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domingo, 2 de janeiro de 2011

Desvendando a Arqueologia: uma viagem ao passado (Parte III – As Escavações Arqueológicas)

Desvendando a Arqueologia: uma viagem ao passado
(Parte III – As Escavações Arqueológicas)
Por Antonio Canto*
Os vestígios do passado, compostos pela cultura material dos grupos pré-históricos e históricos, podem ser encontrados no solo pelo arqueólogo, através das escavações arqueológicas sistemáticas. No caso dos sítios históricos, os arqueólogos utilizarão os mesmos procedimentos metodológicos adotados para os sítios pré-históricos; só que ele contará com o apoio de um engenheiro arquiteto para analisar as informações sobre os aspectos arquitetônicos das edificações (estrutura das construções, paredes, etc.) e terá disponíveis, também, fontes de informação para a pesquisa (textos, mapas, fotografia, etc).
Nas escavações, os objetos encontrados nas camadas mais profundas do solo, geralmente podem ser considerados como os elementos mais antigos. Mas essa regra não pode ser aplicada a todos os sítios arqueológicos. Muitas vezes, em decorrência de movimentos que ocorrem na terra (movimentos tectônicos), pela ação de alguns animais como o tatu e pela ação do próprio homem, durante a prática da agricultura ou outra atividade realizada nos solos arqueológicos, alguns materiais que estão nas camadas superiores podem passar para as camadas inferiores e vice-versa. Para se determinar essas camadas no solo, utiliza-se um método já adotado pelos geólogos e que desde o século XIX foi incorporado pela arqueologia. A este método, que tem por finalidade analisar os diferentes estratos do solo, chamamos de Estratigrafia.
A partir do estudo da estratigrafia podemos identificar características distintas das ocupações humanas no solo. Essas camadas do solo, quando compostas de materiais arqueológicos, nos revelarão aspectos das diferentes fases das ocupações humanas (mudanças culturais). A estratigrafia funcionará para o arqueólogo como uma espécie de livro, em que cada uma das camadas identificadas em um perfil do solo representará um capítulo da história da vida humana. A história da vida dos grupos passados será interpretada a partir dos acontecimentos que ficaram marcados nessas camadas, situadas numa posição inferior à superfície em que pisamos atualmente, daí os resíduos deixados desde a pré-história estarem em camadas mais antigas.
Quando o arqueólogo identifica um local onde possa existir algum vestígio da presença humana no passado, ele realiza uma escavação. Ressaltamos que as informações advindas da topografia (representação de um plano na superfície da terra), dos aspectos da vegetação ou mesmo do ambiente em seu geral, devem ser detalhadamente observadas e incorporadas aos resultados obtidos das descobertas arqueológicas, seja para dados de referência ou para análises comparativas e interpretativas da evolução do ambiente.
Antes de iniciar a escavação propriamente dita, o arqueólogo vai procurar, na superfície do solo, algumas evidências das ocupações humanas, como por exemplo, cacos de cerâmica, artefatos líticos, etc. Depois de encontradas as evidências arqueológicas, ele realizará poços-teste e trincheiras (aberturas na superfície do solo) que permitirão escolher o local mais apropriado para a escavação. As atividades anteriores às escavações propriamente ditas são chamadas de sondagens. Antecedem os trabalhos de sondagem algumas atividades básicas como a limpeza do terreno, a colocação de estacas para delinear o quadriculamento da área que será escavada e seu nivelamento. Tanto para os poços-teste, trincheiras ou escavações, o trecho do solo a ser estudado através de ferramentas leves, como colheres de pedreiro, espátulas, pincéis, etc., será cortado em camadas de terra muito finas para que não seja destruído nenhum dos materiais arqueológicos que comprovem a existência do homem em épocas mais antigas.
Quando for percebida a existência de algum material arqueológico nestas camadas, o arqueólogo realizará uma atividade detalhada e minuciosa para evidenciar este material. Esta atividade é chamada de decapagem. Os trabalhos de escavação podem ocorrer de duas formas distintas. Na primeira forma, escava-se o sítio utilizando como parâmetro as camadas naturais da terra. Na medida em que a tonalidade da terra vai mudando e atingindo características diferenciadas nos sedimentos, é identificada uma camada. Essas camadas, quando compostas de material arqueológico, devem ser fotografadas e documentadas no diário do arqueólogo, para que depois ele possa interpretar as peças deste “quebra-cabeça” que possibilitará entender como viveram os grupos humanos passados.
Em função desses aspectos é que se dispensa total importância aos trabalhos de decapagem (limpeza do material e fotos em ângulos diferenciados, desenhos e mapeamento dos objetos, etiquetagem de cada pedra, osso, cerâmica, etc.).
Para a segunda forma de escavação, utiliza-se o método dos níveis artificiais. Mas o que são níveis artificiais? São medidas definidas pelo arqueólogo para os trabalhos de escavação. Geralmente adota-se 0,10m (10cm) ou 0,20m (20cm) para cada nível escavado.
Assim, com a mesma metodologia aplicada para analisar as camadas naturais do solo (decapagens, etiquetagens, etc.), o sítio arqueológico também é pesquisado por níveis artificiais. Então, somando os elementos arqueológicos (cerâmica, instrumentos em pedra, ossos, dentre outros elementos) com as informações obtidas das camadas do solo e do meio ambiente em que foi realizada a escavação, o arqueólogo terá provas para contar como ocorreu a vida dos povos primitivos durante a pré-história e, também, durante os períodos históricos. Em função da responsabilidade que o arqueólogo terá para contar a história destes povos, a partir dos dados advindos das suas pesquisas, as escavações devem ser muito bem documentadas (fotografias, filmagens e anotações) para que, em caso de qualquer dúvida que venha a surgir durante a interpretação do modo de vida dos grupos estudados, essas informações possam ser reavaliadas.
Por este motivo a escavação deve ser considerada e muito bem avaliada sob os seus dois aspectos (por camadas naturais ou níveis artificiais). Então, após delimitado o local onde será aberta a quadrícula que será escavada, o arqueólogo vai verificar este corte na estrutura horizontal (por decapagem) e, também, na estrutura vertical (tipo trincheira/perfil). Uma vez etiquetado, registrado e/ou documentado o material recuperado das escavações, estes serão levados ao laboratório para que possam ser analisados mais detalhadamente através de métodos específicos da arqueologia e de outras ciências que auxiliam a arqueologia a compreender a forma de vida do homem no passado.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CANTO, Antonio. 2003. Tópicos da Arqueologia. Rio de Janeiro: CBJE. 66 p.


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Antonio Canto é Arqueólogo, Mestre em Geociências (UFPE), Doutorado em Arqueologia (Universidade de Coimbra). Professor Universitário; Arqueólogo da Oficina-Escola de Revitalização do Patrimônio Cultural de João Pessoa; Presidente do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas e Sociais (NUPAS).

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