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terça-feira, 9 de março de 2010

Gavrilo Princip


Gavrilo: o autor de um atentado de conseqüências internacionais.
Um terrorista responsável por uma guerra de proporções mundiais. Essa é a usual relação histórica atribuída ao atentado executado pelo sérvio Gavrilo Princip e o começo da Primeira Guerra Mundial. No entanto, aquele jovem estudante tuberculoso de origem humilde não tinha certeza das implicações de seus atos no momento em que escolheu o terrorismo como via de manifestação de seus ideais nacionalistas. De fato, nada parece muito planejado na vida de um dos primeiros terroristas do século XX.

Nascido em Oblej, na Bósnia, Gavrilo era filho da união entre Maria e o carteiro Petar, ambos de descendência sérvia. Quando alcançou a idade de 13 anos, Gavrilo decidiu morar na capital, Sarajevo, para dar prosseguimento em seus estudos. Inicialmente filiou-se a uma instituição militar, mas depois preferiu ingressar em um curso técnico de administração. No ano de 1910, Princip resolveu terminar sua formação intermediária em Tuzla, cidade da Sérvia.

Enquanto ingressava em seus estudos, a Bósnia viva uma imensa tensão política após a anexação de seus territórios ao Império Austro-Húngaro, em 1908. Desde aquele momento, movimentos de inspiração nacionalista surgiam em oposição ao predomínio imperialista austríaco na região. Entre as diversas tendências predominantes, o pan-eslavismo ganhou diversos adeptos ao lutar em prol da formação de um único país que abrigaria todos os eslavos da Península Balcânica.

Quando Gavrilo morava na Sérvia, a representação do ideal pan-eslavista ficava a cargo de uma organização chamada “Unificação ou Morte”, também conhecida como “Mão Negra”. A cada dia, o jovem estudante mostrava com maior ênfase sua simpatia pelos ideais nacionalistas e devoção inabalável na missão de dar fim à influência Austro-Húngara na Península Balcânica. Para tanto, Gavrilo acreditava ser necessário dar fim à vida de Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro.

Mostrando-se disposto a empregar sua vida em favor de seus ideais, Princip logo fora escolhido para participar do atentado que matou o arquiduque Francisco Ferdinando. Em junho de 1914, a cobiçada autoridade estaria pelas ruas de Sarajevo inspecionando as atividades das forças militares austro-húngaras. Preocupado em demonstrar superioridade, Francisco Ferdinando optou pelo dia 28 de junho para a inspeção, data em que se comemora o dia nacional sérvio.

Atentos à visita oficial do arquiduque, a Mão Negra ofereceu pistolas, granadas e um treinamento militar de aproximadamente dois meses. Nesse período, Gavrilo se destacou nas atividades com tiro e Nedjelko Cabrinovic um dos melhores lançadores de granada. Chegado o tão esperado 28 de junho, Gavrilo e seus companheiros se espalharam estrategicamente pela Rua Appel Quay, uma das vias atravessadas pela comitiva de Francisco Ferdinando.

Depois de chegar a Sarajevo, o arquiduque e a princesa Sofia desfilaram em um carro aberto que atravessou as principais ruas da cidade. Ao chegar à Appel Quay, Cabrinovic tentou executar a missão lançando uma granada contra a condução de Francisco Ferdinando. Felizmente, o motorista do carro percebeu a ação do terrorista e conseguiu desviar do armamento. Após o fracasso, Cabrinovic tomou uma dose de cianureto e se jogou no rio Miljacka, seguindo as ordens de seus superiores.

A tentativa de suicídio também foi fracassada. O veneno não atingiu o efeito esperado e o rio não era fundo o suficiente para que ele morresse afogado. Com isso, o terrorista foi preso pelas autoridades locais e seus comparsas resolveram se dispersar. Enquanto isso, Francisco Ferdinando prestigiou a recepção preparada na prefeitura da cidade e, logo em seguida, decidiu visitar os ocupantes do outro carro atingido pela bomba lançada por Cabrinovic.

No trajeto de ida para o hospital, a comitiva decidiu realizar o mesmo trajeto onde aconteceu o primeiro atentado. Entretanto, o motorista que conduzia o arquiduque e sua esposa errou o caminho e pegou a rua onde, coincidentemente, Gavrilo se encontrava à porta de uma cafeteria. Ao perceber o alvo à frente de seus olhos, Gavrilo Princip disparou dois tiros contra o carro. O primeiro disparo atravessou a porta do carro e atingiu o abdômen de Sophia. A última bala – certeira e fatal – pegou em cheio o pescoço de Francisco Ferdinando.

Assim como seu companheiro, Gavrilo não conseguiu acabar com a própria vida. No momento em que ia disparar um tiro na cabeça, uma testemunha local impediu que o terrorista executasse todo o plano. Preso pelas autoridades, Gavrilo sofreu um processo judicial pelo assassinato. Por não ser maior de 21 anos, as autoridades não puderam condenar Gavrilo Princip à morte. No final do processo, o terrorista sérvio foi condenado à prisão perpétua.

Os outros envolvidos na ação terrorista também foram localizados e condenados ao enforcamento. Naquela altura, o ato terrorista da Mão Negra já tinha gerado as tensões diplomáticas que deram início à Primeira Guerra Mundial. No dia 28 de abril de 1918, a persistente tuberculose de Gavrilo Princip conseguiu finalmente vencê-lo. O corpo do terrorista foi enterrado em segredo para que nenhum extremista viesse a peregrinar em direção ao sepulcro do terrorista sérvio.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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