O determinante mais profundo desta crise provavelmente estará num emperramento dos mecanismos de reprodução do sistema até o ponto das suas capacitações básicas. A recuperação dos solos, motor da economia feudal por três séculos, acabou ultrapassando os limites objetivos da estrutura social e das terras disponíveis. O solo se deteriorava por causa da pressa e do mau uso.
Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias conseqüências. Durante o século XIII ocorrera uma expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e à derrubada de florestas. O desmatamento provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas, enquanto o aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se refletirá na baixa produtividade agrícola.
Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome.
Em particular, parece claro que o motor básico da recuperação dos solos, que impulsionara toda a economia feudal por três séculos, acabou ultrapassando os limites objetivos da estrutura social e das terras disponíveis.
A população continuou a crescer e a produção caiu nas terras marginais ainda disponíveis para uma recuperação aos níveis da técnica existente, e o solo deteriorava por causa da pressa e do mau uso. As terras aradas mais antigas, por outro lado, estavam sujeitas ao desgaste e deterioração pela própria antiguidade de seu cultivo. Assim, o progresso da agricultura medieval incorria agora em suas próprias perdas.
A derrubada de florestas e as terras desoladas não haviam sido acompanhadas de um cuidado comparável em sua conservação: normalmente havia pouca aplicação de fertilizantes, de maneira que a camada superior do solo muitas vezes era rapidamente exaurida, as enchentes e as tempestades de poeira se tornaram mais freqüentes.
Além disso, a diversificação da economia feudal européia junto com o crescimento do comércio internacional havia levado algumas regiões a diminuir a produção de milho, dos cereais, à custa de outros (vinhas, linho, lã ou pecuária) e assim, há um aumento na dependência da importação e aos perigos correlatos.
Estes fatos são uma clara evidência de uma crise nas forças de produção dentro das relações de produção predominantes.
Os índices de mortalidade aumentaram sensivelmente e, no século XIV, uma população debilitada pela fome teve que enfrentar uma epidemia de extrema gravidade: a Peste Negra, que chegou a dizimar cerca de 1/3 dos habitantes da Europa.
Neste panorama desolador, está a crise estrutural determinada pela catástrofe da Peste Negra, vinda da Ásia em 1348. Este foi um acontecimento externo à História da Europa, que se abateu contra ela de maneira um tanto assemelhada ao que a colonização européia fez às sociedades americanas ou africanas (o impacto de epidemias no caribe talvez proporcione uma comparação).
Depois disto, eclosões de pestilência tornaram-se endêmicas em muitas regiões. Combinando a estas repetidas pragas, o imposto cobrado por volta de 1400 abocanhava cerca de dois quintos do rendimento bruto.
O resultado foi uma devastadora escassez de mão-de-obra, exatamente quando a economia medieval tinha sido atingida por graves contradições.
A classe nobre, ameaçada pelas dívidas e pela inflação, agora se confortava com uma força de trabalho dizimada e descontente. Sua reação imediata foi tentar recuperar o excedente prendendo o campesinato às terras senhoriais ou baixando os salários na cidade e no campo.
No entanto, a tentativa senhorial de reforçar as condições servis e fazer a classe produtora pagar os custos da crise agora encontrava resistência violenta e desenfreada – muitas vezes liderada por camponeses mais educados e mais prósperos, e mobilizando as mais profundas paixões populares.
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, levando a constantes desvalorizações da moeda. Isso só fazia agravar a crise.
A economia urbana, ao mesmo tempo, agora atingia alguns obstáculos críticos para seu desenvolvimento. Mas o meio básico para a troca de bens sem dúvida fora apanhado pela crise: das primeiras décadas do século XIV em diante houve uma escassez de dinheiro que inevitavelmente afetou as operações bancárias e o comércio. As razões subjacentes para esta crise monetária são obscuras e complexas. Seu fator central era um limite objetivo das próprias forças de produção.
A extração de prata, a que estava conectado organicamente todo o setor urbano e monetário, deixou de ser praticável ou rentável nas principais zonas mineiras da Europa Central, porque já não havia meio de cavar poços mais profundos ou de refinar minérios impuros.
A falta de metais levou a repetidas adulterações na cunhagem em vários países sucessivamente, e daí a uma inflação em espiral.
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de um novo grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal.
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação política, ou surgimento dos Estados Nacionais, aparece desta forma como uma solução política para a nobreza manter sua dominação.
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais (uma nova concepção do homem e do mundo) e religiosas (a igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia mais dinâmica).
A crise geral do feudalismo no século XIV foi basicamente causada por uma escalada contínua da exploração nobre a partir do século XI, que provocaram revoltas camponesas cumulativas e desta maneira um colapso da velha ordem. Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao Capitalismo.
A crise do sistema geral do feudalismo no século XIV foi basicamente causada por uma escalada contínua da exploração nobre a partir do século XI, que provocaram revoltas camponesas cumulativas e desta maneira um colapso da velha ordem.
Texto escrito por Patrícia Barboza da Silva
Referencias bibliográfica:
FERREIRA, José Roberto Martins, História. São Paulo: FTD; 1997.
MORAES, José Geraldo. Caminho das Civilizações. São Paulo: Atual. 1994
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