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quinta-feira, 28 de junho de 2012

França 4

Um grupo mais moderado ocupou o poder depois da execução de Robespierre (1794) e, em 1795, a convenção foi substituída pelo diretório criado pela nova constituição e composto de cinco membros. O novo governo, dividido internamente, teve que lutar contra os realistas e contra os jacobinos extremistas e, no plano externo, combateu a coligação da Grã-Bretanha, Áustria e Prússia. O diretório durou quatro anos e, em 9 de novembro de 1799 (18 brumário, no calendário da revolução), foi dissolvido por Napoleão Bonaparte, jovem general que conquistara quase toda a Itália e obtivera grandes vitórias no Egito.
Napoleão instituiu o consulado provisório, constituído de três membros, mas no qual o poder se concentrava de fato nas mãos do primeiro-cônsul. Século XIX. Em 1804, depois de ter sido eleito cônsul vitalício em plebiscito, Napoleão foi coroado imperador dos franceses e instaurou um regime monárquico, embora inspirado nos princípios da revolução. Teve início, então, um período de hegemonia francesa no continente, resultado da intensa atividade militar de Napoleão.
O auge do domínio francês ocorreu em 1812 com a submissão da Itália e da Prússia, enfraquecimento da Áustria, concessões da Rússia e combates na Espanha e em Portugal, além de batalhas constantes contra os ingleses. Entretanto, as derrotas das tropas napoleônicas na Espanha e a desastrosa retirada de Moscou fizeram com que outras nações se unissem na luta contra a França.
Napoleão foi vencido em Leipzig em 1813, o que precipitou a queda do império. Abdicou em 1814 e foi desterrado para a ilha de Elba, enquanto Luís XVIII, irmão de Luís XVI, ocupava o trono. A revolução voltava, pelo menos formalmente, ao ponto de partida, com a restauração da monarquia constitucional.
Em 1815, Napoleão tentou recuperar o poder, mas foi definitivamente derrotado em Waterloo e confinado na ilha de Santa Helena, no Atlântico sul. Luís XVIII voltou a ocupar o trono e as fronteiras da França se fixaram onde estavam antes da revolução. O governo de Luís XVIII, o primeiro da Restauração, adotou uma política liberal e moderada, mas seu substituto, Carlos X, reinou apoiado pela igreja e pelas forças ultraconservadoras.
A revolução burguesa de 1830 obrigou o rei a abdicar em favor de seu neto, Luís Filipe, antes de fugir para o Reino Unido. Membro da casa de Orléans, ramo colateral dos Bourbons, Luís Filipe foi nomeado rei, em vitória da burguesia sobre a aristocracia. Seu reinado deu ao país um período de grande desenvolvimento capitalista e industrial, apoiado por uma política autoritária.
O surgimento de um novo proletariado, o florescimento do pensamento socialista, com intelectuais como Henri de Saint-Simon e Charles Fourier, e o início de uma crise econômica precipitaram a revolução de 1848, após a qual foi proclamada a segunda república, regida por uma nova constituição. Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão I, foi eleito presidente da república, protagonizou um golpe de estado em dezembro de 1851 e, no ano seguinte, proclamou-se imperador com o nome de Napoleão III.
Napoleão III governou de forma autoritária, tentando criar um império colonial e devolver à França a antiga grandeza. Durante o segundo império, foram restabelecidas a liberdade de imprensa e de opinião e a maior parte dos direitos individuais. Destaca-se também o amplo programa de obras públicas no qual se inseriu a construção do canal de Suez.
A política externa, porém, isolou a França na Europa, dominada então pela diplomacia do chanceler prussiano Otto von Bismarck. A rivalidade com a Prússia, cujo poder se expandia na Europa central, precipitou a deflagração da guerra de 1870, a propósito da sucessão espanhola. Depois das batalhas de Sedan e Metz, os exércitos franceses, cercados, foram obrigados a capitular. A França perdeu a Alsácia e a Lorena e comprometeu-se a pagar pesada indenização de guerra. Napoleão III foi capturado e instalou-se a terceira república. O novo período começou com prenúncios de instabilidade política, como a explosão revolucionária da Comuna de Paris, esmagada pelo primeiro governo da terceira república, e a tentativa de golpe do presidente Marie-Edme-Patrice-Maurice de Mac-Mahon em 1877. Uma vez consolidado, o regime optou por uma política colonialista.
