frente Estudantil Revolucionária de Sendero Luminoso de Mariátgui”. Nos primeiros anos a organização do grupo de Guzmán foi realizada em segredo. O Sendero Luminoso buscava congregar e treinar seus partidários para só depois entrar em ação.

Ao longo da década de 1970, Abimael ingressou em uma discreta carreira acadêmica na Universidade de Huamanga, na cidade de Ayacucho, foco das ações de seu partido. A partir daquele local, o líder guerrilheiro aglomerou o apoio de diversos simpatizantes de esquerda interessados em instalar uma guerra civil no país. Ao longo desse período o regime ditatorial peruano – vigente entre 1968 e 1980 – dava seus sinais de enfraquecimento e alertava o Sendero para preparação de sua ação revolucionária.

No início de 1980, o regime autoritário se rendeu às pressões políticas da época convocando eleições diretas. Nesse momento, o Sendero Luminoso se preparou para suas primeiras ações armadas. Um dia antes do pleito, companheiros de Abimael invadiram uma escola na cidade de Chuschi e incendiaram as urnas, cédulas e títulos eleitorais ali armazenados. Esse foi o primeiro sinal de oposição do grupo contra o regime democrático que se encaminhava nos quadros políticos peruanos.

A partir de então, o Sendero Luminoso começou a se colocar contra o governo do presidente Fernando Belaúnde Terry (1980 – 1985). A partir disso, o movimento passou a gerar diversas ações terroristas com a formação de pequenas células isoladas que executavam diferentes ações criminosas. Inseridos nessas células guerrilheiras, os participantes do movimento eram apresentados ao pensamento revolucionário de esquerda e treinados para o manuseio de armas e explosivos.

O crescimento do movimento transformou o líder do Sendero em um megalômano obstinado na realização de uma revolução em escala mundial. Com o passar do tempo, Guzmán acreditava que estaria predestinado a tornar-se uma figura histórica e passou a exigir reverência de seus comandados. Nesse período, o líder terrorista proclamou a criação da República Popular do Peru, onde se tornou chefe máximo de um Estado financiado pelo lucro de suas ações terroristas.

Para ampliar o número de seguidores do Sendero, Abimael organizou ações de contato dos guerrilheiros com as populações indígenas peruanas. Muitas das vezes, não concordando com os princípios radicais dos revolucionários, aldeias inteiras eram massacradas e suas crianças raptadas para o uso em missões do grupo. Em alguns casos o terror propagado pelo “camarada Gonzalo”, apelido dado à Guzmán, chegou ao extremo de empregar crianças-bomba.

Nos anos 1990, o Sendero Luminoso começou a dar seus primeiros sinais de colapso. O enfraquecimento é usualmente explicado pela crise dos países socialistas, representada pelo fim da União Soviética, e o interesse da população em promover a estabilização social e política de seu país. Aos poucos, os focos da guerrilha passaram a ser denunciados pela própria população e seus atos criminosos repudiados publicamente.

A essa altura, o Sendero caiu em descrédito, principalmente depois de matar e explodir o corpo da líder pacifista Maria Elena Moyano. Em setembro de 1992, a prisão de Abimael Guzmán deu fim às atividades dos senderistas. Muitos comemoram esse feito como o início do processo de pacificação da nação peruana. Ao longo de sua existência, os revolucionários comandados por Guzmán foram responsáveis por mais de trinta mil assassinatos.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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