Século XX. A disputa entre a França e a Alemanha pela posse da Alsácia e Lorena, as guerras balcânicas, a rivalidade econômica e as ambições imperialistas foram às causas da primeira guerra mundial, iniciada em 1914. A Alemanha invadiu a Bélgica e a França, mas foi detida no Marne. Depois de uma longa ofensiva contra os aliados, os alemães, derrotados, assinaram o armistício em 1918. Pelo Tratado de Versalhes, a França recuperou a Alsácia e Lorena e exigiu, como os outros vencedores, indenizações de guerra. Durante o pós-guerra, os problemas políticos da França se agravaram: instabilidade dos governos, enormes gastos provocados pela guerra e o início da crise econômica mundial de 1929.
Entre 1932, auge da crise provocada pela depressão econômica, e 1936, quando o socialista Léon Blum unificou as esquerdas e formou seu governo de Frente Popular, a França teve dez governos diferentes. O ressentimento alemão diante das condições impostas pela França em Versalhes foi uma das causas do crescimento do nacional-socialismo e do início da segunda guerra mundial. Depois de invadir os Países Baixos, a Bélgica e Luxemburgo, em 14 de junho de 1940, o exército do Terceiro Reich ocupou Paris e, no dia 22, foi assinado o armistício franco-alemão.
A França ficou então dividida numa zona ocupada e outra governada pelo marechal Philippe Pétain, com capital em Vichy, manipulada por Hitler. Enquanto isso, de Londres, o general Charles de Gaulle incentivava a resistência da "França Livre" contra a Alemanha e o regime colaboracionista de Vichy. Em 1944, os aliados reconquistaram a França e De Gaulle liderou o governo provisório da nação.
Em 1946 De Gaulle renunciou e aprovou-se uma nova constituição, o que deu início ao período conhecido como quarta república. A situação era dificílima: o país estava destruído após a guerra e as colônias --Madagascar, Indochina, Tunísia e Marrocos -- exigiam a independência. O problema mais sério enfrentado pela quarta república, contudo, foi à guerra da Argélia.
A divisão do país em torno da política a seguir frente ao movimento argelino pela independência obrigou De Gaulle a voltar ao poder e instaurar a quinta república, em 1958. A nova constituição aumentou as atribuições do presidente e do governo frente à assembléia e foi criada a Comunidade Francesa das Nações (Communauté). Em 8 de janeiro de 1959, o general De Gaulle assumiu a presidência e nomeou os membros do governo. O problema argelino solucionou-se em 1962, quando a colônia conquistou a independência.
Para De Gaulle a Europa não deveria depender dos Estados Unidos nem da União Soviética, mas constituir uma terceira força mundial liderada pela França.
Eleito para um segundo mandato em 1965, retirou a França da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e não mais permitiu instalações militares estrangeiras em território francês. No plano interno, as revoltas de estudantes e trabalhadores, em maio de 1968, repercutiram na economia ao criarem um sentimento de insegurança social e descontentamento.
Em 1969, derrotado num referendo sobre reformas no Senado, De Gaulle renunciou. Nas eleições de 15 de junho de 1969 foi eleito Georges Pompidou, ex-colaborador De Gaulle, cuja política caracterizou-se pela austeridade econômica, com a desvalorização do franco. Após a morte de Pompidou, em 1974, a presidência foi ocupada pelo candidato centrista Valéry Giscard D'Estaing, que promoveu a reaproximação com os Estados Unidos, mas sua política econômica aumentou o desemprego, a inflação e o déficit da balança de pagamentos.
O presidente seguinte, eleito em 10 de maio de 1981, foi o socialista François Mitterrand que, depois de um período inicial de nacionalizações e aumento dos gastos públicos, estabeleceu uma política mais moderada e mais austera na área econômica. Entretanto, o aumento do desemprego e a inflação alta (15,3% ao ano) permitiram que a direita vencesse sucessivas eleições e finalmente se instalasse como maioria na Assembléia Nacional. O presidente Mitterrand teve de conviver com um primeiro-ministro conservador, o neogaullista Jacques Chirac, que trabalhou para reverter às conquistas socialistas de Mitterrand. Em 1988, porém, Mitterrand derrotou Chirac e formou um novo gabinete socialista, dirigido por Michel Rocard.
Este foi substituído por Edith Cresson em abril de 1991, mas, com o revés do partido socialista nas eleições municipais do ano seguinte, o cargo de premier passou a Pierre Bérégovoy. Acusado de corrupção, Bérégovoy foi responsabilizado pela esmagadora derrota socialista nas eleições de 1993. Depois de deixar o governo em fins de fevereiro de 1994, suicidou-se no Dia do Trabalho desse mesmo ano.
Instituições políticas
De acordo com a constituição da quinta república, de 1958, reformada em 1962, o sistema parlamentar francês se compõe da Assembléia Nacional, formada de 577 deputados, eleitos a cada cinco anos, e pelo Senado, composto de 321 senadores eleitos para mandatos de nove anos, com renovação de um terço a cada três anos. A Assembléia exerce o poder legislativo e tem também a função de controlar o governo.
O poder executivo é exercido pelo presidente e por um conselho de ministros presidido pelo primeiro-ministro. O presidente da república é eleito diretamente, por maioria absoluta, para um mandato de sete anos e tem amplos poderes, inclusive o de nomear e demitir o primeiro-ministro e dissolver a Assembléia Nacional. É o comandante supremo das forças armadas. O poder judiciário é independente e compõe-se de tribunais com jurisdição civil, penal, profissional e administrativa.
A organização administrativa da França se estrutura em regiões, departamentos, distritos, cantões e municípios. O território metropolitano se compõe de 95 departamentos, aos quais se somam cinco ultramarinos (Martinica, Guadalupe, Reunião, Guiana Francesa e São Pedro e Miquelon) e quatro territórios de ultramar (Polinésia Francesa, Wallis e Futuna, Nova Caledônia e Mahoré). O país também reclama soberania sobre uma porção da Antártica.
Para facilitar o planejamento regional, os departamentos foram agrupados em 21 circunscrições de ação regional, ou regiões. No plano administrativo, os departamentos estão divididos em 322 unidades, os arrondissements, que se subdividem em 3.208 cantões.
Dentre os numerosos partidos políticos franceses destacam-se o Partido Socialista, a Reunificação para a República (gaullista), a União para a Democracia Francesa (centrista), o Partido Comunista e a Frente Nacional (de direita).
No plano internacional, a França faz parte de vários organismos e pertence à Comunidade Européia (CE). No plano militar, o país tentou manter-se independente. Assim é que, embora participando da Organização do Atlântico Norte (OTAN), em 1966, abandonou sua estrutura militar. Faz parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, como membro permanente, tem direito de vetar qualquer decisão da maioria. Pertence ainda ao Grupo dos Sete, integrado pelos países mais ricos do mundo.
Sociedade
A França é um dos países mais desenvolvidos da Europa ocidental, mas a distribuição da riqueza não se dá de forma equitativa. Na segunda metade do século XX persistia uma acentuada diferença entre os grupos sociais: os agricultores, por exemplo, recebiam remuneração muito inferior à dos operários de indústrias. Além disso, o desequilíbrio econômico entre as regiões era notável.
Os sindicatos se organizam principalmente de acordo com as tendências políticas e a localização geográfica. Os mais importantes são a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação comunista, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho, de tendência católica; e a Força Operária, de ideologia socialista.
A previdência social, implantada na década de 1930, só se tornou eficiente depois da segunda guerra mundial. Cerca de oitenta por cento dos franceses se beneficiam do seguro social, que cobre aposentadoria, gastos com médicos e remédios, além de abono para famílias numerosas. Um dos problemas sociais mais sérios da França é a escassez de moradias, agravada pelo estado de conservação das que existem: um terço das residências francesas tem mais de cem anos.
Para solucionar o problema, o estado dá créditos e incentivos para a construção de casas. O sistema educativo francês caracteriza-se pela centralização, embora os acontecimentos de maio de 1968 tenham garantido maior autonomia aos centros universitários. A educação básica é obrigatória e gratuita nos centros de ensino público e divide-se em primária e secundária, cursada por crianças na faixa dos 6 aos 11 anos e dos 11 aos 15 anos, respectivamente.
Cultura
A vida cultural francesa é das mais intensas e influentes do mundo. Em todas as manifestações culturais e artísticas a França prestou contribuições fundamentais.
A partir do século XI, a arquitetura francesa passou a desenvolver um estilo próprio, o românico, divulgado pelos monges da abadia de Cluny. Entre os séculos XII e XIV manifestou-se o estilo gótico, presente nas catedrais de Chartres, Reims e Notre-Dame de Paris, que alcançou a expressão máxima de seu brilho na Sainte-Chapelle de Paris. Na arte visual, destacam-se os retábulos, iluminuras e a tapeçaria.
A arquitetura do Renascimento seguiu o modelo italiano, embora com características próprias. Na pintura do período, os retratos foram à modalidade preferida.
No final do Renascimento verificou-se uma retomada das tendências vindas da Itália, que se manifestaram, no plano pictórico, na preferência por cenas mitológicas, bucólicas e de paisagens com perspectivas clássicas. Durante o reinado de Luís XIV, construíram-se muitos palácios particulares de estilo barroco e realizaram-se importantes projetos urbanísticos (um exemplo é a praça da Vitória) e de jardinagem (jardins de Versalhes e Tulherias, em Paris). Seguiu-se o estilo rococó, no qual se destacaram os pintores Antoine Watteau e François Boucher, e o escultor Jean-Baptiste Pigalle. Os móveis e a tapeçaria foram o ponto alto do estilo rococó.
Nos últimos trinta anos do século XVIII ocorreu um retorno à antiguidade com o neoclassicismo, cujo principal expoente foi Jacques-Louis David, pintor da burguesia revolucionária e, em seguida, pintor oficial de Napoleão. Na arquitetura recuperou-se a pureza e a elegância das construções romanas em obras como o Panthéon, a igreja da Madalena e o arco do Carrossel, em Paris.
Com a chegada do século XIX e o fim do antigo regime, a pintura passou a predominar entre as artes e Paris transformou-se no centro mundial da cultura. Sucederam-se as tendências artísticas: romantismo, com Eugène Delacroix; paisagismo, representado por Théodore Rousseau e Jean-Baptiste-Camille Corot; realismo, cujo expoente máximo foi Gustave Courbet; e impressionismo, com Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Claude Monet, Camille Pissarro, Alfred Sisley e outros grandes inovadores como Edgar Degas, Paul Cézanne, Paul Gauguin e Henri de Toulouse-Lautrec.
 A preocupação com a pesquisa permanente levou ao nascimento de novas tendências pictóricas: o fauvismo, com Henri Matisse e Maurice de Vlaminck, o cubismo, com Georges Braque, e o expressionismo, com Georges Rouault e Édouard Goerg. Surgiram posteriormente a pintura ingênua e o surrealismo, que levaram a pesquisa pictórica a outros caminhos. No campo da escultura destaca-se principalmente a figura de Auguste Rodin, que abandonou a tendência realista de François Rude e Jules Dalou e espiritualizou a escultura.
No século XIX a arquitetura seguiu tendências diferentes, como a clássica, a neogótica e a eclética. A utilização do ferro conduziu ao funcionalismo, que teve em Alexandre-Gustave Eiffel seu representante máximo.
No século XX a arquitetura foi influenciada pelo aparecimento de novos materiais -- concreto armado, aço, plástico -- e destacou-se o nome de Édouard Jeanneret, chamado Le Corbusier, que revolucionou a arquitetura mundial com suas idéias sobre espaço.
Na música, entre as principais contribuições francesas estão às canções de trovadores da Idade Média, as inovações na polifonia com Jean-Philippe Rameau, a música impressionista de Claude Debussy e Maurice Ravel e a música concreta do século XX.
O cinema nasceu na França, com os irmãos Louis e Auguste Lumière, inventores do cinematógrafo e os primeiros a realizar um filme. Posteriormente surgiu a figura de Georges Méliès, que foi o primeiro a compreender as possibilidades do cinema no mundo do espetáculo. Na década de 1920 surgiram dois nomes muito importantes para o cinema francês: Jean Renoir e René Clair. A partir de 1960, um grupo de diretores novos passou a exercer influência no panorama mundial, num movimento que se tornou conhecido como nouvelle vague. Entre eles assinalam-se Alain Resnais, Jean-Luc Godard e François Truffaut.

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